Quem vive e trabalha na rua Prudente de Moraes, em Jundiaí, está vivendo a mesma situação da população do centro de Jarinu e também do bairro do Maracanã. Moradores de ruas atendidos respectivamente pelo SOS e pela Missão Belém, estão levando medo aos vizinhos e são acusados de roubos e furtos. A mobilização na rua Prudente começou antes mesmo da chegada do SOS, no meio do ano passado (entenda toda a situação clicando nos links abaixo). Em Jarinu, a Câmara Municipal visitou recentemente o albergue. Um estupro ocorreu recentemente na cidade. Além disto, a demanda nos Postos de Saúde aumentou a demanda por medicamentos. Os abrigos são necessários mas se tornaram um problema para a vizinhança.

Ontem, o SOS foi tema de mais uma reunião, desta vez envolvendo a gestora da Unidade de Assistência e Desenvolvimento Social, Nádia Tafarello; o presidente da Câmara Municipal, vereador Gustavo Martinelli e o representante da comissão de moradores e comerciantes da rua Prudente de Moraes, o ‘Reformatando o SOS’, Máximo Luiz Canale(foto abaixo). A situação hoje é a seguinte: existe na Prefeitura um requerimento da promotora Karina Bagnatori solicitando informações sobre possíveis irregularidades no imóvel e na documentação do SOS que funciona sob o viaduto Joaquim Candelário de Freitas, o viaduto da vila Rio Branco.

ABRIGOS

O prefeito Luiz Fernando Machado já disse que não concorda com o SOS neste local. O presidente da entidade César Favarin afirmou que o imóvel não atende às necessidades para receber moradores de rua. Agora, depois do encontro com Nádia e Martinelli, o grupo Reformatando o SOS espera que uma reunião com o prefeito seja marcada o mais rápido possível.

Jarinu – Na semana passada, um grupo de vereadores visitou o sítio São Miguel Arcanjo, no bairro do Maracanã, onde funciona o projeto de acolhimento Missão Belém, da igreja Católica (foto abaixo). Este abrigo é ligado ao SOS de Jundiaí que, em seu site, afirma que o sítio é uma casa de acolhida aos ‘irmãos de rua, escravos de vícios, bebidas e drogas e que procuram a restauração espiritual e social, além da reinserção na sociedade’. A Missão Belém funciona desde 2005 na cidade.

Os vereadores, segundo a assessoria da Câmara Municipal de Jarinu, conversaram com o padre Giampietro Carraro, responsável e idealizador do abrigo. Voluntários e advogados da instituição também participaram. Durante o encontro, os parlamentares disseram que moradores e comerciantes do bairro, assim como os do centro da cidade, estão com medo. Eles citaram o estupro, um roubo a ônibus e o aumento de moradores de rua, além da procura cada vez maior pelos postinhos de saúde.

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Para os vereadores, parte destes moradores de rua vem da Cracolândia, em São Paulo. Eles desistiriam do tratamento oferecido pela Missão Belém e depois passam a perambular pela cidade. O padre Giampietro explicou que a Missão Belém não é uma clínica de recuperação e sim uma casa acolhedora, por isso não pode obrigar as pessoas a ficarem em suas dependências ou receber tratamento.

O religioso explicou que moradores de rua de São Paulo são convidadas a irem para a casa de acolhimento daquela cidade e, depois de cerca de quatro dias, são encaminhadas – se assim quiserem – para um dos sítios mantidos pelo projeto.

O religioso também admitiu não ter um controle sobre a entrada e saída destas pessoas e que os que desejam ir embora, são levados até uma estação e recebem dinheiro para voltarem às suas localidades de origem, o que nem sempre acontece.

O padre falou que havia promessas de ajuda com remédios vindas do Governo do Estado, mas que não se concretizaram, assim como um projeto de instalação de um ambulatório próprio, que também acabou não acontecendo.

ABRIGOS

Os vereadores pediram aos responsáveis pela instituição que se crie mecanismos de cadastramento dos atendidos e que os mesmos sejam disponibilizados às autoridades policiais e médicas de Jarinu. Tal proposta foi aceita pelo padre que se propôs a estudar, e apresentar, algumas soluções.

Também ficou acordado que os vereadores fariam visitas periódicas às casas de acolhimento e cobrariam dos dirigentes, assim como de outras esferas e autoridades, fiscalização sobre os acolhidos que desistem de receber o tratamento.

Repercussão – Dias depois da visita, os vereadores discutiram o tema durante a sessão da Câmara. Rodrigo Batistel disse que recebeu informações de que a Missão Belém colocaria duas pessoas para circular pela cidade e interceder junto a seus acolhidos que perambularem pelas ruas e terminou contabilizando que, hoje, a instituição abriga mil pessoas, ou 4% da população jarinuense.

O vereador João Lorencini afirmou que a Missão Belém está na cidade desde 2005 e que até pouco tempo os internos não passavam de 100 ou 150 pessoas e que este número cresceu muito nos últimos anos. (foto principal: EBC)