Depois da aflição, AMENIDADES para um dia de outono

Hoje a mão estará mais suave, porque os dias já foram duros o suficiente. Vamos de amenidades, assim possibilitaremos olhares mais despretensiosos e atingiremos aos dóceis e aos complexos. Apesar de preferir os segundos. Docilidade, em períodos de luta contínua parece-me frouxidão.


Num muro, bem próximo da Estação Ferroviária de Jundiaí, próximo ao Terminal Vila Arens, existe uma pichação que causa certo temor, diante da veracidade e da opção refletida nela, em tom ameaçador ou confortante. Passei várias vezes e não me apercebi, até que, dias destes, em função do semáforo fechado, comecei a procurar detalhes e localizei o muro, pichado:

Atenção, Jesus breve votará.

Que será que isso significa? Será que Ele está insatisfeito com nossa escolha e fará sua própria escolha? Será que seu voto terá o mesmo valor que o nosso? Será que Ele atualizou seu título de eleitor e usará de suas digitais? Tudo resposta que somente Ele poderá nos oferecer. Mas, Ele breve votará.

Estou imaginando o numero de fieis que se postarão diante desta seção eleitoral apenas para conseguir uma selfie com o Filho de Deus. Acredito que haverá grande mobilização e, desde madrugada, haverá fila de desocupados e fiéis de plantão sequiosos por uma bela imagem.

Mas Ele breve votará.


E numa família presidenciável, o filho muda a senha do Twitter que utiliza junto com o pai. E continua a fazer estragos, como se detivesse poderes de governabilidade. Acredito dispensar comentários, porque é claro que isso é uma fantasia ou um delírio de um cidadão senil, que força para acreditar nesta fábula.

Sorte é que este senil sabe que tal feito jamais aconteceria no Brasil. Aqui, a Ordem e o Progresso e todos os direitos constituídos, são levados a serio e respeitados como tais. Não sei porque os jornais nos trazem estas notícias fantasiosas de países tão incultos e desacreditados. Ainda bem que moramos num território que prima pela veracidade dos fatos e pela certeza das ações, ainda mais quando se trata de seus dirigentes.

Isso jamais ocorreria em nosso país. Ainda bem.


Puxa vida, o Felipe Scolari discutiu com a torcida porque ela se voltou contra os jogadores do Palmeiras, mesmo após a vitória da equipe. Chato isso, justo o Felipão que é uma pessoa tão sensata e tão controlada, que entende das flutuações de humor e que sabe que a torcida estava sendo injusta, deveria ter tido outra atitude.

Afinal a torcida apenas alertava pelo nivelzinho de jogo que se vem apresentando e pela maneira pouco profissional que todo o campeonato tem sido encarado por aqueles que ganham fortunas. Torcedores injustos. Deixem os meninos jogarem como quiserem, quando quiserem e se quiserem. Afinal, o que vale é o show. Não entendo porque tamanha rigidez de princípios.

Em especial num país onde jogadores de futebol são mais valorizados que médicos e professores. Fiquei com dó dos jogadores e preocupado com a saúde mental do Felipão, diante do embate. Ele não merece isso. Preocupa-se tanto com todo o sucesso de todos, um verdadeiro paizão.

Vamos fazer uma corrente para pedir energias ao Felipão, para que ele não sofra com estes torcedores ingratos.Em especial porque ele é sempre tão ponderado e tão acolhedor que surpreende a atitude tomada. Sinceramente, oremos, por ele.


Agora dizem que haverá retaliações aos cursos universitários de Filosofia e Sociologia. A fala é de que os investimentos devem priorizar carreiras universitárias mais rentáveis, como as engenharias, a veterinária e outras. Não tive capacidade para entender o alcance do corte, mas suponho que os alunos de Filosofia e Sociologia passem por propostas de elaboração de problemas, compreensão do contexto e resolução de problemas e conflitos humanos e sociais.

Para que isso, não é? Ainda mais em um país sem problemas contextuais, sem dificuldades de entendimento interclasses sociais, sem segregação e sem dificuldades de relacionamentos entre diferentes. Justo agora que está tão explícito que somos todos tão iguais, que os direitos são mesmos universais e que não há necessidade de grandes elucubrações para se adivinhar o próximo e fatal lance. Vá!!!!! Para que Filosofia? Para que Sociologia? Isso é perfumaria. Se quiserem estudar e traçar carreira nestas áreas, que seja com seus próprios dinheiros…

Meu amado Deus, nunca pensei que viveria para ver isso… já não sei se estou sonhando ou delirando.

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De volta a realidade, porque de amenidades já me fartei, venho à público comentar sobre um acontecimento que parece banal, mas que faz diferença na Vida daqueles que dão valor à Vida: esta semana o professor Lucas Macedo, o Lucky, deixa de nos dar aulas de Informática e de Fotografia, para assumir um novo posto funcional em sua Vida.

Coloco-me por mim e pelos colegas e amigos mais próximos, que tiveram o imenso prazer de conhece-lo e de partilhar de seu convívio: lamentável perda. Lucky é daqueles jovens munidos de um profissionalismo e de um carisma especial; sua idade não é refletida em sua postura didática nem em sua atuação como homem, visto que, apesar de tão jovem, consegue demonstrar carinho e respeito por todos, mesmo diante de questões repetidas e pouco pertinentes.

Em dois meses de convivência, fomos brindados com sua forma dinâmica e eficaz de ensinar Informática, para veteranos que temem a proximidade de um computador. Ele nos ambientou ao inóspito ambiente da cibercultura e nos mostrou que somos capazes e que podemos avançar. E avançar muito, como já avançamos.

Acreditem, Lucky nos fez entender que podemos dedilhar nas telas e teclados de nossos iphones, tablets, notebooks e micros sem corrermos o risco de sermos abduzidos e inseridos numa comunidade alienígena. De modo suave, com erros e acertos, mas sem com um sorriso, uma brincadeira, um carinho. Com maestria, entendem?

Na Fotografia, vinha com aquela teorização sem fim, mas necessária para entendermos dos contrastes, dos planos, das incidências de luz e da necessidade de darmos uma identidade à nossa obra. Interessante, ele nos ensinou a assumirmos nossa identidade diante de uma produção artística identitária. Quanta sabedoria para um jovem professor, que nem pedagogo é, o que reforça a teoria que ensinar é para poucos.

Então Lucky, sentiremos sua falta. As quartas feiras não serão as mesmas, que fique claro, porém estamos vibrando pelo seu sucesso, pela sua evolução profissional e pela sua conquista de objetivos. Seria egoísmo de nossa parte pedir que você permanecesse conosco; entendemos sua história e queremos vê-la bem escrita, mesmo porque em algumas das páginas de Sua Vida estarão algumas fotos daqueles idosos impertinentes, atrevidos e irreverentes, que curtiam suas aulas.

Moleque, vá abraçar o sucesso. Só não se esqueça de nos contar por quais ruas você estará andando, porque mesmo que mais devagar, quereremos andar por perto de você. Eu tenho certeza que minha turma pensa assim.

E isso é um clima criado pela Nova FATI, que privilegia o homem e sua complexidade; você, Lucky, conseguiu entender o espírito da coisa. Sucessos e sinta-se abraçado por todos nós….sabe aquele negocinho meio borrado que está amassado no fundo do seu coração? É uma foto nossa, que tatuamos para que você não nos esqueça.(Foto: The Independent / Reprodução)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journalof Sport Psychology. Aluno da FATI.


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