Por que será que gostamos de desafios que provocam calafrios? De repente, no Brasil, percebemos que as decisões políticas, em alguns setores, nos colocam sempre a beira de abismos. Pior de tudo é que a saída proposta sempre conduz ao abismo, sem planos b ou c ou outra proposta mediana qualquer.

Analisemos a pendenga em que nos envolvemos com a Cloroquina. Afinal, onde está a razão? Onde está o limite do conveniente, do sábio e do senso comum? Quem mente? Quem oferece dados verdadeiros e confiáveis? Que opção adotar como a tábua de salvação? Canais midiáticos atacam, bombardeiam, massacram com notícias que dirigem seus seguidores para cada uma das vertentes defendidas, sem um respaldo fiel e científico; somos conduzidos pela nossa crença, sem mais comprovantes confiáveis.

Outra cilada que nos é apresentada, como definitiva, foi a ultima cartada oferecida pelos senhores deputados estaduais: numa reunião online, eles decidem que o ensino fundamental e médio pode voltar a ser presencial, dependendo da posição dos responsáveis pelos alunos. Não sei se fui claro: eles, os deputados que legislam sobre nossas questões vitais, numa reunião on-line, decidem que o ensino pode voltar a ser presencial. Ou isso é uma piada, ou é uma brincadeira de péssimo gosto ou é a legitimação do caos.

Em ambas a população é jogada para todo canto, sem um rumo amparado por esclarecimentos fundamentados, sem fake news e sem piadas, avançando com segurança e esclarecimentos reais e não imediatistas. Pior é que a população nem se questiona ou nem se preocupa em analisar as propostas; acata, porque não tem mais recursos afetivos para enfrentar a pressão a que está submetida.

Claro está que muitas alternadas intervenientes permeiam estes caminhos e estas decisões, de modo a misturar num mesmo cadinho a demanda econômica e financeira familiar, as incertezas e inseguranças a que todos estamos submetidos, várias vezes ao dia, e o medo de não escolher o melhor. Afinal, em quem acreditar? Num dia os hospitais estão lotados, quase a 70% de leitos ocupados e, pela graça divina, em apenas 24 horas depois estes mesmos hospitais se encontram longe do colapso. Neste cenário exposto: o que é verdadeiro? O que é falso? Como ter certeza sobre isto ou sobre aquilo? Como enfrentar esta crise sem sofrer crises emocionais a cada período do dia?

Como fortalecer nossa integridade mental? Cidades em crise saem da faixa vermelha para laranja, ainda que os números aumentem e que os cálculos sejam muito pouco explicativos, mas são respaldados pelos comerciários e demais segmentos da sociedade civil que pede pelo movimento do dinheiro. Mesmo que custe mais vidas. Decisões apressadas que nos empurram para o abismo.

Preocupa-me, sim, ouvir que muitas aulas on-line são horríveis e que docentes passam horas despejando teorias e conversas sem retorno e sem participação do grupo; acredito que os professores nunca trabalharam tanto como nesta temporada, mas a falta de preparo e de recursos técnicos não atuam como facilitadores: complicam e dificultam o processo educacional, de modo a não garantir a interação professor-aluno. Se bem que, em alguns casos, isso seja verdade inclusive em aulas presenciais.

Aos gestores educacionais estão diante de um momento imprescindível para a mudança: é agora ou nunca. Não se trata de termos um professor bem formado, mas mau comunicador e pouco conhecedor dos recursos midiáticos. Agora, neste momento, a melhor das fórmulas agrega os três elementos acima citados e a sua empatia e carisma para garantir um fluxo de propostas, de todos os níveis possíveis, para que a relação se estabeleça de forma agradável, leve e interessante para ambas as partes.

Não é um despejar constante de conteúdos, numa lista sem fim de exercícios e páginas e páginas de atividades que indicarão um bom ensino. Hoje, mais do que nunca, o que se espera é uma saber mediado por um supervisor de ambiente que seja amigo, carismático e conhecedor da Natureza Humana e, então, o conteúdo será trabalhado com leveza e seriedade. Diferente de tudo o que tivemos até agora. A escola será outra porque seus atores já estão sendo outros, mas quando os gestores darão conta disso?

As formações precisavam já estar preparadas para algo do tipo, mas perderam o trem da história ao transformar os cursos de licenciatura em uma discussão política sem fim, com exemplos pouco adequados ao processo educacional nacional. Ainda é insistido que modelos internacionais sejam superiores, mesmo que os contextos sejam diferentes e que a população tenha outro tipo de necessidades básicas; ou somos muito parecidos com os finlandeses e noruegueses? Ou ainda aos cubanos e canadenses? Onde estão nossos gestores nacionais com ideais e ideias para nosso território?

A beira do abismo apenas se estende e amplia de modo a dificultar a profundidade dele; estamos próximo à queda livre numa situação em que apenas a Educação pode nos dar sustentação. Entretanto, tudo o que vier, daqui para a frente, só reverberará daqui 15 ou 20 anos, uma vez que o hiato vivido neste 2020 será sentido com muito rigor nós próximos cinco ou dez anos.

Porém, o futebol já voltou aos campos, aos poucos demais esportes estarão liberados, os jovens já se amontoam nas grandes avenidas e alguns bares possibilitam mesas camufladas pelas portas enganosamente cerradas. E o numero de infectados não baixa, nem as vagas nos hospitais melhoram exponencialmente. Em quem ou em que acreditar? Alguém já se perguntou sobre a realidade vivida para que os hospitais de campanha fossem montados, milhares de reais investidos e, na sequência, fossem desativados e desfeitos? Aquele dinheiro era supérfluo e desnecessário para os municípios e munícipes? Os prefeitos agiram com clareza ou com interesses nas urnas do final do ano?

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E os educadores, educaram seus alunos para entender, analisar e pontuar cada uma destas questões? Ou a escola atual e moderna só ensina os conteúdos livrescos? Aliás, os educadores estão preparados para ensaiar pensamentos e análises que ultrapassem aos livros sem os vínculos apontados para uma educação formalizada ao ponto de não enxergar o real social? Que abismo profundo é esse? E estamos em queda livre.(Foto: www.significadodossonhosonline.com)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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