Carlos Eduardo Filippon Stein(ao lado), o Carlos Stein, é o guitarrista da banda Nenhum de Nós, consagrada por sucessos como “Camila Camila” e “Astronauta de Mármore”. Ele também fez parte do Engenheiros do Hawaii. Stein afirma que os anos 80 foram fantásticos para o rock nacional e teme que não se repitam. A entrevista com Carlos Stein:

Como surgiu o Nenhum de Nós?

Começamos a ensaiar em 1984, 85, por aí. Assumimos a data de nascimento da banda a partir de nosso primeiro show com o nome Nenhum de Nós no dia 5 de outubro de 86. O grupo surgiu a partir da amizade entre eu, Carlos, o Sady e o Thedy. Resolvemos investir na ideia de ter uma banda naqueles dias porque sempre foi um sonho nosso e, aparentemente, era o que quase todo mundo estava fazendo.

Vocês vieram antes ou depois de Kleiton e Kledir, também gaúchos? 

Depois. Na verdade bem depois dos Almôndegas, que foi a primeira banda deles e uma de nossas inspirações para começar.

Eles abriram caminho para vocês?

Certamente. Não só eles, claro. Tinha o Saracura também. Mas os Almôndegass foram uma de nossas influências.

‘Camila’ e ‘Astronauta de Mármore’ foram os grandes sucessos de vocês nos anos 80? Como teria sido a carreira do Nenhum de Nós sem estas músicas? 

É difícil afirmar categoricamente, mas acho que não teria sido tão longa.

Hoje, nos shows, os filhos daquela geração curtem estas músicas? Cantam junto? 

Sim. É uma de nossas maiores alegrias e um dos fatores que associo a nossa longevidade. Nossas músicas ainda parecem ser relevantes para os jovens, não somente para aqueles que testemunharam nosso surgimento.

Isto deve-se à influencia dos pais ou porque são duas músicas realmente fora de série? 

Bom, prefiro que outros as qualifiquem assim, mas acho que se as músicas fossem ruins nem toda influência do mundo os convenceria a ouvir, não?

Estão na ativa ininterruptamente? 

Sim. Nunca paramos.

Quando olham para trás como analisam os anos 80? 

Foi um período fantástico para o rock brasileiro. Temo que não venha a se repetir. Aconteceu de grupos de amigos com interesses musicais comuns criarem bandas. Elas pareciam surgir de todos os lugares todos os dias. Assim como proliferavam lugares para se tocar. Vivemos um sonho. Foi fantástico ter feito parte daquele momento.

Para a economia foi a década perdida. E para a música? 

Foi um daqueles momentos anticíclicos. Acho que o fato de vermos tão poucas perspectivas nos levou a criá-las de algum jeito. Vejo uma situação diferente de hoje em dia. A economia está bem ruim, mas parece haver uma certa aversão ao risco em relação a trabalhar com música.

Ouve rádio? Se sim, percebe que de 5 músicas tocadas, pelo menos três são dos anos 80(sejam internacionais ou nacionais)? Aquela década será sempre ‘infindável’? 

Ouço rádio sim. Mas acho que a garotada não está ouvindo. Nossa geração criou um vínculo forte com as rádios. Naqueles dias, elas pareciam, como nunca, tocar as canções que a gente queria ouvir.

Afinal, o que pode explicar o surgimento de tantas músicas, bandas, cantores de qualidade num espaço de tempo tão curto?

Além do que já comentei, havia uma inédita predisposição do público em adotar as bandas e ver nelas uma espécie de porta-voz. O retorno do público foi, sem dúvida, fundamental para aquilo ter acontecido.

Qual o fato mais importante que Nenhum de Nós viveu nos anos 80? 

Aquele foi um momento cultural único. Ter começado naqueles dias foi incrível.

Como é saber que fizeram parte de um dos movimentos mais importantes da música brasileira? 

É fonte de muito orgulho. Na verdade, quando entramos no mercado, parecia que não haveria espaço para mais ninguém. Fomos um pouco tardios. Mas hoje somos uns dos poucos representantes dos 80 em atividade, ainda mais mantendo a formação original. É muito bom ser associado àquele movimento. Ainda mais que a grande maioria das associações busca ver o lado positivo de nossas tentativas musicais.

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Tinham noção disto na época? Que era uma espécie de movimento?

Sim. Mas nos considerávamos um pouco marginais a ele. Talvez porque fôssemos do Sul, ou porque surgimos um pouco mais tarde.

Poderiam ter feito algo diferente naquela época? Arrependem-se de algo?

De pequenas coisas. Mas acho que o retrato final não seria muito diferente.

Qual a percepção de vocês em relação ao tempo? Passou rápido demais? 

Sem dúvida. E continua acelerando.


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