ESTELAMARIS: ‘A imigração é o tendão de Aquiles da Europa’

ESTELAMARIS
Estelamaris Stella, 47 anos, nasceu em Várzea Paulista. Mas se considera jundiaiense já que se mudou para a cidade vizinha muito pequena. Viveu no bairro do Agapeama e ganhou o mundo. Tornou-se uma bailarina de sucesso. Mora na Espanha e sente, vez por outra, um certo ar preconceituoso por parte dos nativos. Daí vem aquela pergunta: ‘e vocês e tantos outros povos europeus, que imigraram para o restante do mundo?’. A entrevista com Estelamaris:
Você é casada? Tem filhos?
Sim. Sou casada com um espanhol. Tenho dois filhos. São gêmeos. Eles nasceram em Málaga, no sul da Espanha.
Como foi sua vida em Jundiaí?
Com muito orgulho digo que estudei no Sesi e o colegial fiz no Ana Paes. Também cursei a faculdade de Administração de Empresas. Fui bancária na área de câmbio e de aí ofereceram-me trabalho na WCA Assessoria em Comércio Exterior como assistente de importação. Mas o meu sonho sempre foi a dança. Comecei a dançar aos oito anos e mesmo com a pressão familiar e de escutar que um artista em Jundiaí literalmente morre de fome, aos 26 anos deixei tudo que estava fazendo e decidi mudar de rumo completamente. Fiz um casting (teste) para um espetáculo no Japão e me chamaram. Lá trabalhei durante uma temporada de seis meses e de volta ao Brasil fui admitida no corpo de baile do cantor Daniel. Estive um ano e meio em turnê por todo Brasil, trabalho bom mas bastante duro porque vive-se de hotel em hotel. Em seguida, o exterior me chama mais uma vez: uma temporada na China. Também me apresentei em um cassino em Portugal. Dali dei um salto para a Espanha onde conheci meu marido, em 2002.
Sua família continua morando em Jundiaí
Tenho minha família em Jundiaí e uma vez ao ano costumo fazer uma visita. Faz bastante tempo que vivo fora e digo que mais sinto falta é da família e amigos de toda vida, principalmente agora que sou mãe. Com os anos cada vez sinto mais isso.
Não sente falta de algo?
De Jundiaí e no Brasil, de forma geral, da insegurança. Em Jundiaí tenho medo de sair quando é noite, será paranoia de quem vê as notícias no exterior. Ou não…
Depois de conhecer meu marido em Málaga, por exigência do trabalho dele estivemos morando em Guadalajara, perto de Madri. Em 2014 mudamos para as Ilhas Canárias, lugar onde vivemos até hoje.
Você passou por vários países. Como foi a adaptação?
Pela experiência que tive, digo que viver bem num lugar depende da predisposição que cada pessoa tem do que na sua capacidade de adaptação. Algumas vezes notei que não me tratavam como eu gostaria. Ao mesmo tempo, sentia que estava ganhando meu espaço.  Mudar de lugar constantemente pode causar angústia por ter que estar provando a cada momento quem você é e quais são as suas intenções. Ninguém conhece sua história.
O brasileiro é bem tratado?
O fato de ser brasileira às vezes causa surpresa por toda boa imagem que o Brasil tem com seu calor, praias, garotas de Ipanema. E eu penso: Jundiaí é uma cidade basicamente de trabalhadores e muita indústria? E eu faço cara de afortunada. Na cidade atual onde vivo (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha) em geral noto que existe preconceito em relação às pessoas de origem sul-americana, africana ou asiática. O curioso é lembrar quantos dos nativos daqui tiveram que imigrar nos séculos passados porque morriam de fome? E quantos portugueses, italianos, espanhóis, japoneses imigraram a Jundiaí? Eu fico quieta e não discuto. No fundo a questão da imigração é o grande Tendão de Aquiles da Europa.
Faz comparações?
Não gosto de fazer comparações entre onde vivo e minha cidade natal. O que percebo é que em Jundiaí e no restante do país as pessoas vivem em guetos. Há muita vida comercial, cada vez mais em grandes superfícies. Há muitos condomínios onde as pessoas vivem alheias à realidade, fazendo suas festas e podendo passear sem medo com o cachorro.
Você fala que é de Jundiaí?
É curioso que sempre digo que sou de São Paulo. Imagino que, para eles, Jundiaí não é conhecida e ao mesmo tempo está tao perto de São Paulo. Mas outro dia uma mãe do colégio das minhas crianças insistiu em saber o nome da minha cidade. Por uma destas grandes coincidências da vida, o pai e o tio dela imigraram para Jundiaí há muitos anos. O pai voltou mas o irmão dele formou família na terrinha. De fato, ela já foi muitas vezes visitar a família.
Está feliz aí?
Em geral, estou bastante satisfeita com o lugar onde vivo. O clima é ameno durante todo o ano, as pessoas são bastante amáveis e, o mais importante para mim, é que existe muita oferta de espetáculos de teatro, música e dança. Também existem muitas academias de dança, eu acabo de retomar as aulas com um maestro maravilhoso, ex-bailarino do Ballet Nacional de Espanha, e pretendo pouco a pouco voltar a dar aulas como fazia quando era jovenzinha. Não estou atuando como bailarina.
O que daria para Jundiaí importar daí?
Arte. Expresso meu desejo de que as pessoas responsáveis pela Cultura de Jundiaí trabalhem arduamente para que haja cada vez mais oferta artística na cidade. Afinal já foi dito: a arte é a expressão de um povo…

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