Oficialmente, a Câmara Municipal de Itupeva lamenta a morte de dois pacientes com coronavírus que tiveram de ser transferidos às pressas para Jundiaí por conta de um problema no oxigênio, sábado(20) de madrugada. Nenhum procedimento está sendo realizado pelo Legislativo que acompanha o caso junto à Prefeitura. Nos bastidores, porém, o vereador Eri Campos(foto) afirma que já denunciou a situação ao Ministério Público(MP) e que a Câmara poderá investigar mortes dos doentes.
A resposta oficial da Câmara foi enviada ao Jundiaí Agora ontem(23), pela manhã. O texto não demonstra nenhuma anormalidade na Câmara por conta do caso que ganhou as redes sociais dos moradores de Itupeva neste final de semana. Três pacientes com Covid-19 que estavam no Hospital Nossa Senhora Aparecida foram internados no Hospital São Vicente após um problema com o oxigênio. Dois dos doentes morreram. O terceiro continuava em estado grave até o final desta edição.
Não se sabe ainda, com certeza, qual foi o problema ocorrido com o oxigênio e que levou à transferência às pressas. Em nota, a Prefeitura de Itupeva explicou que o hospital – administração pela Organização de Saúde(OS) Associação Paulista de Gestão Pública – passou por ‘intercorrências técnicas’. O Executivo abriu uma sindicância para apurar o que de fato ocorreu na madrugada de sábado.
Ao contrário da aparente normalidade oficial do Legislativo, Eri Campos revelou que as duas mortes estariam agitando os parlamentares de Itupeva. “Há uma movimentação na Câmara para convocar os gestores da Organização de Saúde que administra o hospital para esclarecer a ocorrência, além de articulação para uma possível abertura de Comissão de Investigação(CI).
Eri afirma que na manhã desta terça-feira(23) esteve no MP e protocolou uma representação. Ele pede apuração de “indícios graves de irregularidades, má-gestão de recursos da área da saúde pela Prefeitura Municipal, perpetuados na cidade de Itupeva, em virtude da pandemia”. Ele afirma que a Prefeitura não esclareceu a suposta “falta de oxigênio no Hospital de Itupeva”.
E, na sequência, faz vários questionamentos: “algo falhou no hospital e a pergunta que se faz é: o que falhou? A falta deste insumo(oxigênio) tão vital, ainda mais em meio a uma pandemia cujo maior sintoma é a insuficiência respiratória, teria sido por falta de planejamento? Alguém se esqueceu de verificar a capacidade dos cilindros? Por falta de manutenção? Não foi dada a manutenção necessária? Por falta de pagamento? A Organização de Saúde não pagou o fornecedor? Qual o motivo para que tenha faltado oxigênio? Certamente, a culpa não é dos médicos, enfermeiros e equipe do hospital, mas de quem o administra e de quem fiscaliza essa administração!”
Na representação, o vereador afirma que “o hospital de Itupeva está declarado – desde abril – no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde como aberto 24 horas, com 27 leitos e 51 respiradores, o que não corresponde com a realidade”. Outra irregularidade que ele pede para o Ministério Público apurar é a quantidade de leitos de UTI, já que os números anunciados pela Prefeitura também não correspondem ao que a cidade efetivamente tem, diz ele.
Na página do Facebook, o parlamentar informa que “desde 2018 vem tentando, junto aos outros vereadores, instaurar uma Comissão Especial de Inquérito visando auditar e investigar o contrato com entidade que administra o hospital com a Prefeitura Municipal de Itupeva, mas houve dificuldade na adesão necessária para conseguir fazer tramitar o pedido”.
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