O 1º NEGRO a jogar futebol num clube nasceu em Jundiaí
Miguel do Carmo nasceu em Jundiaí no dia 10 de abril de 1885. Quando menino, morava em uma daquelas históricas casas da Rua Abolição, reservadas a funcionários da Companhia Paulista. Cresceu e foi trabalhar como ferroviário. Em Campinas, ajudou a fundar a Ponte Preta e jogou na ‘Macaca’. Foi o primeiro negro a atuar por um time de futebol no Brasil. Miguel se casou e teve 10 filhos. Morreu jovem, aos 47 anos, em 1932.
No final do século 19, Miguel do Carmo era segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em Campinas. Seria só mais um dos que se empolgaram com o futebol, esporte que havia acabado de chegar ao país, não fosse um detalhe que, para a época, era importantíssimo: a cor de sua pele.
Negro, nascido três anos antes da abolição da escravatura no país, Miguel do Carmo se tornou o primeiro afrodescendente a jogar futebol por um clube brasileiro. Nas primeiras partidas da Ponte, logo após a fundação do clube, em 1900, Miguel jogava como “center-half”, ou, traduzindo, no meio de campo.
Era uma situação impensável para a época. Os times times que praticavam o futebol no Brasil eram da elite branca. Alguns deles tinham regras que proibiam explicitamente a presença de negros em seus quadros. Arthur Friedenreich, um dos maiores atletas da era amadora do futebol, filho de pai alemão e mãe negra, alisava os cabelos crespos antes de entrar em campo.
O Vasco da Gama é reconhecido como primeiro a superar o preconceito no país. Em 1923, chocou o Rio de Janeiro ao vencer Flamengo, Botafogo e Fluminense, clubes da alta classe carioca, e conquistar o campeonato local com um time formado, principalmente, por negros e mulatos. Outros apontam o Bangu, também do Rio, como o primeiro a aceitar um jogador negro, ao ter o apoiador Francisco Carregal no meio-campo, em 1905. Ambos são citados pelo jornalista Mário Filho no livro “O Negro no Futebol Brasileiro”, publicado em 1947. Agora, a Ponte Preta quer ser reconhecida por colocar em campo o primeiro negro do futebol brasileiro(foto acima).
“O Miguel jogou pela Ponte Preta até 1904, quando foi transferido pela Companhia Paulista para Jundiaí”, conta o historiador José Moraes dos Santos Neto, responsável pela pesquisa que pretende realinhar a cronologia da participação de negros no futebol. Além disso, pouco se sabe a respeito dele.
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“Quando começamos a documentar o início da Ponte, tínhamos as escalações dos times. Mas ninguém sabia quem era branco ou negro. Então fomos atrás, família por família”, explica Santos Neto, que encontrou apenas um documento de Miguel do Carmo: uma carteira de registro, com foto, de seu emprego como ferroviário. Há, inclusive, a suspeita de que outros jogadores daquele time de 1900 fossem descendentes de africanos.
A incerteza se dá pela falta de documentação. Os jornais ignoravam o novo esporte. “A imprensa só começaria a cobrir o futebol em 1908, quando há uma tentativa frustrada de criação de uma liga competitiva”, explica Santos Neto.(Texto publicado no Facebook ‘Jundiaí Antiga em Fatos, Fotos e Versões’, do professor Maurício Ferreira)
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