Véspera do Dia de Finados de 1972. Vladimir José Gropelo (foto abaixo), já chefe do departamento fotográfico de um jornal diário da cidade, cumpre a rotina quase que sagrada para esta época do ano: arruma o material e segue para o cemitério Nossa Senhora do Desterro, no centro da cidade. Vai fazer o que os repórteres-fotográficos fazem ano após ano: registrar o início do movimento por conta do dia dos mortos, a limpeza dos túmulos, gente enfeitando as sepulturas, as barracas de flores faturando. O que Gropelo não poderia imaginar é que estava prestes a fotografar um fantasma que teria a imagem publicada na primeira página. Pelo menos para a família do dito cujo. Na década seguinte, já dando aula num curso de fotografia da Casa da Cultura, novamente se viu às voltas com uma imagem estranha. Uma pena que as fotos dos fantasmas não estejam com Gropelo. Mas as histórias estão bem vividas. Aliás, até hoje são comentadas nas redações locais.

Dentro do Desterro, Vladimir Gropelo passou a fotografar aquilo que achava interessante. Entre as imagens, uma senhora que limpava um túmulo usando uma vassoura, não muito longe da entrada do cemitério. E foi esta a foto escolhida para ilustrar a chamada de capa. No dia 2 de novembro, o jornal chegou às casas dos assinantes e às bancas. Ainda naquele dia, dois casais foram até a redação para falar sobre a fotografia.

“Eles queriam saber quando tínhamos feito aquela fotografia”, lembra Gropelo. É óbvio que os jornalistas que atenderam o casal responderam com outra pergunta: “por que vocês querem saber isto?”. E a resposta não poderia ser prevista por ninguém. O casal se dizia parente da senhora que aparecia limpando o túmulo. E ela estava morta há sete anos. Para aquelas pessoas, o jornal tinha usado uma foto velha, de arquivo, o que não era verdade.

É claro que o autor da imagem pondera e racionaliza utilizando-se da explicação mais simples. “Existe uma grande possibilidade de um ter fotografado uma senhora muito parecida com a parente daquelas pessoas”, diz. Isto chegou a ser falado para os parentes que refutaram na hora esta hipótese. “Eles diziam que era a mãe de dois deles”, comenta o fotógrafo.

Os jornalistas que atenderam os supostos parentes da fantasma fotografado quiseram fazer uma matéria a respeito. Porém, não tiveram sucesso em convencer os visitantes que foram embora dizendo que a mulher era uma aparição do além, segunda possibilidade levantada por Gropelo. “Se não era uma senhora parecida com a parente daquelas pessoas, então pode ser que eu fotografei um fantasma mesmo”. Vladimir José Gropelo deixa claro que tanto na história da idosa do cemitério do Desterro como nesta outra, a próxima, ocorrida anos depois, os filmes não remontaram(veja box abaixo). 

Almoço de família – Na década de 80, Gropelo era o responsável pelas primeiras aulas do curso de fotografia oferecido pela Casa da Cultura. E uma das alunas, depois de um final de semana, chegou uma uma foto que o professor não teve como explicar. “Ela fotografou um almoço de família e como apareceu algo estranho, levou a foto em papel para o curso. Na imagem aparece uma coisa muito feia, uma figura toda deformada”, lembra. A descrição que o calejado profissional faz da imagem não é nada agradável. Não se sabe o fim da tal foto. Mas provavelmente não foi parar num dos álbuns de lembranças da família daquela aluna de Gropelo…




Quando o filme ‘remontava’ e os fantasmas apareciam

Há exatos 46 anos, fotografar era algo bem diferente. Celular com câmera era coisa de filme de ficção. Fotografia era coisa séria, para profissional que usavam equipamentos que chamavam atenção. E não era nada digital. As imagens eram registradas em filmes que tinham de ser revelados com produtos químicos. Estes detalhes são importantes porque o próprio Gropelo lembra que algumas imagens esquisitas que apareciam nos fotogramas eram fruto de problemas técnicos.

“Depois de fotografar, ou seja, apertar o botão, era preciso fazer o filme rodar dentro da máquina para tirar uma nova foto”, explica. Só que muitas vezes isto não ocorria. Um fotograma ficava sobre o outro. Os fotógrafos mais antigos diziam, quando isto acontecia, que o filme tinha ‘remontado’. E o resultado era a mistura das duas fotografias. Alguns vezes até parecia que fantasmas tinham sido flagrados. Uma ilusão de ótica provocada pelo mau funcionamento da máquina…

Há porém quem defenda que as máquinas são mais sensíveis e capazes de capturar imagens que o olho humano não vê…




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