BBB 21 e a desconstrução: Mas, que coisa horrível é essa, Brasil???

bbb 21

Quatro de meus clientes, dois deles adolescentes, passam comigo uma vez por semana e, em suas falas, surgiu a palavra desconstrução. Os outros dois, já bem adultos, também vieram com esta palavra de significado tão ímpar na clinica psicológica. Desconstruir. Curioso, perguntei de onde veio esta expressão, onde ouviram isso, em que contexto foi aplicada e o que eles entendiam dela. E a resposta me causou um espanto: BBB 21. Que coisa horrível é essa, Brasil???

Então, movido por uma curiosidade espantoso, fui atrás de tão eficaz docente, que numa semana de aulas, já conseguirá colocar na boca de um público diferenciado, de um Brasil sem censuras, sem reservas e sem pudor, uma das palavras que remete a algo de maior importância e significado no mundo psíquico: desconstrução. Na faculdade de Psicologia, algumas escolas/teorias/ formações usam desta terminologia e fundamentam com seus conceitos, significados e modulações. Não é geral, nem cabe a todas as linhas de atuação.

Pior (ou será melhor???) que não é proposta para uma semana, nem um mês, nem um ano, talvez nem 10 anos…ou uma vida. Desconstruir-se é um ato de se desmontar, de se desfazer, por meio de um processo analítico, crítico e filosófico, possibilitando a crítica de certos conceitos estruturalistas. A autocrítica é um passo imprescindível e diante disto, demanda muita intencionalidade e não se passa numa conversa de bar. É profundo, pede uma tomada de decisão crítica e não permite dubialidade: tem direção.

Em mais ampla proposta, não é coisa que começamos a fazer depois de um bate-papo impositivo, arbitrário e ácido e, em poucas horas já estamos em desconstrução. Apesar de ser individual e pessoal, muito difícil que se tenha vivido longos vinte e poucos anos e, numa conversa infundada, passemos a estar desconstruídos. Quase improvável. E os bróders estão em plena desconstrução…isso é abusivo.

Outra coisa que se pode perceber: a comunidade afrodescendente se unindo contra a comunidade não-afrodescendente. O que configura racismo, também. No entanto ainda não vimos a grita social sobre a questão, que anestesiada aplaude os bróders que falam, gritam, pulam, numa euforia beirando a histeria e leve demência. Conversas desconexas, assuntos estéreis e propostas de ações disfuncionais; cenas ridículas e infundadas.

Talvez este grupo selecionado, nesta versão, seja o pior dos piores: as artistas de plantão têm sua segunda profissão, igualmente fantástica, em especial nesta temporada em que percebemos que a formação profissional será cada vez mais voltada ao mundo científico, pois são estes profissionais que estão garantindo nossa taxa de sobrevida. A versão BBB 21 aposta nas youtubers como futuras ajudas socioculturais e alavancas da civilização futuristas.

Que coisa é aquela, da gritaria do Lucas, com seu discurso inteligível e invasivo ao lado da agressividade acirrada e ácida da ilustre Carol Conká(foto)? Poderia haver combinação pior? E ambos são insistentes em suas atuações: em alguns momentos demonstram a fragilidade de sua encenação, em outros apenas se permitem ser, mesmo não sendo. Perderam sua essência ao assumirem a atuação como bróders. Que coisa horrível é essa, Brasil???

Num outro momento anterior, eu já havia me proposto a não assistir e não comentar o BBB 21, entretanto, desta vez ele veio à minha clínica, trazendo-me problemas para solucionar. Ainda que meus propósitos fossem outros. Ossos do ofício ou atração fatal? Talvez me detivesse buscando entender a tal Lumena, autoritária e dominadora, ou a gracinha da Viih Tube, gatinha de 20 anos que quer ser atriz (já é influencer e maltrata animais). Quanta raridade, minha pobre natureza humana!!!

Ah, sim, ainda tem os gostosões de plantão, em todos os gêneros de representatividade, afinal Narciso não deixaria de enviar seus discípulos. E eles passeiam, pululam e regurgitam frases de autoajuda e proféticas, numa sinfonia e parceria sem igual. Sim, claro: como heróis da pós-modernidade e, acima de tudo, influencers de muita importância aos jovens de hoje. Todos falam de preconceitos e de empatia, como se fossem sábios e experientes profissionais que lidam com tais complexidades. Só que não contam nem de si próprios.

Mais uma vez sou levado a dizer que todos dizem que não assistem o BBB 21 nem a emissora denominada “lixo”. Mas em todas as rodinhas só se fala nisso; tal contradição nos coloca diante de um fenômeno que merece estudo, pelos que se debruçam sobre o comportamento humano, a dissimulação e a verdadeira influência midiática, espectros que exercem um poder incomensurável na sociedade contemporânea. Mas não é do meu alcance e nem quero assumir mais um compromisso.

Enquanto isso, a vacinação avança em passos paquidérmicos. Cidades vacinando todos os profissionais ditos da Saúde, enquanto a fila de idosos caminha muito lentamente. Outras cidades vacinam seus idosos e a tal discutida linha de frente. E outras ainda vacinam diante de critérios mistos e não entendíveis, porém cada município tem autonomia para seus critérios, buscando favorecer aos seus interesses mais que subjetivos. Pena que o vírus não entenda dessas subjetividades e viajem junto com seus pacientes, de norte a sul do país, sem os devidos cuidados de biossegurança.

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Talvez seja por isso que, muitas das vezes, só nos resta rezar. É irônico e patético ter que cruzar os braços e não ter soluções para questões bizarras e de tratamento acadêmico: deixamos a Ciência de lado e abraçamos o negacionismo com total afinco e crença, que ficamos distante de uma civilização moderna e avançada. Estamos afastados do progresso em todos os setores, mas sabemos dizer que precisamos de empatia e fé. O que nos restou, ainda que sejamos destituídos dessa abençoada empatia e incrédulos dos recursos e planos divinos. Que coisa horrível é essa Brasil???(Foto: redes sociais)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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