Eleições 2018: para EDNEY ser novo é parar de falar e dar o exemplo

O advogado Edney Benedito Sampaio Duarte Júnior tem apenas 42 anos. Ele nasceu e mora em Jundiaí e quer ser deputado federal pelo Partido Novo, que tem o ex-técnico da seleção brasileira de vôlei masculino, Bernardinho, o seu filiado mais conhecido.  Edney até utiliza o nome da legenda para reforçar o discurso. Segundo ele, “ser novo é parar de falar e dar o exemplo”. A entrevista com Edney:

O que o Partido Novo tem de novo?

 A sigla foi criada com propostas realmente diferentes e com nível avançado de transparência e controle. Faço partido do único partido que não usa fundo partidário ou eleitoral. Todos filiados devem ter a ficha limpa. No Novo, eleitos ou candidatos não podem fazer parte da direção do partido. Para entrar na legenda é preciso passar por um processo seletivo. Os candidatos a fazerem parte da legenda devem assinar um termo no qual abrem mão de privilégios. Os eleitos devem votar sempre contra impostos e defender um Estado menor.

Por que o senhor optou por se filiar a ele?

Filiei-me ao Partido Novo porque acredito nas suas ideias e valores e vi ao longo de quase três anos de existência que tudo isso já é aplicado pelos quatro vereadores eleitos. Cada um deles (um simples vereador) já economizou mais de R$ 1 milhão cada, em um ano de mandato só com corte de privilégios. Todos os políticos defendem suas ideias, mas nenhum dá o exemplo. Se é contra privilégios, devolva o carro oficial, vá de metro, ônibus, táxi ou dirigindo. Dê o exemplo. É isso que falamos e fazemos. Dê o exemplo. Pare de falar e dê o exemplo. Isso é ser novo.

O partido tem uma forma curiosa de escolher seus candidatos. A legenda se inspirou na seleção de ‘trainees’ de grandes empresas para definir que irá concorrer. É isto mesmo? O senhor passou por este processo? Como é na prática?

Passei sim. O objetivo é buscar pessoas preparadas, alinhadas e com conhecimento para aplicar o que o partido defende. Aqui o pai não indica o filho. Renan Calheiros, Sarney, Collor, Cunha Lima, todos partidos tradicionais fazem isso. No Partido Novo não é assim. Participei de um processo seletivo com mais de 300 candidatos de todo o Brasil. Foram aprovados por mais de 100. Há pessoas muito preparadas, com excelente currículo e que querem realmente fazer a diferença. Estávamos indignados. Queremos transformar a indignação em ação. No processo seletivo, há provas, treinamento, dinâmicas, entrevistas… São quatro fases ao longo de alguns meses para escolher apenas os melhores, sem padrinho político, sem indicação, sem proteção.

Desde quando está na legenda?

Meu processo seletivo encerrou há um mês. Ao todo durou pouco mais de quatro meses.

Já foi filiado a outros partidos? Já foi candidato?

Não. Nunca.

Por que decidiu se candidatar a deputado federal?

Acredito que as mudanças que o país precisa devem ser feitas no Congresso Nacional. Precisamos mudar nossas leis. Previdência, Segurança, impostos, privilégios. Tudo passa pelo Congresso…

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Por que os eleitores devem votar no senhor? O que o senhor tem de novo, além de pertencer a um partido que tem este nome?

Tenho conhecimento técnico de como implementar mudanças, uma vez que sou advogado há 20 anos formado pela USP. Conheço o processo legislativo. Defendo bandeiras necessárias para o país, como uma Previdência Social única para todos, reforma de nossa lei penal. O nosso código é da década de 1940! Também defendo a reforma da nossa lei tributária já que este sistema que aí está é insano. Jundiaí precisa de um representante no Congresso Nacional que implemente estas mudanças, que fiscalize o executivo, que é outro papel do deputado federal, e que traga melhorias para cá. Eu pergunto: como a Petrobrás foi saqueada e ninguém percebeu? Nenhum de nossos deputados viu isso? Como deixaram acontecer? Este papel do deputado federal é muito importante. E quem o exerce? Ninguém.

Tem ideia de quantos votos precisará fazer para se eleger?

 Tomando como base as últimas eleições, em torno de 100 mil votos.

Sua campanha irá inovar? Como será?

As campanhas dos candidatos do Partido Novo trabalham focados em mídias sociais e mobilização. Contamos com as pessoas para divulgar nossos nomes, ideias e valores. Não usamos recursos públicos nem somos ricos para fazer campanhas como os políticos fazem por aí. Assim, a mobilização de todos é imprescindível.

O Novo está mais à direita no espectro da política. Acredita que este ano as legendas de esquerda sofrerão uma grande derrota nas urnas?

A sociedade está exausta de privilégios imorais, corrupção e um Estado que não atende ao básico que deveria atender. Educação, Saúde e Segurança. Falo de privilégios imorais, pois temos vários privilégios que são previstos em lei, mas são realmente imorais, em um país em que o salário mínimo não chega a R$ 1 mil.

Ampliando um pouco mais: PSDB, PMDB e outros partidos velhos conhecidos dos eleitores, deverão ter o mesmo destino que o PT?

Penso que essa geração de políticos está totalmente desacreditada. Já tiveram todas as chances de mudar. Estão aí há 20 ou 30 anos e nada fizeram. Agora você acredita que farão diferente? A população deve sim renovar tudo. Buscar pessoas de fora da política. Como dizia Albert Einstein “insanidade é buscar resultados diferentes fazendo a mesma coisa”.

Está preocupado com o grande número de votos nulos e brancos?

Votos nulos, brancos e falta nas eleições é simplesmente o resultado de um povo exausto, e sem esperança na classe política. O pedido recorrente de intervenção militar é o mesmo. Não há solução fora da democracia, não há outro modo de mudar senão pelas eleições. Devemos mobilizar as pessoas, participar da mudança. A mudança começa em nós. Falar de política na roda de amigos, família… trazer as pessoas para essa discussão.  Esse é nosso trabalho no Partido Novo. Mostrar às pessoas que não existe salvador da pátria. Existe trabalho, mobilização e renovação.

Pela linha que tem, a sigla do senhor pode vir a apoiar Bolsonaro num segundo turno?

Bolsonaro prega um Estado ainda maior. Defende uma intervenção direta do Estado na economia, muito embora ultimamente tem se cercado de assessores liberais. Não há até o momento qualquer decisão a respeito de apoios em segundo turno, mesmo porque acreditamos que nosso pré-candidato João Amoedo é o mais preparado e tem todas as condições de chegar ao segundo turno. Essa eleição está totalmente indefinida, assim como a de 1989 em que Fernando Collor, um então desconhecido ganhou as eleições.

Amoedo já esteve em Jundiaí. Voltará mais vezes?

 Acredito que virá sim.

Bernardinho não seria um nome mais conhecido para disputar a eleição presidencial?

Seria, porém ele não quer participar como candidato em nenhum cargo eletivo.