Pode até parecer antagônico. Por mais que dinheiro nada(ou quase nada) tenha a ver com o mundo mais elevado, existem empresários que são verdadeiros anjos. São empresários que fazem parte da Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos com a missão de fomento ao investimento e apoio ao empreendedorismo de inovação brasileiro. Sobre a Anjos do Brasil, o JA conversou com a diretora executiva da entidade, Maria Rita Spina Bueno(foto ao lado): 

O que é o investimento-anjo?

É aquele feito por pessoas físicas com seu capital próprio em empresas que estão nascendo e que apresentam alto potencial de crescimento. As startups, por exemplo. As empresas tem as seguintes características:

  • O investimento é feito por profissionais (empresários, executivos e profissionais liberais) experientes, que agregam valor para o empreendedor com seus conhecimentos, experiência e rede de relacionamentos além dos recursos financeiros, por isto é conhecido como ‘smart-money’.
  • Tem normalmente uma participação minoritária no negócio.
  • Não tem posição executiva na empresa, mas apoiam o empreendedor atuando como um mentor ou conselheiro.

O investimento com recursos de terceiros é chamado de ‘gestão de recursos’. É efetivado por fundos de investimento e similares, sendo uma modalidade importante e complementar a de Investimento-Anjo, normalmente aplicado em aportes subsequentes.

Qual o perfil dos investidores anjo?

O perfil típico de um investidor anjo é de um empreendedor, executivo ou profissional liberal, que teve uma carreira bem-sucedida e que tenha disponibilidade de tempo e recursos financeiros para aplicar em novos negócios. Quase nunca se trata de grandes fortunas, mas de pessoas que desejam transferir essa experiência de vida, para evitar que o futuro empreendedor cometa erros que eles próprios cometeram no passado. É claro que o investidor-anjo também quer ganhar dinheiro, mas há uma busca pela satisfação de construir algo novo, uma vez que esses investimentos demoram para dar retorno.

Onde investem?

O investidor-anjo sempre procura a troca de participação societária, assim, ele se tornará um sócio da empresa, mas não executivo. Importante observar que, muitas vezes, são utilizados instrumentos jurídicos do tipo “mútuo/dívida/AFAC”, mas sempre conversíveis em participação societária e sem quaisquer garantias reais/aval/fiança, isto é, apenas utilizar para desburocratizar o processo de investimento, sendo que em caso de insucesso, o valor investido é simplesmente baixado.

Você poderia dar algum conselho para quem está interessado em investir em startups? Quais são as características mais importantes em um investidor-anjo?

Falando de uma maneira simples, o papel de um investidor-anjo é agregar valor à startup. Obviamente, uma maneira de fazer isso é por meio de investimento, mas o papel de um conselheiro ou mentor pode ser ainda mais importante. A combinação dos dois é chamada de “smart money” e para que investidores anjo sejam capazes de atender a essa necessidade eles devem ter uma experiência profissional relevante, conhecimento e contatos na área em que a startup opera. Uma boa combinação de habilidades também é muito importante. Eu daria ênfase em uma aproximação aberta e atitude colaborativa. Além disso, um investidor-anjo deve estar pronto para aceitar riscos e saber que são os fundadores que devem entregar resultados. Ele não pode simplesmente dizer aos fundadores o que fazer e querer controlá-los.

Em que fase os anjos esperam que as startups venham pedir investimento?

O investidor-anjo Anjo normalmente atua em startups que estejam em estágio pré-operacional, mas que tenham pelo menos um protótipo do produto/serviço que irão ofertar, ou já operacional, mas em seu inicio, pois pelo seu capital ser limitado, a startup não pode estar muito desenvolvida, já que neste caso irá precisar de quantias maiores. (Foto: startupi.com.br)