Jundiaí pode não ser o local onde ocorrem mais estupros no Brasil. Mas não há como ignorar seus números e dizer que é uma cidade pacífica quando o assunto é violência sexual. Assim como os assassinatos, as estatísticas relativas aos estupros variam pouco. Com exceção deste ano, quando já foram atendidos 41 casos em quatro meses. Se esta média for mantida, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) terá atendido até dezembro 123 casos, recorde nos cinco anos. Neste ano, a SSP criou a categoria de ‘estupro de vulneráveis’, o que não vinha ocorrendo nos anos anteriores. Tudo leva a crer que antes de 2017, crianças, idosas e deficientes atacadas sexualmente entravam na estatística simplesmente como vítimas de estupros. Desta forma, os números deste ano (abaixo) foram somados também. Em termos de acidentes de trânsito, os números são bem parecidos nos últimos cinco anos. Ontem, o Jundiaí Agora – JA – analisou as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) entre 2011 e o ano passado para confirmar a informação do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). No início deste mês, o Ipea divulgou o Atlas da Violência e colocou Jundiaí na 8ª cidade mais pacífica do país.

LEIA O ATLAS DA VIOLÊNCIA 2017 DO IPEA

É bom salientar que o Ipea fez a pesquisa utilizando dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde referentes aos anos de 2005 a 2015, além dos registros policiais publicados no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O Instituto analisou o número de homicídios e mortes violentas por causas indeterminadas em cidades com mais de 100 mil habitantes. Só que a definição de segurança não se dá apenas pela quantidade de mortes. Todo e qualquer caso que perturbe a ordem pública, causando prejuízo à vida, liberdade ou direitos de uma pessoa afeta a segurança pública.

Assim como os assassinatos, os ataques de estupradores não podem ser previstos pelo policiamento preventivo. Campanhas são feitas constantemente. Mas não há como saber se um estuprador está à espreita até que ele ataque pela primeira vez. Nem dá para adivinhar se ele estuprará de novo. Diferente das mortes no trânsito, onde campanhas e fiscalizações podem coibir o excesso de velocidade e uso de álcool, principais causas de acidentes. Sem contar o avanço da engenharia de trânsito.

Levantamento do JA – Em 2011 foram registrados 86 estupros em Jundiaí. Nas ruas e estradas, 66 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito. No ano seguinte, foram 101 estupros (aumento de 17%). O número de homicídios culposos(sem intenção) em acidentes de trânsito caiu para 57(13%).

Oitenta e sete estupros foram atendidos pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em 2013. No trânsito, 68 pessoas morreram. Para os dois tipos de casos, os números voltaram a patamares parecidos com os de dois anos antes.

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Em 2014, ocorreram 80 estupros e 62 homicídios culposos no trânsito. Um ano depois, os casos de violência sexual tiveram queda 16% quando foram registrados 67 casos. O número de vítimas fatais em acidentes de trânsito também caiu. Naquele ano morreram 49 pessoas, uma redução de 27% entre um ano e outro.

No ano passado também ocorreram 67 estupros. Nas ruas, 60 vítimas fatais em acidentes. Diferença de 22% entre 2015 e 2016.  Nos quatro primeiros meses deste ano, a DDM já registrou 41 casos de violência sexual. No mesmo período, ocorreram 13 mortes no trânsito. (foto acima: www.huffpostbrasil.com)