Alguns dos contos mais populares de todos os tempos ganham terceira dimensão em Jundiaí. Em “Quatro Vezes Grimm: Histórias Animadas”, os antigos sucessos entre gerações recebem um universo de interpretação que inclui teatro de bonecos, atores e cantadores, trazendo essas histórias disseminadas desde o século 18 para as crianças brasileiras do século 21. A montagem é uma das atrações do Dia das Crianças com sessões às 12h30 e às 16 horas desta sexta-feira(12), em palco da área central do Parque da Cidade em Jundiaí (SP), com o grupo Performático Éos. A atração é gratuita.

Por trás de tudo está a cenógrafa paulistana Daisy Nery, diretora e artista plástica também conhecida como “a maga do teatro de bonecos”. A técnica usada é de fantoches, mas junto com outras técnicas de interpretação teatral, de música autoral e de contação de histórias.

O mais importante de tudo é que isso permite aos atores-manipuladores-cantores interagirem com o público de uma maneira em que mal se nota a mudança de uma cena para outra. São quatro artistas em cena – a também coreógrafa Juliana Fernandes, o também circense Ulisses Vertuan, o também músico Michel Danon e o também diretor Carlos Pasqualin.

Com a brasilidade do uso de ritmos como baião, xote e até rap, passam pelo palco os clássicos personagens da Rapunzel, do Príncipe e o Sapo, da Chapeuzinho Vermelho e da Linda Rosa Juvenil. O público-alvo pode até estar nas crianças, mas nenhum adulto vai ficar chateado.

Tudo – roteiro, figurinos, músicas, bonecos construídos artesanalmente – foi criado por Daisy Nery. Ela é um dos mais respeitados nomes do seu ramo no Brasil. E o material havia encerrado temporadas com seu grupo quando foi oferecido ao grupo jundiaiense. “Estava em um espaço bem cuidado, precioso, e ela, como ex-professora, me sugeriu uma remontagem. Aprovou e ficou emocionada com o resultado”, lembra Pasqualin.

A técnica escolhida se diferencia de efeitos cênicos como do mineiro.

Giramundo, por exemplo, para buscar efeitos na proximidade direta com o público. As crianças veem o boneco, mas também veem a mão que o manipula, veem a expressão no rosto do ator – enfim, veem o todo.

Não é a primeira vez que o grupo Performático Éos, uma instituição cultural da cidade em mais de vinte anos de atuação, adentra nesse universo. Há cerca de seis anos, em evento relativo ao Dia do Folclore, promoveu um desfile dos chamados “Bonecões da Serra do Japi” em pleno calçadão central. O material em torno do lobisomem, resgatado por pesquisas, foi guardado pelos moradores do bairro ambiental da Santa Clara.

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Os contos dos Irmãos Grimm, recolhidos de relatos orais e populares na Alemanha e ainda mais antigos que o século 18, são ricos em detalhes, mas geralmente conhecidos apenas por seus “memes”, como poderia ser dito em tempo digitais. Assim, Rapunzel é lembrada pela frase “joga as tranças”; o Príncipe e o Sapo pela imagem da transformação; Chapeuzinho Vermelho também por frases como “para que servem esses olhos tão grandes”; e a Bela Rosa Juvenil pelo despertar do sono provocado pela bruxa má.

Mas nada promete ser a mesma coisa depois da intensidade de carinho e arte colocada pelo Performático Éos em “Quatro Vezes Grimm: Histórias Animadas”. (Texto: José Arnaldo de Oliveira)