Mas, e o SILÊNCIO???

SILÊNCIO

Toda nossa existência é pautada em aproximação com nossos semelhantes, seja uma aproximação física corporal, ou uma aproximação gestual ou mesmo um olhar ou uma palavra. Garantir uma relação agradável e sensível, com todas suas modulações, requer que estejamos próximos, visíveis e falando. Somos considerados sujeitos sociais, pois nos relacionamos com o mundo por meio do contínuo contato com o outro. Mas e o silêncio?

Convivemos com e em grupos, interagindo entre si, de uma forma ou de outra, adotando formas diferentes, pessoais e irresistíveis. Esses grupos podem ser nossos familiares, os amigos, os colegas de trabalho, ou até mesmo pessoas desconhecidas que estejam ocasionalmente em um mesmo ambiente, com quem travamos contato.

Desta forma, ao se considerar que as relações interpessoais são processos que têm como premissa a mutualidade, ou seja, o convívio, as trocas entre os indivíduos, pode-se pensar que, na presença do outro, os sujeitos interagem e também se comunicam, mais ou menos acalorado, dependendo do tipo de relação. Comunicar remete à noção de compartilhar, de intercâmbio, de tornar comuns as informações, ideias e sentimentos entre duas ou mais pessoas, de trocar informações e carinhos.

Neste contato interrelacional, existe o emissor, aquele que transmite algo, e o receptor, aquele que capta a informação, mas que também se torna emissor por partilhar igualmente de algum conteúdo ou por responder. Esse processo de transmissão de informações pode ocorrer de diferentes maneiras, considerando-se as formas verbais e não-verbais da comunicação.

A comunicação verbal é a mais conhecida e levada em consideração, sempre associada à fala, com transmissão de conteúdos por meio das palavras pronunciadas, ou uma verbalização qualquer, compondo o núcleo da comunicação oral. Temos ainda outra forma de comunicação verbal: a utilização da palavra na forma gráfica e podemos dizer que, junto com a comunicação verbal formam-se canais alternativos de expressão que permitem ao homem transmitir o que deseja.

Tais canais alternativos são entendidos como expressões não-verbais, que englobam os gestos, posturas, expressões faciais, olhar, a aparência, o lúdico (desenho,argila, pintura, jogos, dramatizações, etc), o choro, riso, a agressividade, o silêncio. Considera-se que esses dois modos de comunicação, o verbal e o não-verbal, podem se apresentar de forma concomitante ou não, em momentos de contatar e expressar algo a alguém.

Vale lembrar que o silêncio, sim, pode ser considerado uma forma de comunicação, ou uma maneira usada por quem se cala ou se abstém de falar, tendo em vista a percepção de que falar é revelar-se, expor-se, colocar-se, apresentar-se. É quebrar sigilo; desvendar mistérios. Ao mesmo tempo em que pode ser a recusa da expressão verbal, para uma preservação pessoal ou para se esconder de exposições sociais.

Mas pode também ser a pausa da palavra. O descanso ou o ritmo de uma inflexão verbal, que caracteriza as falas e personaliza a maneira de se comunicar. Entende-se como uma pausa estratégica, quando se aplica na perspectiva de repensar a fala inicial e o desenvolvimento desta: paro de falar, calo-me para pensar melhor e voltar a me colocar, com clareza e firmeza.

Esse tipo de pausa, de silêncio, faz-se muitas vezes necessária para prosseguir, para elaborar, para sentir, pode ser compreendida também como um mecanismo de defesa ou um recurso de enfrentamento, uma necessidade de introspecção com objetivo de reestruturação psíquica e emocional. O silêncio é enigmático e significativo, em todas suas versões.

Nessa questão do silêncio e da palavra como contrapontos, pode-se pensar que a palavra expulsa e o silêncio retém. Entretanto, apesar do silêncio esconder as palavras, os pensamentos e sentimentos, tal fato não significa que ele retenha os significados e a expressão deles por outras vias, já que é e sempre foi considerado um contensor de afeto, sensações, representações e, por isso, ele se torna, em si, comunicante.

Estudos apontam que o silencio diz muito e representa muitas de nossas intenções. Mesmo calado as pessoas continuam emitindo sinais de interesse, afeto, saber; ele apenas não facilita a interação verbal (por ser a negação dela) mas não nega a existência de nenhum destes fenômenos humanos tão imprescindíveis para nossa existência. Aliás, o silencio também é imprescindível. É saudável e necessário, até.

Esta forma de expressão não traz a palavra como foco da atenção, no entanto, possibilita abrir o olhar para o indivíduo como um todo ali presente: seu corpo, postura, gestos e olhares. O silêncio permite buscar a compreensão do sujeito na sua integralidade e, ao mesmo tempo, na sua singularidade: cada um de nós tem uma forma de se silenciar, o que faz dele uma forma de comunicação personal, ímpar visto que cada um tem uma forma de se expressar, utilizando-se de diversos recursos.

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Partindo dessa perspectiva de comunicação individual,considera-se o silêncio como possibilidade de diferentes e variados significados a serem transmitidos e a serem interpretados. Sabemos que o silencio não expressa nosso agitado mundo interno: mesmo em silencio, nosso cérebro está agitado e se preparando para o próximo momento. Muito bem colocada a expressão: o maior grito é o silencio de nossa consciência.

Será que nossa cidade e região estão felizes com a quebra do isolamento? Devem estar pois ajudaram a aumentar o numero de infectados e de mortes….pobre consciência.(Foto: www.lcsun-news.com)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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