O seu ESPAÇO. O meu espaço. O nosso espaço

ESPAÇO

Acredito que estejamos vivendo turbulências ímpares em todos os cantos e lugares, espalhado pelo Mundo, então, não me surpreende o Brasil estar como está. Aqui, a peculiaridade é que estamos olhando do fundo do poço e a borda se estreitou devido aos maus comandos anteriores e, infelizmente, ainda não estamos sentindo grandes mudanças, mesmo porque um grupo de insanos e desavisados insiste em não entender o que significa democracia, maioria de votos e o espaço de cada um.

Enquanto isso, vamos vivendo bailando aqui e ali, mesmo que estejamos dançando samba enquanto o som é de valsa ou dançando bolero enquanto ouvimos uma banda marcial. Acredito que um dia estaremos no ritmo adequado; percebam que não disse no ritmo certo, porque milagre anda escasso, mas adequado.

Gostaria de conversar em tópicos, demarcados e apontados por numeração, para que garanta minha fluidez e permita que meu cérebro se movimente em ondulações e misturas próprias de uma mente em conflito, mas consciente de seu papel. Preciso reconhecer que esta consciência de que falei é algo que me atormenta e me cobra evolução pessoal e preocupação com o coletivo.

Primeiro tópico: pela primeira vez pedi ao Facebook que me tirasse do ar. Por três dias. Nunca pensei que seria tão pronta e maravilhosamente atendido, recebendo toda orientação e direcionamento solicitado, inclusive com auxílio legal e sugestões que reforçaram meu pedido. Tudo por responder a uma pergunta de uma aluna-orientanda que faz um estágio em Portugal.

Ela me pergunta se poderia ajudá-la a categorizar umas frases, que ela não encontrava enquadramento, pela “análise de discurso de Bardin”. Aceitei a solicitação e ela me envia oito frases, ao que me pus a verificar o enquadre nas categorias que ela listava. Ao terminar minha análise, acrescentei que ela deveria ter cuidado em sua discussão sobre o tema, porque dependeria muito dos olhares do seu leitor.

Completei que se o leitor fosse culto e experiente neste tipo de assunto, não haveria viés pejorativo; porém se ele fosse inculto na análise realizada, poderia ter ideias radicais e que, no Brasil de hoje, ou se é radical de direita ou se é radial de esquerda, o que vulnerabiliza algumas propostas acadêmicas e generaliza o mimimi sem senso crítico. Escrito isso, mandei esta avaliação em diante.

Logo em seguida começaram a aparecer mensagens abaixo destas minhas considerações. Eram professores de um estado do sul do país, dos 18 manifestos, 13 eram professoras militantes feministas negras. A palavra mais educada com que se referiam a mim era reconhecendo minha mãe como prostituta ativa. Daí seguiam: seu ignorante, velho branco capitalista, ignorante, pervertido, faziam menção a minha genitália que nem eu havia imaginado.

Diziam que eu era um velho branco ridículo que me usava de minhas alunas mulatas e negras para satisfazer meus desejos e taras sexuais. Que na posição de branco dominador não poderia falar dos coitados dos negros que tinham dívidas a cobrar do Brasil capitalista. E, no meio, um jovem, igualmente negro, amigo das ativistas, me pergunta: Afonso, você tem formação em História? Se não tiver, apaga sua resposta à fulana e cala sua boca.

Bem, os ataques foram seguindo e eu apenas lendo, sem entender de onde surgiu aquele tsunami de absurdos, quando o assunto era meramente acadêmico e tratava-se de uma análise de conteúdo a luz da teoria de Lawrence Bardin. Mas fui me amedrontando porque os comentários eram bélicos. Tive que ler: vamos falar com a turma de São Paulo e vamos pegar esse velho branco safado na universidade dele.

Diante de tamanha ameaça, denunciei no Facebook, que se certificou do que eu apontava, congelou as mensagens, entrou em contato com os agressores, suspendeu três deles e me deu suporte jurídico, tirando minha página do ar por três dias, conforme meu pedido. Daí eu me pergunto: respeito é algo ainda em voga? Liberdade de expressão ainda existe neste país? Que Diabos acontecera?

Para ajudar a compreender o fato (que nem eu entendi direito, porque ainda estou chocado e temeroso) minha aluna é docente numa faculdade do estado dos envolvidos, tem uma das moças ativistas como amiga no Facebook, que excitou seu grupo para a conversa que eu e minha aluna estávamos tendo. Era uma conversa acadêmica, em que discutíamos um enquadre de conteúdos, sem fins políticos nem nada. Era uma conversa acadêmica e ponto.

Bom, onde fui parar? A intolerância cega as pessoas. Apenas isso pode justificar o ato do bando de xiitas, que não se atentaram para o teor do assunto, entraram para o ataque, sem medir insultos e baixarias e sem pensar no direito a liberdade do outro. Sem dizer que insistiam, no meio dos ataques, a um determinado partido político que não me reportarei aqui para não estragar meu texto.

Em que Mundo estamos vivendo? Senti-me no Iraque de Saddan ou na Alemanha de Hitler, em situações que não me caberiam defesas, mesmo estando coberto de verdades e certezas. Decepção por certos grupos de ativistas, por certos grupos de feministas que destroem todo o entorno para apontar suas discordâncias, sem dar chances do oponente se manifestar, visto que suas verdades são absolutas. O que leva uma pessoa ou uma turba a perder o controle da sua consciência e atacar por atacar?

Segundo tópico: a educação já anda cega, surda, muda e capenga. Agora resolveram que alunos do ensino médio terão direito a três dependências, no decorrer de seu ano letivo. Acredito que não se esteja medindo avanços e retenção de conteúdos, mas estratégias que possibilitem dizer que nosso estado tem maior índice de aprovação no país. Deve ser um concurso entre governadores e não contaram para seus eleitores. Não há outra possibilidade ou interpretação.

Enquanto no mundo civilizado o ensino prima por dificultar falcatruas, aqui prima-se por ser permissivo e facilitar regras que buscam seriedade. Fica muito difícil perceber isso e não ver um movimento por parte da classe de educadores (ou será de instrutores?) para pedir mais seriedade no comando da classe e em nome da verdadeira Educação. Possivelmente porque os docentes em atividade sejam, já, fruto de uma grade curricular descompromissada com a cultura e com o saber, mas recheada de politicagem e palavras de ordens.

É estranho como se pode defender uma causa sem conhecimento. Fala-se em socialismo sem nunca ter lido um clássico socialista nem nunca ter tido uma prática nessa direção. Como se disseminou a ideia da vida no estilo “Robin Wood”, como padrão de socialismo? Que absurdo aconteceu na Educação paulista que faz com que se valorize as palavras desconexas e ações desencontradas em nome de um saber mais consistente e mais profundo?

Óbvio que não usarei o recurso de “no meu tempo” porque meu tempo é o hoje. O que sou hoje é fruto da minha própria caminhada, das minhas escolhas, das minhas lutas e do meu protagonismo. Desde os meus 17 anos estou à frente de uma sala de aula, sem nunca ter que pedir ajuda à direção, coordenação, pais Sempre enfrentei minhas classes com respeito, conhecimento e conteúdo a ensinar. Talvez isso me desse o retorno que tenho de meus alunos: respeito.

Claro fica que atribuir promoção com três dependências é facilitar ainda mais o já falido sistema educacional que não se submete a nenhum tipo de avaliação séria. E, também, é claro que ajuda a lançar mais uma pá de cal sobre esta velha, cansada e moribunda Educação, que sobrevive à custa de alguns poucos profissionais que se esmeram por instruir e educar, apesar do salário infame que recebem a cada 30 dias. Isso me entristece demais.

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Terceiro tópico: apenas arranharei a ideia iniciada semana passada, que muitos comentários e questionamentos me fizeram. Leitores sensibilizados me questionaram sobre saídas e cuidados diante do silêncio, aos quais respondi que a procura de um profissional da Saúde Mental seria a melhor opção. Mas diante do quadro da semana, fico levado a dizer que às vezes silenciar é gritar.

Nada é mais doído que o silêncio que lateja no cérebro, com força e vida próprias, como se tentasse dizer algo, visto que significa muito. Estes silêncios necessitam de ouvidos acolhedores e treinados, pois podem se tornar uma cilada e um último pedido de cuidado ou atenção ou escuta. Não existem silêncios maiores ou silêncios menores; existem silêncios e todos devem ser ouvidos. Bem ouvidos. Falaremos mais sobre isso, ainda, mas dê vazão ao seu silêncio pois disse depende sua razão de existir.

Quarto tópico: desculpa, mas antes de fechar o texto, alguém sentiu falta do Neymar na Seleção, no jogo contra a Argentina? Pobre menino mimado. Quanto bem a tal Najila fez a esta nação.(Foto: jessicahoracio.blogspot.com)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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