O italiano Simone Sam Ambrosio, de 29 anos, conviveu anos e anos com a dor de Talita Marquesa Diniz. Eles se conheceram na escola há pelo menos duas décadas. Talita é brasileira e foi adotada por um casal italiano nos anos 90. Achava que a família brasileira não a queria mais e a entregou para a adoção. Simone acabou se casando e passou a fazer parte da busca de Talita pelo seu passado. Ele foi além: criou uma página no Facebook para ajudar outros brasileiros a acharem as famílias biológicas assim como a esposa achou. “Ela é uma pessoa afortunada. E eu gostaria de ajudar estes jovens a ficarem felizes, assim como a Talita está hoje”, contou. A página recebeu o nome de Nato a São Paulo, ou Nascido em São Paulo, e é um atalho entre a Itália e o Brasil (ilustração acima).
ENTENDA A HISTÓRIA DE TALITA:
“ENTENDI RAPIDAMENTE QUE NUNCA MAIS VERIA MINHA FAMÍLIA”
TALITA E OZENI, REENCONTRO QUE PODERIA TER OCORRIDO DOIS ANOS ANTES
Simone trabalha na administração de um hospital. O envolvimento dele com a situação de Talita foi tão grande que ele aprendeu a falar português. Passou a revirar a internet até que achou um post publicado na revista IstoÉ. Era a irmã de Talita, Ozeni, que estava indignada com as adoções que ocorriam em Jundiaí. O casal respondeu. Mas, Ozeni nunca mais voltou ao post. As duas só vieram a se encontrar dois anos depois. Pela internet, novamente.
E é através do mundo virtual que Simone decidiu que irá ajudar outros brasileiros. Ele e Talita conhecem vários vivendo na Itália, nascidos em Jundiaí, Itupeva e Itu. “São jovens infelizes, assim como Talita era. Não sabem muita coisa sobre a própria origem. Lembram de coisas que muitas vezes são mentiras. Eles não têm confiança e não sabem como fazer para procurar seus parentes biológicos”, explicou Simone. Foi exatamente o que ocorreu com a mulher dele. Passou anos achando que os pais a tinham entregado para a adoção. Não é a verdade. A mãe de Talita passava por dificuldades financeiras e deixou que uma amiga cuidasse da menina. Só que a mulher a agredia. Na escola viram as marcas da violência e os agentes do Juizado de Menores foram chamados. Daí para a Itália foi um pulo.
Segundo Simone, na Itália nunca se comentou a respeito das adoções que foram destaque na mídia brasileira no final da década de 90. “Lembro que um jornal publicou uma nota pequena há muitos anos. Algo sem destaque. Acho que aqui ninguém sabia do que ocorreu com essas crianças que vieram para a Itália. Ninguém pergunta, ninguém se informa. Quem sabia não falou nada. E a maioria prefere nem saber”, afirmou Simone.
Apesar das facilidades proporcionadas pela internet, Simone afirma que a busca por famílias brasileiras não é fácil. Ele conversou com Liza Silva, da ONG holandesa que localizou os parentes de dois irmãos que estão vivendo naquele país (veja link abaixo). Liza passou o caminho das pedras para que o projeto de Simone dê certo. Na Itália não há nenhuma organização que cuida da reaproximação de adotados e pais biológicos. “Estou muito feliz com este projeto. Tenho certeza que a situação vai melhorar e vamos ajudar muitos jovens. Mas precisamos encontrar a pessoa certa no Brasil para colaborar conosco. A burocracia no Brasil faz com que tudo seja muito fechado. Não há um cadastro de crianças adotadas de livre acesso pela internet. Um dia vamos achar essa pessoa que vai nos ajudar. Aí, tudo ficará melhor”, concluiu Simone.
Nato a São Paulo avisa: Per tutti coloro che cercano la famiglia di origine o il figlio che non vive più con loro. potete mettere annunci e se possibile vi aiuteremo. Em Português: “para quem procura a família de origem ou o filho que não mais vive com eles. Você pode colocar anúncios e, se possível, o ajudaremos”. O endereço da página no Facebook: @natoasanpaolo. O e-mail: natoasanpaolo@gmail.com.
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