E como andam nossas observações? Ando meio sem vontade, bem descrente de coisas que esbarram em minha Vida, apesar de não estar me envolvendo com ninguém e com a Vida de ninguém. Pergunto-me de onde sai tanta inquietude, mas opto por não ouvir a resposta, porque eu bem sei de onde ela sai. Sei exatamente o que dói em meu pé.

Desta vez usarei outro recurso de escrita, mas manterei os olhos naquilo que me atrai a atenção, sem perder a chance de ser eu, sobre todas as coisas. Tenho para mim que minha honestidade comigo deva ser a tônica de todas as ações que me envolvam em qualquer contexto, assim serei fiel e feliz comigo.

1. Fico indignado com tanta nota e notícias sobre o velório a que o ex-presidente Lula foi liberado. Isso é uma prova de humanidade e um artifício possível, dentro da legalidade, que o Judiciário dispõe para estes casos. Existe previsão para isso. Não é preciso mi-mi-mi; apenas é preciso que este dispositivo seja concedido a todos os demais brasileiros que estejam numa situação como esta, caso contrário seria injustiça. E chega de papo. Respeite a privacidade. Que os companheiros e companheiras não façam deste velório um ato político.

2. Ouvi a respeito do nosso Carnaval, e ouvi a respeito das providências na Cidade Administrativa. Nem sabia que Jundiaí tinha a tal cidade administrativa e não vou comentar sobre isto. Apenas levantei o traço de modernidade perdido em tamanho ranço e conservadorismo que se espalha em nossa cidadezinha. Mas, sobre o Carnaval, não entendi. Com tantos problemas insolúveis, optar por gastos com o Carnaval me parece pouco adequado. Ruas com buracos, jardins e praças com matos altos, energia elétrica e iluminação de ruas com falhas serias (em especial esta semana) e o Carnaval é mais importante? Que triste; vale aquela máxima: enquanto você grita goooooool, eles roubam sua Vida. Talvez os puristas me digam que esses problemas sejam por causa das chuvas. Não, não são não; eles são presentes no cotidiano da população desta cidade.

3. Difícil defender algo sem consistência. Esta Reforma da Previdência está envolta em passagens dignas de uma tragicomédia. E sobe a idade e desce a idade; e atingi militares e não atingi militares; e aumenta tempo de serviço e deixa o tempo como estava; não se fala em como será a lógica do reajuste, não se fala em legislativo e judiciário. Portanto não é uma reforma previdenciária para o país, nem para todos. Mas o que mais incomoda é que cada alteração vem recheada por surpresas: nem os próximos mais próximos de quem traz a alteração sabia dela. Como se aquela proposta tivesse brotado no trajeto entre um lugar e outro, sem a devida análise e amadurecimento, nem a discussão com os pares. Então fica difícil, não é? Chega de brincar.

4. Tenho lido muita crítica sobre os professores formados na era PT. O problema é mais profundo e mais duro. O problema não é ser formado nesta ou naquela era. O problema é o tipo de formação. Com 38 anos de experiência no magistério público e privado já tive oportunidade ver tudo: docentes muito bem formados que atuavam com adequação, docentes muito bem formados que não atuavam com adequação, docentes mal formados que se esforçavam e atuavam com adequação e docentes mal formados que não se esforçavam e não atuavam com adequação. Desta feita, onde reside o problema? Na formação ou na atuação? Entre um e outro existe uma coisinha chamada caráter. E caráter independe de era. É preciso desenhar?

5. Num bom supermercado da “metrópole” comprei um produto com um adesivo, em vermelho, escrito ‘oferta’. Ao chegar em casa, durante o almoço, peguei o artigo, desembalei e, ao por a colher para pegá-lo, fiquei surpreso com o cheiro forte e com a consistência. Parei o almoço, e voltei ao supermercado; procurei o SAC e calmamente expus o caso. Mostrei o produto. A atendente, com muita cordialidade e atenção fez a pergunta crucial: o senhor trouxe a nota fiscal? Sem ela não podemos fazer nada. Eu, com a mesma cordialidade e atenção respondi: Minha filha, não se preocupe. Vou procurar a Vigilância Sanitária com este produto nesta embalagem e eles resolverão se procede ou não. Levantei-me e saí. Antes de entrar em meu carro já estava cercado por dois seguranças que pediam, com muita cordialidade e atenção, que eu voltasse para resolver a questão. Uma pergunta: só eu comprei essa merda? Havia umas 20 peças em exposição; os demais 19 reclamaram? Alguém tentou mostrar o erro ao supermercado, com muita cordialidade e atenção?

6. Existe um espaço que merece atenção e aplausos: Poupatempo. Impecável, seguro, rápido, eficiente, atendentes que resolvem, pessoal habilitado, expertise na proposta de atendimento e de informação. Parabéns, esse local me faz sentir que alguma coisa mudou e que as demais poderiam seguir o exemplo. Diferente das outras instituições públicas em que, antes do bom dia, você ouve um sonoro: que éééé? Aqui também cabe um elogio ou agradecimento. Mesmo treinados e mesmo funcionários merecem ser elogiados ao vivo e a cores. E eu elogio mesmo.

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7. Seria legal que se fizessem um levantamento sobre as árvores que caíram e destruíram casas, carros, fiação elétrica durante estas fortes chuvas. Seria capaz de apostar que 80% delas foram motivo de pedidos de poda ou corte, nos canais responsáveis, e que os especialistas informaram que não podiam nem cortar nem podar a espécie, por uma ou outra lei ou decreto. Estranho é ver que diante dos estragos não aparecem os culpados.

8. E o comentarista de carnaval de determinada rede de televisão, falando sobre o samba-enredo e comissão de frente de uma escola de São Paulo, da Alegria da Zona Sul. De repente a pérola: Iemanjá e os caboclos de uma sessão de Umbanda são os consulentes. Das duas uma: ou ele não sabe o que significa consulente ou ele foi plantado ali, sem ser anunciado com tempo para se preparar. Que tristeza essa desinformação que é jogada na tela de nossa TV. Será que é por que esse comentarista foi formado na Era do PT? Ou ele é ignorante mesmo?(Foto medium.com)


AFONSO ANTÔNIO MACHADO

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduando em Psicologia, editor-chefe do Brazilian Journal of Sport

 


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