Vivências em favor da vida passam, em minha maneira de ver, por posturas contrárias à legalização do aborto desde a fecundação.

Domingo passado, dia 29 de julho, o jornal A Folha de SP, com destaque na primeira página e matéria no Caderno Cotidiano, relatou que, de 2008 a 2017, 2,1 milhões de mulheres foram internadas por complicações da interrupção da gravidez;  262 morrem a cada ano e que o SUS, em uma década, gastou R$ 486 milhões para tratar os problemas decorrentes do aborto, sendo 75% deles provocados. Se de 2000 a 2016, morreram ao menos 4.455 mulheres, de acordo com a matéria, tivemos, também, o assassinato de no mínimo 4.455 bebês no ventre materno, pois poderia haver gêmeos, trigêmeos… E, nesse caso, sem dúvida, os bebês eram o lado mais frágil, pois não tinham como se defender e nem a opção de escolha. Isso fere o livre arbítrio dos mais vulneráveis.

Nos depoimentos de mulheres, na mesma reportagem, há incoerências.  Uma jornalista, chamada de Fabiana – nome fictício, conta que nunca se arrependeu do que fez, mas que até hoje o episódio desperta fortes sentimentos. Por exemplo, fica incomodada quando as amigas mostram o ultrassom de seus bebês, porque isso remete ao exame que fez antes do aborto. “O som daquele coraçãozinho batendo está na minha cabeça até agora”.

Bate-se na tecla do direito da mulher sobre seu corpo – o bebê é um ser humano diferenciado -; das desigualdades sociais, em que mulheres pobres procuram locais clandestinos e as com maior poder aquisitivo clínicas especializadas – ai, meu Deus, especializadas em matar indefesos! – e, ainda, as sequelas dos abortos provocados. E a garantia à vida do pequeno ser que mora, por alguns meses, no ventre materno???

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No mesmo jornal, no primeiro caderno, uma pequena notícia sobre a menina que nasceu, após a mãe morrer, nos escombros do grave acidente de caminhão na rodovia Régis Bittencourt, na altura da cidade de Cajari. A mãe que estava de carona no caminhão, foi arremessada para fora do mesmo e ficou presa sob a carga. Quando a equipe de resgate chegou ao local, viu que a barriga dela havia se rompido com o impacto, mas a recém-nascida estava viva. O médico socorrista Elton Fernando Barbosa, que ajudou no resgate da criança, classificou a sua sobrevivência como um milagre.

Em meio à tragédia, elevou-se o choro com vida da pequenina. Em meio a tantas trevas, que possamos permitir a todos os bebês a chance do murmúrio da descoberta da luz. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de