O consumo consciente, inclusive dos PLÁSTICOS, bate à nossa porta

Há uma premissa geral na atividade parlamentar de que nós, vereadores, devemos nos ater aos projetos apenas legais ou à fiscalização da manutenção da cidade. Claro que essas são funções naturais ao cargo público e, de fato, previstas nas atribuições do Legislativo. Mas tenho insistido, há algum tempo, que podemos ir além, ao propormos debates que tenham relação com as novas demandas da sociedade. Temos sim que fiscalizar, legislar dentro do que nos permite eficiência, mas também pensar ‘fora da caixa’ ao tentar compreender o que buscam os eleitores de hoje, como pessoas plurais que são e com ‘novos problemas’ que surgem a cada dia. Neste sentido, defendo que o consumo consciente, também dos plásticos, bate à nossa porta.

No Rio de Janeiro, recentemente, o prefeito Marcelo Crivella sancionou lei, do vereador Dr. Jairinho, que obriga comerciantes da cidade a usar e fornecer aos consumidores apenas canudos feitos com material ecologicamente correto. Certamente que por modificar um hábito, a lei gerou polêmica e contrapontos, no entanto, é interessante pensar em seu efeito prático. Segundo justificativa do vereador, se um canudo for utilizado por dia durante 10 anos, 3.650 canudos plásticos acabam em aterros e, como outros materiais de origem plástica, eles não serão absorvidos pela natureza.

É preciso ponderar que junto a tal regulação sobre o uso do canudo ou qualquer material plástico, devemos pensar em políticas públicas que valorizem a reciclagem e seus processos. No entanto, também já é notório que apenas a reutilização não dá conta de reduzir os impactos ambientais diante de um consumo irresponsável que só cresce. A equação não fecha.

Segundo dados do ‘Manual de Educação – Consumo Sustentável’, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), no Brasil, hoje, aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens. São 25 mil toneladas de embalagens que vão parar, todos os dias, nos depósitos de lixo. Esse volume, segundo o manual, encheria mais de dois mil caminhões de lixo, que, colocados um atrás do outro, ocupariam quase 20 quilômetros de estrada. As consequências deste uso em exagero são muitas, desde o esgotamento dos aterros à morte de animais. Há ainda um efeito cíclico, já que o consumo de mais plásticos exige maior produção desses materiais e, portanto, mais recursos naturais, o que gera ainda mais resíduos.

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Assim, acredito que associado ao descarte regular, aos meios de reciclagem, a revisão do nosso consumo deve ser feita. Jundiaí já foi pioneira quando deixou de usar sacolas plásticas nos mercados. Sabemos que há o peso das indústrias, as dificuldades dos comerciantes, a praticidade dos plásticos no mundo moderno. Mas justamente por esse contexto, é possível nos adaptarmos ao melhor para todos. O consumo de plásticos não deve parar, mas ser consciente. Que nós também possamos reutilizar, comprar o necessário e contribuir para separação do lixo. Que possamos pensar juntos não somente na serventia imediata do que consumimos, mas no futuro de nossas cidades, bairros e todo País. (foto: Hermes Vieira)


FAOUAZ TAHAÉ vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas últimas eleições municipais de 2016. Tem 29 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes