O sistema reprodutor masculino e feminino costumava ser abordado bem no final do programa de Fisiologia Humana, pelo simples fato de já ter passado por vários sistemas, inclusive o nervoso, que ajuda a entender o processo todo. Poderia afirmar que era bem polêmico, em vista da confusão entre esse assunto e sexualidade. Nada impede que se discuta ambos aqui, assim como fazia nas aulas, certo? Neste Especial Homens vamos falar sobre a complexidade dos corpos deles.
Quem, dos leitores, conversava abertamente sobre sexo com seus pais? A maioria esmagadora dos meus amigos teve suas dúvidas tiradas por amigos que sabiam menos que eles e assim, despreparados, foram lançados ao jogo do relacionamento plus sexo. Eu não! Graças a Deus minha mãe não se furtava a responder qualquer pergunta que eu fizesse, mas mesmo assim, fiz consultorias com algumas amigas ditas mais experientes.
Antigamente os meninos seguiam tios, primos e às vezes até os pais, a prostíbulos para aprender sobre sexo. Enorme erro! As meninas com os quais pretendiam se relacionar muitas vezes eram virgens, criadas de forma rígida, cheias de preconceitos com relação às intimidades trocadas entre os enamorados, portanto esta experiência era totalmente inútil para o estabelecimento de um relacionamento.
Essa cultura permaneceu por muito tempo até que mudou para o bem de todos! Atualmente, meninos e meninas aprendem juntos, o que não dispensa a orientação adequada dos pais e da escola.
O desenvolvimento sexual dos meninos inicia pela ação do sexo cromossômico, neste caso o XY, na 7ª semana de gestação. A partir daí, pela ação da testosterona produzida pelo testículo, vários comandos são dados: descida do próprio testículo para a bolsa escrotal até o primeiro ano de vida, o comportamento mais aventureiro, mais agitado e agressivo em relação às meninas.
O “pacote” meninos vem com: testículos, bolsa escrotal, pênis, um sistema de ductos ou canais e glândulas anexas. Os testículos são as gônadas masculinas e se localizam no interior da bolsa escrotal. Sua função é produzir testosterona e espermatozoides, sendo estes últimos armazenados até serem ejaculados.
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Quando o homem é estimulado sexualmente, os espermatozoides são encaminhados até as glândulas seminais, e, em seguida, para a próstata. Tanto as glândulas seminais quanto a próstata são glândulas anexas que produzem substâncias que nutrem os espermatozoides. Depois de passar por essas glândulas anexas, o esperma ou sêmen é encaminhado à uretra, de onde será expulso.
Pode ocorrer a liberação de um líquido que lubrifica a extremidade do pênis e limpa a uretra durante a estimulação sexual. Esse líquido é produzido pelas glândulas bulbouretrais, que se localizam abaixo da próstata.
Apesar das diferenças óbvias, em alguns casos é difícil diferenciar um menino de uma menina antes da puberdade, fase vivida pelo ser humano entre a infância e a fase adulta, ou seja, a adolescência.
Trata-se de um momento de transformações físicas e biológicas e de oscilações emocionais ocasionadas pelas alterações hormonais que o corpo sofre. O corpo está voltado nessa fase para a produção dos hormônios sexuais e se adaptando a isso, o que pode ser bem agitado para as famílias que tem adolescentes em casa.
Durante a infância, a glândula pineal inibe o hipotálamo a produzir FSH e LH (estimulam a produção de hormônios pelas glândulas sexuais), impedindo a ocorrência precoce da puberdade, que, fisiologicamente inicia, quando a pineal deixa de manifestar esse controle.
Essa fase é marcada por crescimento acelerado, os órgãos sexuais ganham definição e a fertilidade se inicia. É um processo difícil tanto para o adolescente, que vai viver essas transformações, como para os que o rodeiam que terão de se adaptar às alterações de humor e às crises existenciais vividas por ele. Apesar de tudo isso essas transformações são necessárias para a manutenção da espécie humana, pois todo esse alvoroço tem como objetivo dotar o homem de capacidade e condições para o processo de reprodução.
Não existe idade certa para o início da puberdade, mas em média ela ocorre entre os 10 e 14 anos para os meninos, que passam a apresentar os sinais clássicos de mudança em suas vidas, como: engrossamento do timbre da voz; nascimento de pelos no corpo (peito, pernas, axilas, genitália); surgimento da barba; desenvolvimento muscular; aparecimento de acne; desenvolvimento da genitália; e primeira ejaculação, que poderá ocorrer enquanto o garoto dorme ou ainda durante uma masturbação.
É preciso não causar alvoroço quando ocorrer a ejaculação, pois é normal e vai ocorrer com mais frequência à medida que a puberdade avançar. Outra manifestação que pode ocorrer e deveria causar menos alvoroço ainda é a ginecomastia (desenvolvimento das mamas). Ela tende a desaparecer com o passar do tempo, caso não ocorra, consulte um pediatra/hebiatra que ele saberá a conduta certa.
Sabemos, há muito tempo, que os estímulos sexuais entre homens e mulheres são diferentes, portanto é preciso entender que a fisiologia nos arrasta para essas diferenças. Não é culpa deles, olhar para uma mulher seminua e ter uma poderosa ereção. Também não é nossa culpa querer furar os olhos deles, certo?
O homem, ao deparar-se com estímulos visuais, olfativos, táteis, auditivos e imaginativos provenientes de uma “figura” feminina ou masculina sexualmente significativa para ele, desenvolve reações fisiológicas que podem alterar seu comportamento sexual, caso as circunstâncias o permitam.
Para compreender as reações fisiológicas que ocorrem no homem, devemos conhecer, então, o chamado “ciclo sexual masculino”, composto de várias fases: Fase flácida, fase de enchimento e de tumescência, fase de plena ereção, fase de ereção rígida e fase de detumescência.
A fase flácida é a fase de normalidade para quase a totalidade dos homens. O tônus do sistema nervoso simpático é predominante. O fluxo sanguíneo é baixo e os músculos lisos das trabéculas estão contraídos. Assim sendo, os espaços lacunares contém somente uma pequena quantidade de sangue.
A fase de enchimento e de tumescência é a resposta fisiológica à excitação. Respondendo à estimulação parassimpática, há um incremento do afluxo arterial devido à dilatação das artérias nos corpos cavernosos e uma redução da resistência dos espaços lacunares devido ao relaxamento de suas fibras musculares lisas. Assim, o sangue dentro dos corpos cavernosos permite que o pênis se expanda até atingir a plena ereção.
Na fase da plena ereção a pressão dentro dos corpos cavernosos está um pouco abaixo da pressão sanguínea sistólica e o pênis está totalmente expandido. O fluxo sanguíneo para dentro e para fora dos corpos cavernosos é mínimo (cerca de 3-5 ml/min).
Durante a fase de ereção rígida a pressão intracavernosa pode ultrapassar muitas vezes a pressão sistólica devido a compressão do músculo isquiocavernoso na base do pênis e a completa queda de ambos os fluxos, arterial e venoso. Ocorre durante a masturbação ou no coito quando a estimulação peniana direta dispara o reflexo bulbocavernoso. Se a estimulação peniana é interrompida ou ocorre fadiga muscular, a pressão intracavernosa cai e o pênis retorna para a fase de plena ereção.
A última fase é conhecida como fase de detumescência, momento que ocorre o retorno do tônus dos músculos lisos depois do orgasmo ou depois da estimulação sexual resultando em constrição arterial, que reabre os canais venosos e causa a detumescência.
Observando o processo in loco não parece tão complicado, não é mesmo?
O retorno ao estado inicial não necessita, necessariamente, de uma ejaculação, mas se ocorrer saiba que é devido a contrações musculares rítmicas que expele o sêmen através da luz uretral.
Vamos deixar claro que EJACULADO e ORGASMO são duas coisas diferentes. Orgasmo é a sensação prazerosa que geralmente acompanha a ejaculação, e a ejaculação é a simples expulsão do líquido seminal que contém os espermatozoides ao final da relação sexual e que, às vezes, pode não vir acompanhado do orgasmo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o volume do ejaculado deve ser maior que 1,5 mL. Quem sempre ejacula menos que 2mL pode ter algum problema de infertilidade e deve procurar um especialista para investigar.
Outra razão para ejacular pouco volume é a desidratação (baixa ingesta de líquidos) e a ejaculação recente (não dando tempo para a próstata e as vesículas seminais ″renovarem o estoque”).
Entretanto, com o envelhecimento masculino, a quantidade de volume pode diminuir.
O uso de algumas medicações, cirurgias perto da coluna, diabetes e doenças neurológicas podem causar disfunções ejaculatórias e diminuir a quantidade de líquido durante a ejaculação ou até não ejacular apesar de ter orgasmo, o chamado orgasmo seco.
A favor dos homens, sabe-se que eles podem apresentar dois tipos de ereções: a psicogênica e a reflexogênica. Estímulos eróticos provenientes da visão, audição, do olfato, do tato e da imaginação atuam sobre o cérebro do homem, que, na maioria dos casos, poderá desencadear uma ereção.
Esses estímulos eróticos atuam sobre o cérebro que libera alguns neurotransmissores, especialmente, a dopamina e a oxitocina. Estes neurotransmissores enviam os estímulos psicogênicos ao pênis, por ativação do sistema nervoso parassimpático, através do sistema neurosacral e do plexo pélvico.
Na maior parte do tempo, o cérebro envia estímulos inibitórios ao pênis, por meio do sistema nervoso simpático, explicando o porquê da flacidez do pênis na maior parte do tempo, o que, sem dúvida é de suma importância estética e, principalmente, social. Por isso que quando estão estressados ou nervosos, os homens tem dificuldade de manter relações sexuais, pois nessa situação, o sistema nervoso simpático está muito ativo.
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A ereção reflexogênica é induzida por estimulação direta dos órgãos genitais, transmitida por meio do nervo dorsal do pênis para o centro sacral da ereção. Os estímulos eferentes partem da medula sacral envolvendo fibras parassimpáticas, através do plexo pélvico e dos nervos cavernosos.
O centro sacral tem conexões com o cérebro que pode modular essas ações. Toques eróticos podem facilitar o reflexo (é o chamado arco reflexo). Portanto, durante a masturbação não necessariamente precisará de outros tipos de estímulos.
Essas ereções podem existir em pessoas com lesões da medula espinhal, quando essas lesões são suficientemente altas.
Os mecanismos eréteis reflexogênicos e psicogênicos normalmente atuam sinergicamente. Significa dizer que o estímulo psicogênico aumenta a resposta produzida pelo estímulo reflexogênico e vice-versa.
Já ouviu falar que homem é igual forno microondas, encostou “pipipipi” tá quente! Já mulher é igual fogão a lenha, tem que tacar fogo de manhã, abanar a tarde e assoprar a noite. Mas depois que pega, faz churrasco a noite inteira? É mais ou menos isso.
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora