Se não tem bastado aos pequenos seres, como as abelhas, nos mostrarem que episódios de morte em massa hoje frequentes rumam à extinção de sua espécie, levando os seres humanos a uma vida cada vez mais miserável, trazemos o foco nos grandes, gigantescos, fenômenos naturais que vão dando o seu adeus: as geleiras.

Até o final deste século as geleiras, ou glaciares, na Argentina, Espanha, Estados Unidos, Cordilheira do Himalaia, Groenlândia, vão desaparecer. São 46 locais, patrimônios mundiais, monitorados pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), que reúne pesquisadores de vários países e universidades: por meio de modelagem computacional estimam que quase sua metade, cerca de 21 locais ou “sítios”, perderão 100% de suas geleiras. Considerando todos os sítios monitorados, haverá derretimento que varia de 33 a 60% do volume existente, desembocando no oceano terrestre (Revista FAPESP, 280, julho/2019).

Mas o que isso implica? Vai ter mais água nos oceanos…e daí? O que tem a ver comigo? Esse enorme excedente contribuirá para o aumento do nível dos mares, avançando e inundando regiões costeiras, suprimindo praias e ocupações urbanas em cidades tão diversas como Santos, no Brasil; Miami, nos Estados Unidos ou Mumbai, na Índia: todas serão afetadas, sem exceção.

Mas, meu amigo e minha amiga, as consequências são bem piores. Para entendermos um pouco mais vamos falar na água que faz nosso planeta ser azul, avistado da imensidão do espaço pelo astronauta e engenheiro aeroespacial Neil Armstrong (sim, já se pisou a Lua no século passado, viu?).

Professor Edmo J.D. Campos nos ensina: “O oceano é o principal reservatório de água da Terra, estendendo-se por cerca de 70% da superfície, em uma camada com profundidade média de aproximadamente 4 mil metros. Com 97% de todo o volume de água do planeta, o oceano desempenha papel-chave no ciclo hidrológico, processo pelo qual a água é continuamente transferida entre os diferentes compartimentos do sistema” (O papel do oceano nas mudanças climáticas globais, Revista USP, 2014).

Este ciclo nada mais nada menos mantém a vida na Terra, distribuindo as chuvas, que propiciam a lavoura e a alimentação; regulando a evaporação e formando lagos e rios, que por sua vez abastecem o lençol freático subterrâneo que fornece a preciosa água doce que jorra em torneiras e chuveiros de afortunados distraídos, como nós.

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O oceano, com todo esse volume de água, é o grande regulador do sistema climático, nivelando as amplitudes térmicas por todo o planeta, ou seja, os extremos de temperaturas (frio/calor), especialmente no próprio oceano, com suas correntes que misturam águas salinas, mais densas, e águas doces, mais leves, na medida certa de temperatura e salinidade para que a vida de peixes, insetos, plantas, seres humanos, répteis, possa vingar e vicejar.

O derretimento anormal das geleiras, liberando água doce menos densa que a salina, aumenta não só o volume total de água como também sua circulação na superfície terrestre, afetando a distribuição de calor e resultando em um dos efeitos nefastos do aquecimento global que já pode ser percebido (períodos maiores de estiagem, invernos mais rigorosos) e quantificado.

Pesquisadores incansáveis lançam plataformas e inovam seus métodos de obtenção e análise de dados: a plataforma NASA/JPL na Cal Tech mostra como 293 municípios espalhados pelo globo são afetados por diversas geleiras. Recife, Belém e Rio de Janeiro estão entre eles; publicações, podcasts e entrevistas se avolumam sobre o tema, e seguem alguns links, no final do texto (Para quem quer saber mais).

Muitas vezes “uma imagem diz mais que mil palavras”: o cenário ao lado escancara o que o ser humano tem provocado, retratando a a imagem de um urso polar, atônito, sozinho onde foi outrora seu habitat, sua casa, equilibrando-se em um caco de gelo que, derretendo, levará também à sua morte. Diante disso, muitos de nós fechamos os olhos com indiferença, com arrogância: faces do medo e da covardia. Outros se sentirão tristes, mas fortalecidos, vendo além do “símbolo” do pobre animal, pois saberão no fundo por quem e porque lutar: avante, resistimos!

Para saber mais:

https://jornal.usp.br/atualidades/a-influencia-das-geleiras-no-nivel-do-mar-ao-redor-do-mundo/

O papel do oceano nas mudanças climáticas globais, Revista USP, 2014:

http://www.io.usp.br/images/noticias/papel_oceanos_clima.pdf

http://www.io.usp.br/index.php/noticias/10-io-na-midia/734-pesquisa-evidencia-impactos-do-derretimento-de-geleiras-na-temperatura-global

https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/06/07/o-lento-adeus-das-geleiras/


ELIANA CORRÊA AGUIRRE DE MATTOS

Engenheira agrônoma e advogada, com mestrado e doutorado na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial (IG – UNICAMP). Atuou na implementação, coordenação e docência em curso superior de Gestão Ambiental, em consultorias e certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade, Ambiental e Normas de Produção Orgânica Agrícola. É autora do livro “Janelas do mundo ao nosso redor”, publicado pelo Clube dos Autores em 2019 (https://bit.ly/2JbUDMm).Veja mais visitando seu site: www.elianademattos.com.br


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Principal: bit.ly/33H5CoP – Homem no gelo: https: //bit.ly/2Nc764K – Urso: https://bit.ly/2KB1wqQ


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