Que cara bonito, charmoso, porém, casado. ELE NÃO!!!

– Nossa! Olha aquele cara! Que charmoso….

– Já viu o tamanho da aliança na mão esquerda?

Ou na direita…. Tanto faz. Na verdade, nem precisa ter aliança, basta estar acompanhado que o olhar feminino fica atraído em sua direção.

E se estiver acompanhado por outro homem então, os comentários são pavorosos. Elegi um como exemplo:

– Que pena…tão bonito… Até parece que o sujeito estava acompanhado do próprio Cérbero (cão de três cabeças que cuida das portas do inferno/ilustração ao lado) e não tivesse opção alguma de sair daquela situação.

E, já que comentei sobre essa frase homofóbica, devo esclarecer que o título do texto “Ele não!” proveniente do movimento anti-Bolsonaro, pavimentado durante a corrida presidencial (protagonizada por ele e Haddad) foi utilizado de forma muito inteligente no Facebook ao indicar o parceiro alheio.

Era algo assim: “Ele não! Guarde e use essa frase quando for correr atrás de homem casado”.

A pergunta que sugere dúvidas: o que tanto atrai na pessoa comprometida?

Vamos começar respondendo à questão primordial: o que atrai uma pessoa à outra? Ela ser ou não comprometida envolve outras motivações que discutiremos na sequência.

Fisiologicamente, somos atraídos um para o outro pelos nossos sentidos, basicamente a visão e o olfato.

Primeiro o que vemos tem que agradar. Há quem goste do cofrinho aparecendo (ecaaaa), ou o elástico da cueca, embora as mulheres ao escolherem um parceiro, não um ficante, escolherão aquele que tem potencial para o sucesso: que se veste e se comporta de forma socialmente aceitável e aqui, cabe dizer que, se ele estiver acompanhado, demonstrará intenções sérias, de compromisso duradouro, algo que a mulher deseja desde que se imaginava princesa da Disney.

Isso funciona ao inverso também, na contra mão das possibilidades. O homem procurará pelas mesmas qualidades na mulher, mesmo que goste de assistir a filmes picantes disponíveis na web. Na verdade, ele não quer desfilar com uma mulher vulgar, mas, com uma mulher desejável e mostrar para os outros homens que ele foi a opção escolhida.

O cheiro é muito importante também. Como tudo no nosso corpo, o cheiro é produzido por uma série de proteínas capazes de compor odores com a marca de seu DNA. Evolutivamente, isso era interessante, pois, ao marcar o odor dos animais com o código genético, era possível afastar doenças e evitar o acasalamento no seio da mesma família. Existe uma tese nessa teoria que afirma: odores semelhantes causam repulsa entre os pares, impedindo assim (ou evitando), a reprodução entre membros da mesma linhagem.

Outros parâmetros estudados no comportamento das relações amorosas humanas são:

– Senso de humor. Inúmeros estudos mostram que se você for simpático(a)/engraçado(a) tem grandes chances de se dar bem com o sexo oposto.

E se carregar um violão, as chances chegam a quase 100%. Músicos remetem a romantismo e sensibilidade, qualidades que muitas mulheres apreciam. Basta reparar na falta de beleza gritante do vocalista do Iron Smith ou Rolling Stones. Excetuando-se a sua riqueza, a música nunca os deixou na mão em questões do coração.

– Altura, ombros largos e voz grossa. Coloquei juntos, porque, evolutivamente são características de machos de boa estirpe. Mulheres preferem homens altos ou, pelo menos, maiores do que elas. Questão evolutiva também. Na natureza os machos maiores, mais coloridos, que gritam mais alto/grosso, mais fortes, com galhadas abundantes entre outras características de grandes proporções, são mais procurados pelas fêmeas.

– Barba. Veja bem, nada parecido com um Neandertal ou Papai Noel, mas, barba por fazer, uma displicência calculada, carrega um ar masculino e muito atraente.

– Inteligência. Comece a escrever errado que afugentará os pretendentes. Cruz credo se optar pelo “tatibitate”. Recentemente descobri que um site de relacionamentos dava dicas para prosperar ali, e uma delas (pasme!) era evitar erros ortográficos. Lá, informava que, em torno de 40% das mulheres respondem às mensagens, mas se tiver erros ou gírias na escrita, apenas 10% delas perdem tempo respondendo.

Agora, se o homem está com cachorro, criança, idoso ou praticando algum ato de caridade, ficará irresistível ao olhar de uma potencial candidata e se estiver acompanhado de um parceiro(a), passará a ideia de que ele é tão bom, que foi aprovado por outra pessoa.

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Toda essa análise ocorre no cérebro, mas fora da consciência. Com raras exceções, a atração não envolve um raciocínio matemático que avaliará os benefícios (materiais inclusive) da associação romântica, mas, sim, a situação emocional dos envolvidos.

Pessoas carentes estão mais susceptíveis a relações frustrantes, como o desejo de ter alguém que não a quer, ou que não pode ter, por estar em um relacionamento sério. Por outro lado, o medo de se entregar a uma paixão pode levar as pessoas a desejarem aqueles que estão fora de seu alcance.

A mente humana é tão complexa e tão fascinante que eu não poderia enumerar as variáveis envolvidas nas escolhas que fazemos, especialmente, as românticas, porém,há que se respeitar o seguinte conselho: “Ele não!” para homem (mulher) casado (a) ou comprometido (a) é uma boa diretriz a se seguir, independente de nossas tendências ou preferências. (Ilustração: desmotivaciones.es)


ELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.