NADA será como antes. Nada!!!

NADA

Já cantava nossa Elis Regina(vídeo abaixo), muitos anos atrás, que nada será como antes. Mas, e desta vez? Seremos capazes de driblar o imprevisível e nefasto poder desta peste e voltar a ser o que éramos, no final de fevereiro deste 2020? Teremos habilidades emocionais e espirituais para voltarmos a normalidade (e o que é essa tal normalidade?). É fácil responder que não temos, não teremos e nunca mais seremos os mesmos.

Youtube/SophyaAgain

Diante de tudo o que temos visto, lido e vivido, é impossível que alguém passe por esta fase sem ser molestado ou, no mínimo, arranhado por este confinamento desconhecido, insensível e avassalador. Todos nós, e cada um em seu tempo e a seu modo, estamos vivendo infinitas situações antes apenas conhecidas em filmes de ficção, que hoje se materializa em nossa casa. Em nosso ambiente mais íntimo. No nosso lar.

Famílias se unem, amigos se falam, colegas conversam, vizinhos se cumprimentam, parentes se aproximam, filhos enxergam seus pais, pais convivem com seus filhos. Ainda que on-line. Ainda que seja juntos, porém separados fisicamente. Sim, o inverso é tremenda e desgraçadamente verdadeiro: famílias se desmantelarão, amigos se tornarão inimigos, colegas jamais se falarão, vizinhos se odiarão, parentes sumirão de vez, filhos se afastarão de seus pais e pais abandonarão seus filhos.

Por que estes dois extremos? Porque voltar a viver juntos, num mesmo teto, demanda um exercício de misericórdia que as famílias deixaram de desenvolver, pois todos se sentem extremamente modernos (ou pós-modernos) ao ponto acreditar que basta gerar e por no mundo, que a civilização educa. De uns tempos para cá, a casa era um local de troca de roupas e de busca de dinheiro, sem que o respeito e a convivência fossem cultivadas. Daí, agora, 24 horas sob o mesmo teto, saem raios dos olhos que fulminam os demais membros, daquela suposta família.

Novamente, é claro que o inverso é verdadeiro, docemente real. A intimidade e a dignidade trouxeram de volta os momentos de carinho e de descoberta, tão ricos em famílias que desenvolvem ações pró-ativas e enaltecedoras; a convivência será alegre e firme, demonstrando que juntos se faz pessoas mais fortes. A união realmente conduzirá a todos num mesmo caminho.

Pensem comigo: quantos amigos que víamos apenas lá e cá e, hoje, temos conversado pelo computador, pelas ligações, pelas lives, muito mais do que nos dois últimos anos? Quantas não são as vezes que, mesmo ocupados em nosso confinamento, paramos para conversar com alguém que não tínhamos visto nos últimos 24 meses? E trocamos mil informações, rimos, fazemos planos futuros e despedimos já com saudades? Esta magia se refez com o isolamento social. E isto nos assegura que nada será como antes.

Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está, amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

Quando penso no descobrir do mundo online a que estamos submetidos nesta quarentena (eu já disse antes, que seria uma centena), e vemos que os escritórios, os laboratórios e as grandes partes administrativas do município, estado e país estão sobrevivendo, com menos gastos, menos funcionários e menos pessoal de retaguarda e operacional, é impossível que não percebamos que o mundo dos negócios mudará.

Certamente teremos muitos cortes de funcionários e muitos processos adaptativos e transformações nas instituições. Sejam elas quais forem; imaginem as escolas, com o advento da comunicação mediada, de certo modo tão impessoal e de uma efetividade a ser provada no futuro, mas gastando menos e atingido resultados próximos do presencial. Qual será a futura atitude da administração, que além de cumprir metas no mundo corporativo, tem que manter os seus cofres cheios? Como será o futuro processo de adaptação?

Manteremos os mesmos docentes, que no futuro estarão mais midiatizados e mais fluentes diante de tantos aplicativos e ambientes virtuais que, facilmente superariam muitos repórteres ou artistas televisivos, ou optaremos por lives e outras formas modernosas de comunicação em detrimento do contato humano? Não se trata de uma leitura humanizada, nem de uma alusão às leituras de Marshall McLuhan, da década de 70/80, porém assusta porque o futuro de que falamos é o de logo ali: o futuro após o confinamento. Como será na escola? Ela jamais será a mesma, porque seus artistas jamais serão os mesmos, já que os palcos não serão, igualmente, os mesmos.

Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã

Então, sendo indelicado, as famílias também serão outras. Mesmo porque teremos muitas delas desmanteladas (mais) após o advento da pandemia (atenção para a palavra advento); muitas delas serão desnucleadas, por não terem conseguido aparar arestas que se mostraram pontiagudas e agressivamente afiadas, sem possibilidade de negociação e respeito à liberdade e vontade do outro.

Por outro lado, algumas delas serão fortalecidas e se remodelarão, redescobrindo novos valores e propostas, novas formas de união e solidificação, diante do imprevisto. Sem desespero e sem aflição, apesar de medrosas, como todos estão. E estaremos ainda por um bom tempo. Estas famílias, também, terão outro formato; somente porque nada será com antes.

Pensar em algo maior? Sim, vamos lá. Os estados serão outros porque precisarão descobrir novas formas de gerar energia e prover seus habitantes, alguns já muito sofridos, outros já bem enganados e outros, ainda, esperando dos governantes um rumo a seguir. Isso já não acontecerá jamais: teremos posse de nosso mapa da Vida; seremos donos de nossos caminhos. O Estado será outro, porque o cidadão será outro.

OUTROS ARTIGOS DE AFONSO MACHADO

MISTÉRIOS INEXPLICÁVEIS

EDUARDO, EU TE ENTENDO

CONFINAR PARA CRESCER

A economia terá nova cara, a medicina será mais valorizada, o estudo, o saber, a pesquisa e a partilha de informações serão muito mais valorizados. A comunicação manterá seu ar de poder, mas não terá lugar para os blogueirinhos de plantão: a sociedade valorizará o estudo, a Ciência, a liberdade da descoberta e da informação. Quero acreditar que os ditadores com perfil de governantes e os governantes com perfil de ditadores serão banidos e o Homem retomará sua marcha.

Sem esperar que o Armagedom faça a distinção entre o Bem e o Mal, arrebatando apenas este ou aquele. Não, não acredito nisso. Creio que aqueles que formarão a sociedade do futuro terão posse de seus caminhos, serão senhores de suas vontades, terão discernimento diante do bem e do mal, porque se reforçarão no uso e aplicação da Ciência. A nova geração será mais espiritualizada, porque conheceu a dor física, a dor moral, a dor espiritual. Acredito (e espero) que sejamos mais humanos. Sonhador? Não; consciente apenas. Minha lucidez me dói, mas gosto de mim assim. (Foto: www.israel21c.org)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

VEJA TAMBÉM

COMO A VACINA CONTRA A GRIPE PODE AJUDAR NO DIAGNÓSTICO DO CORONAVÍRUS?

OS 103 ANOS DA ESCOLA PROFESSOR LUIZ ROSA

NA FISK DA RUA DO RETIRO TEM CURSO DE LOGÍSTICA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES

PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI