Neste dia primeiro, mamãe completa 96 anos. Bendito seja Deus! Que beleza de história a dela na simplicidade do cotidiano e no empenho em prosseguir com o que lhe faz bem ao coração.
Nascida em São Paulo, residiu em Santos e Mirassol. Um pouco depois, da Vila Belém, em que meu avô possuía um sítio, hoje Francisco Morato, veio para Jundiaí, onde morou com minha bisavó, Celicina Pereira Gandra, e minha tia e, assim pôde estudar na Escola Normal Livre de Jundiaí, na qual se formou professora em 1944.
Deu aula, em 1945, na Fazenda Ipê, em Itatiba e, há quatro anos, reencontrou dois irmãos, hoje na faixa de 80 anos, que foram seus alunos: Nicolina e Clodoaldo Nogueira. Felicidade em poder estar com eles em algumas celebrações da vida.
Em 1946, trabalhou no Dispensário de Tuberculose de Jundiaí, sob a direção do inesquecível Dr. Gilberto Pereira da Silva, visitando as famílias em que havia algum caso de tuberculose. Neste mesmo ano, reencontrou-se com meu pai e se casaram em janeiro de 1947.
Dessa união, nascemos meu irmão e eu e hoje temos mais gente muito amada: minha cunhada Regina e meus sobrinhos Felipe e Renata. A partir de 47, consagrou-se a ser boa esposa e mãe devotada. Em 1987, quando meu pai foi chamado à Eternidade – recordo-me dela cantando o Hino ao Amor que era do agrado deles: “Quando enfim a vida terminar (…) /Num milagre supremo/Deus fará no céu eu te encontrar” -, dedicou-se a repartir seus conhecimentos de artesanato.
Permanece no Jardim Novo Horizonte, na Casa da Fonte – CSJ, ensinando tapeçaria para crianças e adolescentes. Isso lhe faz um bem imenso, intensifica sua vontade de viver! Como se sente abençoado com a gente de lá. Aliás, é um povo que faz a diferença em abraços com ternura e olhos com brilho. Assim também com as integrantes da Magdala.
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Há outros lados: sua fé firme em Deus e na intercessão de Nossa Senhora; a crença na Igreja; o respeito à vida das pessoas, dos animaizinhos – destacam-se os gatos e, ainda, no momento, a aranhinha Marcela e a lagartixa Lavínia – e das plantas. Não posso deixar de registrar que, por 17 anos, vi nossa mãe cuidando, sozinha, de minha avó materna na cama.
Não é de lamentos, mas possui memórias doloridas de quem acrescentou em seus caminhos e hoje não está mais. Amor na renúncia salva, diz do Céu e gera luz e vida de verdade. É uma de suas grandes lições.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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