“Olha meu pipi novo!” Meu filho, Vinícius, mostrou para uma amiga que me visitava em casa, acrescentando mais uma traquinagem à sua lista já extensa, aos três anos de idade. Menino travesso, ele…
Vinícius tinha um estreitamento na pele que envolve a glande (prepúcio) região do pênis (fenômeno conhecido por fimose) que dificultava a higienização adequada. Essa aderência é considerada normal até os três anos de idade, quando o problema já deve ter sido solucionado naturalmente e, caso isso não ocorra, a correção obriga tratamento é cirúrgico.
Há profissionais que recomendam exercícios e massagens para alargar essa pele, outros, porém, rechaçam completamente, diante da possibilidade de gerar machucados no local, fato que pode piorar o quadro de fimose.
Quanto antes a cirurgia for realizada, menos problemas serão administrados pelo garoto. Veja bem, absolutamente o corpo todo cresce junto com a altura do indivíduo e, quanto maior o tempo de espera, mais difícil será a higienização local (meus alunos lembram bem das minhas aulas de patologia onde eu mostrava as doenças relacionadas à má higienização do pênis), desconforto ao urinar e manter relações sexuais.
Sim, mais cedo ou mais tarde, seu bebê vai crescer e vai descobrindo seu próprio corpo (sabe aquelas horas no banheiro? Pois é….) e vai querer conhecer mais profundamente o corpo das meninas também, o que pode ser impeditivo se ele padecer de fimose.
O Dr. Drauzio Varella recomenda a cirurgia entre 7 e 10 anos, porém, podendo ser realizada antes, desde que recomendada por um profissional experiente, pois os casos variam enormemente entre si.
O pênis após a operação ficará diferente, como meu filho propagou no passado a quem estivesse disposto a conferir, pessoalmente?
Sim, ficará. Por isso a disposição do Vinícius em mostrar a diferença. O problema é que meu filho mais velho, Daniel, que não precisou de correção, não estava disposto a se submeter de modelo de comparação.
Por que tanta preocupação com isso?
Como comentei em artigo anterior, as meninas são mais bem assistidas com relação ao seu corpo, no sentido de higiene, saúde e exposição. Elas frequentam, desde cedo, o ginecologista e aprendem a se higienizar da maneira correta.
Os meninos não. Eles aprendem com amigos ou sozinhos sobre o próprio corpo e, se não tiverem ajuda familiar, o problema é elevado à décima potência.
Diversas doenças no órgão sexual podem ser evitadas praticando uma boa higienização, pois, a falta de asseio favorece a formação de esmegma, uma secreção branca composta pela descamação de células mortas da pele, óleos e gorduras produzidas pelas glândulas do pênis, que pode ser infectada por microrganismos (fungos, vírus e bactérias), que se acumulam sob o prepúcio.
Se, somente a mucosa da glande estiver inflamada, a doença recebe a denominação “balanite” e, no caso de afetar, simultaneamente, a mucosa da glande e a face interna do prepúcio, será denominada “balanopostite”.
Essa doença pode ser ocasionada por produtos cosméticos, de higiene e farmacêuticos, mas, também, por candidíase e doenças sexualmente transmissíveis como: gonorreia, sífilis e herpes simples, ocorrendo casos em que não é possível determinar a causa.
Outro enorme problema associado é o câncer de pênis, que se desenvolve, na maioria dos casos, após os 40 anos de idade e pode levar à amputação do membro. E sabe qual é o principal fator de risco? Fimose, acúmulo de esmegma (causado pela fimose), higienização inadequada e falta de informação.
Um fato corriqueiro para homens e que as mulheres invejam, é o ato de urinarem em pé, porém, em contrapartida, torna-se, um hábito que favorece a má higienização. A rapidez do processo faz com que eles ignorem a necessidade de lavar as mãos antes e após a manipulação do pênis, enquanto urinam. Parece exagero? Não é.
As mãos são as maiores transmissoras de doenças. Basta ver as propagandas para evitar a gripe e o álcool gel disponível em ambientes públicos, portanto, não ignore a importância de higienizá-las.
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Após o ato mictório, é de suma importância que enxugue a umidade retida no pênis, com um pedaço de papel higiênico. Esse simples cuidado evita dores de cabeça futuras, causadas por inflamação/infecção do local.
Aproveite para enxugar o vaso sanitário. Ah! E abaixar a tampa, no caso de morar em um ambiente familiar, com mulheres e, não em uma república universitária (apesar de que hoje em dia, pode haver mulheres também). Foto: eleojamal.blogspot.com
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.