Desde o primeiro dia de 2017, o atual governo de Jundiaí vem utilizando como estratégia política jogar a culpa no governo anterior e justificar a falta de realizações à situação financeira do município. Eu costumo dizer que governar é olhar para a frente. Todos sabemos que os municípios vivem, desde 2014, uma situação de crise econômica com repasses menores dos governos Estadual e Federal e menor arrecadação dos impostos locais que tem prejudicado a atuação das Prefeituras. A recuperação esperada no final de 2016 ou mesmo em 2017 acabou não acontecendo até agora. Dessa situação decorre uma necessidade de um controle maior das contas públicas e também é natural que obras e serviços sejam redimensionados a partir de novos cronogramas, até porque, muitas delas foram concebidas e projetadas em 2013 e 2014 quando a crise ainda não afetava fortemente os municípios.
Ocorre que o governo local de Jundiaí vem tendo um comportamento antiético com o governo que o antecedeu e com a própria cidade. Criou uma imagem que o governo anterior provocou um “rombo” nas finanças do município e que isto inviabiliza as ações na cidade para os próximos anos. Uma grande mentira contada apenas para “vencer uma batalha política destruindo o adversário”. Vamos aos fatos:
O atual governo critica o orçamento de 2017 afirmando que ele foi superestimado, ou seja, projetou receitas acima daquilo que de fato será arrecadado. Eles projetam uma arrecadação a menos de R$160 milhões, ou seja uma diferença de 6,19% conforme informações da própria Prefeitura. Esta queda de 6% é decorrente da própria crise que diminuirá repasses dos Governos Estadual e Federal para o município e não da projeção “errada” do governo anterior como os atuais gestores pretendem passar para a população.
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Chega a ser hipócrita a afirmação dos atuais gestores pois em 2013, quando assumimos a Prefeitura, o orçamento daquele ano tinha sido projetado pelos mesmos que estão aí hoje criticando. O orçamento daquele ano tinha sido projetado em R$1.553 bilhões e o arrecadado real foi R$ 1.225 bilhões, ou seja R$ 327 milhões a menos. Naquela época havia mais estabilidade econômica e era possível se aproximar mais da realidade. Mas “erraram” o dobro do que eles criticam agora.
Outra questão diz respeito á chamada dívida ou rombo como eles gostam de afirmar. Começaram o ano falando em R$ 70 milhões, mudaram para R$ 100 milhões e agora em audiência pública falam em 150 milhões, criando um descrédito em seu próprio discurso. No início do ano a Prefeitura publicou no site a chamada “relação de credores de 2016”, com R$ 92 milhões de dívida “oficial”. Ocorre que neste valor embutiram os recursos vinculados de R$ 12 milhões que em tese são dívidas que não são da Prefeitura. Também desconsideraram que havia R$ 9 milhões no caixa da Prefeitura, incluindo aí um repasse do governo federal no dia 31 de dezembro. Há dúvidas sobre outros valores lançados, mas o fato é que a dívida corresponde a 3,5% do orçamento.
Fazendo uma comparação simplista apenas para compreender o que significa este percentual, é como se uma família recebesse R$ 5 mil por mês, ou R$ 60 mil por ano, ela teria uma dívida com este percentual (3,5%) de R$ 2.100 no ano, ou seja possível de ser paga em alguns meses. Diferente de outras cidades como Itupeva, só pra citar um exemplo, cuja dívida representa 100% do orçamento, e no exemplo da família recebendo R$ 60 mil no ano, teria uma dívida de R$ 60 mil para pagar, ou seja uma grave situação.
Quem consultar o site da Prefeitura no quadro de credores vai verificar que só permanecem valores de contribuição ao Instituto de Previdência dos Servidores, que repito, precisam ser apurados, e alguns reajustes de grandes contratos, que estavam em análise no final de 2016. Praticamente todos os demais credores foram pagos.
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Não há inviabilidade de governar, não há rombo. As dificuldades decorrentes da crise econômica do País existem em Jundiaí, mas são muitos menores que outras cidades, pela nossa pujança e capacidade econômica.
A disputa política deveria ocorrer no campo das idéias e das ações. Suponho que tenha sido no campo das idéias que o atual prefeito foi eleito, essa é a boa disputa, caso contrário o tempo vai passando e o que fica é apenas a postura “pobre” de governar a partir da destruição da imagem e das realizações do adversário, o que é quase nada. (foto acima: Cesar I. Martins)
PEDRO BIGARDI
É jundiaiense, 57 anos, engenheiro civil, casado com Margarete e pai de Patricia, deputado estadual (2009 – 2012) e ex-prefeito de Jundiaí (2013 – 2016).