A ESTRELA SOLITÁRIA

SOLITÁRIA

No final da década de 80 o colapso da União Soviética levou de roldão todas as economias do Leste Europeu e as das demais nações que dela recebiam apoio político, financeiro e logístico. Neste artigo abordaremos abordaremos a situação de Cuba, a estrela solitária na América.

Nos países socialistas do Leste Europeu, em que sempre houve uma surda resistência ao rígido controle político, militar e econômico imposto pelo governo central soviético, que terminou causando uma terrível deterioração da qualidade de vida da população, o esfacelamento do bloco conduziu à introdução gradativa da democracia, com a organização de eleições livres, o que terminou sendo mais ou menos doloroso em razão de vários fatores, inclusive de ordem étnica e religiosa.

Cuba, todavia, foi um caso à parte. Sustentados por mais de 20 anos pelos generosos incentivos econômicos soviéticos — importação de petróleo, armas, alimentos, bens de consumo e capital a preços subsidiados e com pagamento em moeda cubana, e, em contrapartida, pela exportação aos países do bloco socialista do açúcar produzido na ilha, vendido a preços até três vezes superiores aos do mercado internacional — e animados pela retórica socialista de Fidel Castro e seu grupo, os cubanos experimentaram anos de ouro a partir da chegada ao poder da Revolução de 1961, sempre com a assessoria política, econômica, militar e científica da União Soviética.

Muitos deles receberam ensino superior na União Soviética, além, é claro, da doutrinação política socialista, o que deu início à formação de quadros tecnicamente muito bem preparados, que viriam a integrar as fileiras da burocracia estatal cubana.

A atividade econômica em Cuba, antes dominada pelos interesses das multinacionais norte-americanas e controlada por grupos corruptos ligados ao governo do ditador Fulgencio Batista, foi completamente reorganizada com a assessoria soviética, o que implicou na estatização de empresas estrangeiras e nacionais e na expropriação de inúmeras propriedades particulares.

As Forças Armadas cubanas foram completamente remodeladas e usadas pelo Governo para difundir as idéias socialistas de Castro pelo mundo, tendo sido forte a intervenção militar cubana na África, mormente em Angola, com o envio de milhares de soldados àquele país, para apoio do governo socialista de José Eduardo dos Santos, líder do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) e na Nicarágua, em que os militares cubanos exerceram estreita colaboração com os sandinistas de Daniel Ortega no combate à guerrilha promovida pelos “contras”, mercenários financiados pela CIA, tudo com o apoio logístico e militar soviético.

A ajuda soviética, todavia, tornou Cuba completamente dependente do bloco socialista europeu. Importava-se de tudo, inclusive alimentos, como dito a preços subsidiados e com pagamento em pesos cubanos, o que praticamente restringiu a agricultura praticada no país à monocultura do açúcar.

Fidel Castro, evidentemente, tinha consciência desse fato, mas procurava tirar a maior vantagem possível dele, buscando a melhoria das condições de vida da população em geral em todos os aspectos – saúde, educação, saneamento básico e habitação – com a criação de um socialismo cubano que não seria absolutamente coincidente com aquele praticado nos países do bloco soviético, impondo a todos, por outro lado, o cerceamento da liberdade de expressão e de iniciativa econômica privada, mediante uma completa presença estatal em todos os segmentos da sociedade.

Entretanto as coisas começariam a mudar em março de 1983, quando o líder soviético Yuri Andropov convocou Raúl Castro (Ministro da Defesa de Cuba) a Moscou para lhe comunicar que a garantia estratégica soviética não valia mais, pontuando que “devido ao fator geográfico e à impossibilidade prática de a União Soviética manter linhas de comunicação tão extensas com Cuba em condições de guerra, não seria possível comprometer forças armadas soviéticas na defesa da ilha”. Ao líder cubano foi garantido apenas o fornecimento de um volume maior de armas soviéticas convencionais, o que efetivamente foi cumprido entre 1983 e 1990.

Com a morte de Andropov e, logo na sequência, de seu sucessor, Konstantin Chernenko, sobe ao poder na União Soviética Mikhail Gorbachev, o líder reformador que instituiu as políticas da Glasnost (abertura política) e da Perestroika (reestruturação econômica).
Desta vez, foi o próprio Fidel quem recebeu pessoalmente más notícias para o regime cubano, quando Gorbachev visitou Havana em abril de 1989 e lhe comunicou que a velha política de preços subsidiados mantida entre a União Soviética e Cuba teria que acabar. E que, em futuro próximo, os valores exportados aos cubanos pelo bloco teriam de ser pagos em dólares norte-americanos.

A par de tais acontecimentos, dois fatos relevantes ocasionaram a alteração da política externa de Cuba: o primeiro deles foi o acordo sobre a independência de Angola, de que participaram os E.U.A., a União Soviética, a África do Sul (que, ao lados dos norte americanos, apoiara a guerrilha da UNITA, liderada por Jonas Savimbi) e Cuba (que, juntamente com a União Soviética, colaborara decisivamente com os combatentes do MPLA, conduzidos por José Eduardo dos Santos). Pelo acordo, a África do Sul e Cuba retiraram suas tropas de Angola.

Ao mesmo tempo, as tropas sul africanas deixaram a Namíbia, permitindo a chegada ao poder dos combatentes da SWAPO (Organização do Povo do Sudoeste Africano). Esta mudança no quadro geo político africano fez cessar a influência cubano-soviética na região. O segundo evento de relevo aconteceu na Nicarágua, onde Daniel Ortega, líder sandinista no poder e aliado de primeira hora de Cuba, perdeu as eleições de fevereiro de 1990, o que também fez cessar a colaboração cubana naquele país.

Por força destes eventos e também, logicamente, pela perda gradativa do apoio econômico soviético, Cuba deixou de interferir militarmente fora das fronteiras nacionais e a difusão das idéias socialistas de Fidel Castro passou a se dar apenas por meio da diplomacia, no âmbito de visitas do ditador aos países de viés ideológico de esquerda por todo o mundo.

O discurso de Castro também mudou. Retirando dele as menções ao marxismo, o líder Cubano dirigiu o foco de sua retórica para o combate à globalização e ao neo liberalismo, que passariam a ser vistos por ele como as grandes causas do fracasso do capitalismo.
Cuba estava ficando sozinha na América Latina em sua defesa intransigente do socialismo, ingressando a partir de 1990 numa nova era, em que a população passaria a sofrer sérios problemas econômicos, enfrentados pelo Governo com medidas duríssimas, e que foi denominada de “Período Especial em Tempos da Paz”.

Os desdobramentos desta nova política governamental e seus efeitos sobre a sociedade cubana serão analisados na segunda parte deste artigo.(Foto: Jorge Rey/Getty Images)


MAURÍCIO CAMPOS DA SILVA VELHO
 
É juiz substituto em Segundo Grau do Tribunal de Justiça de São Paulo, atuando na 4ª Câmara de Direito Privado daquela Corte.

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