Por que não comemorar o RENASCIMENTO no Natal?

O Natal tem um significado simples, mas desdobramentos complexos. Antiga festividade pagã de comemoração ao nascimento do Deus Sol, no solstício de inverno, foi incorporada ao calendário católico para atrair o povo pagão sob domínio do Império Romano, passando,desde então, a comemorar o nascimento de Jesus Cristo. A conversão de festas pagãs às festas cristãs é fato recorrente na história. De qualquer forma, comemora-se o nascimento de alguém importante e, como isso ocorre anualmente, porque não o renascimento?

A partir disso, podemos pensar também em renovação. Renovação da fé, da caridade, limpeza do espírito, pois, o Natal, para muitos povos, é um período e não apenas um dia, embora, atualmente, no lado ocidental do Atlas Geográfico tenha se convertido em um eficiente apelo mercadológico.

Um período, porque se considera desde o momento da concepção de Jesus até a sua fuga de Nazaré para o Egito, evitando assim, a crueldade do rei Herodes com as crianças da época, que mandou massacrá-las a fim de eliminar “O Rei dos Reis” e que, depois, voltaram para Nazaré, marcando o fim das festividades natalinas.

Dependendo de qual religião e país, as festividades começam a partir do dia 30 novembro, estendendo-se até o dia 6 de janeiro (no Brasil), dia de Reis, demarcando o fim da comemoração.

O fato de Jesus ter nascido numa manjedoura, ilustra a sua simplicidade, pois, mesmo o maior dos homens deve manter seu espírito livre de desejos materiais exagerados, buscando a sua grandeza dentro de si, e não na ostentação de bens. É errado ser rico? Claro que não, porém, necessário cuidar para que as facilidades da riqueza não corrompam a sua alma.

A árvore de natal simboliza a natureza (uma referência aos ramos pagãos), que temos como dever cuidar e proteger, incluindo os animais que, ao longo de séculos, trouxemos para o nosso lar, ensinamos como é a vida dos humanos e a depender de nós, exclusivamente, para se alimentar e proteger. Nada é capaz de descrever o tamanho da crueldade em deixá-los à própria sorte. “Nós estamos para os animais assim como os anjos estão para nós”, disse certa vez Chico Xavier, ilustrando que, esses seres jamais deveriam ser abandonados ou maltratados pelos humanos.

Atribui-se os enfeites da árvore de natal ao Padre protestante Matinho Lutero que, observando os pinheiros à noite de Natal, ficou fascinado com a beleza exuberante de suas folhas, que brilhavam sob a luz de um mar de estrelas no infinito. Então decidiu levar um pinheiro para seu lar e enfeitá-lo com velas e papéis coloridos, no afã de demostrar para as crianças, quão enfeitado deveria estar o céu ao nascimento de Jesus.

O presépio surgiu da vontade de Francisco de Assis em comemorar a data de uma forma mais realista. Fez tanto sucesso que, a partir deste desejo, passou-se a reproduzi-lo em toda a Itália e, depois, em vários lugares do mundo. Em todas as religiões cristãs é consenso que o presépio é o único símbolo de natal, verdadeiramente inspirado nos Evangelhos.

Vale lembrar que o Papai Noel foi incluído nas festividades em comemoração a São Nicolau, originalmente representado por um bispo, que distribuía presentes de acordo com o comportamento das crianças ao longo do ano, mostrando que, aquele que foi bom o ano todo, merecia ser reconhecido como de bom de caráter, um artigo valioso, mas raro, e pouco valorizado em qualquer época.

As canções retratam a tradição das comemorações: o nascimento de Jesus, a paz, a fraternidade, o amor e os valores cristãos. Ao contrário de outros países, no Brasil, não é costume os cantores gravarem musicas natalinas nessa época, talvez por isso, estão sendo, paulatinamente esquecidas, salvo raras exceções como “Noite Feliz”, por falta de interesse popular.

Muitas coisas estão sendo esquecidas por nós, que o Natal procura resgatar, ano a ano, mas é preciso prestar atenção, pois assim como numa sala de aula, quem não se dedica não aprende, e a reprovação é a oportunidade de fazer novamente. Refazer. Renascer.

Assim é a vida. Ciclos e períodos marcam nossa existência. É preciso um momento de reflexão para tomar o rumo certo. Mas, existe rumo certo ou rumo errado? Em minha opinião, não. Existem apenas escolhas que serão mais ou menos adequadas, de acordo com o momento que vivenciamos.

É preciso perdoar. Principalmente, a nós mesmos. Sermos mais indulgentes com os nossos erros, mas, sobretudo, refletir acerca de nossas escolhas e sermos verdadeiros em nossas conclusões. Isso é diferente de autoengano sobre nossas atitudes e comportamentos, imputando desculpas para todos os deslizes.

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Dificilmente aprendemos com os acertos. É uma dura verdade, porém na maioria das vezes, os erros nos ensinam com eficiência. Nada a se envergonhar, todos são assim e quem tenta demostrar o contrário, está apenas se iludindo. De novo.

Eu desejo a todos (incluindo a mim) que esse período de renovação possa trazer a clareza que precisamos. A luz que nos faz enxergar o caminho a seguir, sem temer a dor ou o cansaço que nos espreita, sem procrastinar o dever, sentindo a fé de que algo maior nos aguarda num mundo onde a felicidade próspera. (Foto: poembook.ru)


ELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.