Negros idosos estão mais vulneráveis ao Covid, diz professor da FMJ

NEGROS

O professor adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Jundiaí(FMJ), Alexandre Silva(foto), 42 anos, participou de  webinário realizado por Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e Fundo de População das Nações Unidas(UNFPA). O evento discutiu a taxa de letalidade do coronavírus(Covid 19) nas população negra do Brasil. Alexandre lembrou que existem grupos sociais, como negros idosos e pobres, que estão expostos aos mais diversos tipos de vulnerabilidades. “Mas é perceptível que a pandemia possui um acometimento desigual, pois em qualquer faixa etária, se observa que o óbito é maior para pessoas pretas e pardas no Brasil”, afirmou ele durante o webinário. A entrevista com o professor da FMJ, que também é doutor em Saúde Pública, gerontólogo, mestre em Reabilitação, membro do Grupo de Trabalho(GT) Racismo e Saúde, entre outras atividades:

Quais os objetivos deste webinário?

Estes assuntos sempre existiram na nossa sociedade. Então, foi necessário redirecionar as ações e as forças para contribuir no combate ao coronavírus no Brasil e fazendo conexão com outras partes do mundo.

O senhor tem números que demonstram a vulnerabilidade das pessoas idosas, negras e pobres nesta pandemia no Brasil?

O que temos hoje são dados secundários já analisados por outras pessoas. Eu tenho divulgado e contextualizado estes resultados sobre a pandemia. Estes números refletem condições pregressas de pessoas idosas, negras, pobres ou não.

E em Jundiaí?

Não tenho dados da cidade. Mas, o que observo, tanto pela Prefeitura como pelos colegas professores, é que a cidade está fazendo um trabalho adequado, respeitando as recomendações internacionais, buscando manter a testagem, reforçando as medidas de segurança.

Há muitos questionamentos sobre os dados que são divulgados sobre o coronavírus, aqueles gráficos com número de mortes, internados, pessoas que tiveram alta. O que o senhor pensa destas estatísticas?

O GT Racismo e Saúde sempre questiona os motivos para a não divulgação de dados do coronavírus a partir de indicadores sociais, cor da pele, idade, território. Estas informações poderiam ajudar a pensar e repensar a eficiência de medidas que estão sendo tomadas.

Os negros deveriam estar incluídos no grupo de risco? Quais as razões desta vulnerabilidade?

Estes dois conceitos aparentemente são semelhantes. Mas não são. A gente costuma dizer que os negros estão em situação de risco. É o mesmo que ocorre com os idosos. Parece que o problema todo que estamos vivenciando é culpa deles. O que temos é um cenário que os colocou sob risco. Se você tiver um idoso em boas condições de saúde, ele não é do grupo de risco. A mesma coisa para a pessoa negra. Se ela estiver saudável, com doenças controladas, com bem-estar físico, mental e social, não fará parte do grupo de risco. Não queremos usar este termo ‘grupo de risco’ e sim ‘em situação de risco’. A falta de assistência social, o subemprego, coloca estas pessoas em situação de vulnerabilidade e deixam os idosos e negros, além de outros grupos sociais, com maior exposição ao vírus.

Como resolver esta questão?

O combate a isto passa pelo respeito à vida. Todas as vidas são importantes. Não podemos pensar que durante a pandemia a curva vai começar a diminuir e ao mesmo tempo pensar em retomadas, fato que não vem ocorrendo agora. Primeiro, o mais importante é a vida. Para um sistema de saúde isto pode ser mais um número. Para as famílias que perdem uma pessoa querida, isto é uma história, é motivo para adoecer quem fica. Aqueles que deveriam ter planejado e não o fizeram, agora precisam traçar estratégias. É preciso valorizar mais o CPF do que o CNPJ. Precisamos de mais diálogo entre as diversas instâncias federais, estaduais e municipais para criação de planos orquestrados de acordo com a situação de cada território, mas sempre olhando o outro com empatia. Está comprovado que o isolamento social funciona. Isto precisa ser feito da melhor forma possível, além das medidas sanitárias. Temos de respeitar o que as evidências científicas mostram e que deram bons resultados em cidades ou até mesmo países. (Foto: novamaturidade.com.br)

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