IMPERIALISMO no século 21: O que nos aguarda

IMPERIALISMO

O século 20 foi deles: Estados Unidos. Nem precisava ser “militante socialista”, “de esquerda” para afirmar isto. Toda a humanidade sentiu na pele, mesmo sem raciocinar. Impacto econômico ou cultural. Pela TV e cinema, ditaram modas, estilo de vida, direções a seguir, comportamento. Adultos e crianças ficaram enfeitiçados por Hollywood e Walt Disney durante todo o século passado. E assim grandes nomes, marcas dominaram o mundo; maquinário, aviação, redes de lojas, de consumos alimentícios… o imperialismo estava no auge. Mas antes mesmo da internet chegar às mãos de todos os habitantes do mundo, alguns grandes nomes desse império começaram a desmoronar. E o mundo viu a decadência de Detroit. O fim da Panam. Nova Iorque, a “Big Apple”, se tornar uma das cidades mais violentas do mundo na década de 80.

O velho imperialismo norte-americano mergulhou num drama consequente de seus próprios erros, a visão ufanista de que tudo se recompõe dos excessos praticados. Tiveram que experimentar a crise da água (falta d’água, coisa comum no chamado terceiro mundo) para entenderem a importância do meio ambiente, de se preservar rios e nascentes. Lições do primário que ignoraram por se acharem imbatíveis no superior. E pela primeira vez repensaram os formatos do liberalismo, que foi muito além do econômico e sim pelas entranhas do estilo de vida. O conceito de liberdade já desafiava as leis e foi assim que as grandes cidades começaram a perder a guerra para o consumo de drogas. E o mundo viu pobres e miseráveis,ricaços e celebridades sucumbirem na heroína, cocaína e demais drogas que agora pertenciam ao “american way of life”. Do mais pobre ao mais rico dentro do consumismo expansivo, inclusive um “consumismo religioso”.

O fim da guerra fria, que não conseguiria se sustentar naquele formato com a chegada da internet, globalização e um tal globalismo, levou os presidentes das nações do Hemisfério Norte a seguir uma nova cartilha econômica e cultural, cartilha essa que continua sendo elaborada e ajustada. Não tem nada pronto, porém sabe-se que tudo agora caminha para o meio, uma terceira via, mas que não eliminará a ambição do imperialismo de uma, duas, três ou mais nações. A guerra pelo poder continua fazendo parte do cenário político mundial.

Este novo cenário econômico e cultural ainda não está bem assimilado por parte da população e até mesmo por alguns presidentes, principalmente no Hemisfério Sul, este, composto por países que continuam insistindo em não caminhar com as próprias pernas, valorizarem suas culturas e deixar de se encostar em governos e culturas do lado de lá. O Brasil é um destes, cujo governo atual parece querer ressuscitar o vira-latismo dos anos 60 e 70. Um conservadorismo retrógrado que cega, não permite compreender que os próprios Estados Unidos não são o de outrora, por mais que mantenham determinado padrão cultural e econômico. Essa cegueira da “nova direita” também se estende pelos caminhos do centro e principalmente da esquerda mais radical, que continua assombrada pelo “imperialismo americano” do século passado. Afinal… que império é esse hoje?

Trump, um imperialista ou apenas ficção de imperialista? O fim da era Obama e a chegada do “mito” Donald Trump, aquele “previsto pelos Simpsons”, agitou as correntes socialistas do mundo. O país-símbolo do capitalismo agora iria aos extremos em seus objetivos do imperialismo, do expansionismo. E Trump chegou mesmo apavorando, falando em erguer muros e brigando com mercados europeus. Como no mundo hollywoodiano, parecia que assistiríamos emocionantes filmes de guerra ideológica e conspiracionista mundo afora. Não foi bem assim.

Trump rosnou muito mas não atacou como fez muitos de seus antecessores, principalmente no período da guerra fria. Melhor, atacou, mas não como estava no imaginário dos extremistas da direita e da esquerda. O presidente dos Estados Unidos, sutilmente, se encaixou no novo modus operandi mundial. E nisso ele entende muito bem, afinal, toda sua vida foi um negociante. De negócios em negócios, diálogos em diálogos, nem mais Coreia do Norte se falou. Nem no mal-estar com a comunidade europeia.

Trump já sabia de muita coisa, mas só depois, no comando político, viu a extensão da “coisa mundial”. Que os jogos deste xadrez exigem muito mais que os tradicionais conhecimentos-padrão administrativos. Nesse labirinto, o velho império chinês começou a mostrar as cartas escondidas na manga. E, mais uma vez, os olhos do sul se voltam com temor ou admiração ao Hemisfério Norte. Casos de amor e ódio, ainda na ilusão do século passado (direita ou esquerda, ocidente ou oriente, capitalismo ou comunismo). Algo dito com muita frequência no meio político brasileiro – principalmente pelo nosso “chefe maior” – como se ainda estivéssemos submetidos à persuasão ideológica dos filmes da guerra entre o bem e o mal de Hollywood. Nem Trump fala tanto a palavra “comunismo” como fala nosso presidente e seus seguidores.

O povo norte-americano viveu, bem lá atrás, a fase de pânico, quando um agente comunista poderia estar em meio a eles. Depois do fim da guerra fria, veio o temor generalizado por terroristas islâmicos. Agora mudou tudo. É o temor por eles próprios. Aprenderam que o perigo está no ser humano, seja ele da raça que for, crença ou ideologia. Levaram décadas de aprendizagem até chegar à realidade. Que a globalização não é só na economia, é geral, e um de seus braços é o globalismo. E que as teorias conspiratórias sempre carregaram verdades e mentiras. Como separá-las é o desafio contínuo pelos anos vindouros.

Enquanto Trump segue seu governo num formato “direita light” e pensa no futuro também “light”, aos poucos a população acorda para a realidade. O “Tio Sam” não é mais império, faz tempo. Tem força, tem poder sim, mas esqueçam esse negócio de imperialismo. Os tombos sofridos no decorrer do século passado levaram a nação a enxergar o seu quadrado e parar de viver na ficção hollywoodiana. A incógnita deste século é a China. O país que em toda sua história guardou e guarda segredos. Se temos aí intenções imperialistas, é o desafio que o mundo enfrentará. Não de uma “ameaça comunista”. O símbolo comunista é apenas a imagem numa bandeira. Nunca foram comunistas e sim nacionalistas repressivos. Como citei em outro artigo, o laboratório comunista da China é a pequena Coreia do Norte, aquela que ainda não faz parte dos caminhos da terceira via, da fusão capitalismo e socialismo… até quando não se sabe.

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Há que se encontrar ainda uma definição para esta terceira via e como as políticas dentro desta fusão irão se comportar com intenções imperialistas após o mundo assistir as quedas de gigantes, presenciadas em vários países do Hemisfério Norte. Trump não é, até o momento, o tal imperialista – e o imperialismo – enxergado lá atrás. É um habilidoso negociante. E como tal, jamais revelará um sonho imperialista, e sim de proteção. O protecionismo sim estará sempre forte em terras americanas. Algo que no mundo globalizado é de se pensar com cautela. Proteger o que é nosso sem quebrar parcerias necessárias e inevitáveis. Daí, descartar ideias radicais para um governo. Diante da dúvida em relação a novos imperialistas, devemos observar bem nossa autossustentação. Parcerias comerciais sim. Mas chega de manter o Hemisfério Sul como dependente ou plateia do Hemisfério Norte. E então estaremos preparados para o que der e vier lá de cima. (Foto: Jonathan Ernst/Reuters/Agência Brasil)

GEORGE ANDRÉ SAVY

Técnico em Administração e Meio Ambiente, escritor, articulista e palestrante. Desenvolve atividades literárias e exposições sobre transporte coletivo, área que pesquisa desde o final da década de 70.

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