A curiosidade chega a ser uma doença, não é? Todo mundo querendo saber o nome da minha aluna, do ensaio passado. Claro que mudei profissões e informações, por questões éticas, mas a tentação de dizer quem é também me corrói. Sorte que sou educado (quando quero ser). Entretanto, quero deixar claro que esta Poliana que desfila altiva pelos salões jundiaienses não o faz solitária: muitas outras e outros vivem no mundo fantástico da fantasia. Temos muitas Alices e ‘Aliços’ que flanam por terras de Petronilha. A escolha é deles…

Mas, os deixem! Se são felizes nos sonhos deles: de dementes e mentirosos, todos temos um pouco.  Desde o pai de família que perdeu tudo em jogatina, mas empina o nariz e avança como se fosse o último bastião da seriedade, até os jovens, produtos de famílias estranhas com gentes esquisitas, que posam ares fleumáticos de netos da realeza britânica, quando na verdade mal herdam seus sobrenomes.

Acorda, Alice….

E, depois de minha cirurgia de quadril, tive que cair onde menos gostaria: fisioterapia. Sou muito descrente nos exercícios repetitivos. Por ser de área de formação próxima e por haver trabalhado com esporte de alto nível por longo tempo… Mas seria inevitável passar pela fisioterapia, visto que o sucesso da cirurgia dependeria desta etapa.

Tenho muitos amigos fisioterapeutas aqui e em Rio Claro, inclusive lá eu contaria com a estrutura física da UNESP, o que contaria a favor. Entretanto, como já estava direcionado a aposentadoria, resolvi ficar por aqui, assim poderia ficar em minha casa, com meus conhecidos e amigos e poderia fazer uma escolha mais calma e cautelosa.

Optei por questões mais tradicionais e convencionais, justamente pela dificuldade que tinha em entender o trabalho fisioterapêutico, não por discordar, mas por ser muito ativo e precisar de algo que me prendesse na prática de ser paciente, sem ser doente. E fiz minha escolha. Fui atrás de um amigo de mais de 40 anos, que atendeu meus atletas nas seleções jundiaienses, paulistas e brasileiras. Expliquei a situação, pus meu médico em contato com ele, pedi orientações de ambos e comecei o tratamento.

Todo procedimento clínico veio seguido de explicações teórico-práticas, o que me deixava confortável, por entender e poder participar, com dinamismo, de tudo o que me era proposto. O início foi cruel, porque tudo doía, tudo incomodava, mal me movia; diferente de hoje, em que tenho autonomia e velocidade de movimentos. Mas continuo na fisioterapia porque quero mudar um percurso que se me apresenta.

Num desses dias, estou eu lá na bicicleta ergométrica, pedalando e ouvindo conversas (outra coisa interessante: sou um analista de conjuntura) até que uma fala me despertou imenso interesse: dois pacientes que fazem seus tratamentos no meu horário traziam cartas de seus médicos, para nosso fisioterapeuta. Despertou-me curiosidade porque uma carta era do Sírio e Libanês e outra era da AACD, duas tremendas entidades na área.

E de que se tratavam? Eram cartas parabenizando o profissional, pela recuperação e manutenção das habilidades motoras e um convite a ele para que fosse até estas instituições para iniciar um contato mais próximo e garantir trocas de experiências e pacientes. Isso nos encheu de alegria, porque era o reconhecimento de nosso fisioterapeuta que, para nós já era grande, e com estas cartas ficou maior.

Como Jundiaí tem profissionais bons e bem formados, trabalhando em silêncio, sem ostentação e com categoria. Senti-me orgulhoso em poder dizer ao Gonçalo Miguel Carvalho Junior que eu sempre confiei no trabalho dele. Parabéns Gonçalo, pela sua humildade! Parabéns por nos colocar curados e manter nossa autoestima em alta. Parabéns Jundiaí por ser um celeiro de bons profissionais, que em suas clínicas ampliam o desejo de vida de seus clientes-amigos.

Perguntam-me sobre o silêncio. E eu respondo, na medida em que as questões vão sendo propostas, visto que nem todos querem saber as mesmas coisas. Não, não há idade de prevalência para o silêncio: ele é existente nas infâncias, nas adolescências, na idade adulta e na senilidade. Se é pior em uma faixa do desenvolvimento do que em outra? Não, ele é ruim e perigoso em qualquer momento da vida, apenas apresenta características compatíveis com a faixa etária em que se manifesta.

Crianças costumam se silenciar no decorrer do dia, em especial diante de alguma negativa de seus pais ou cuidadores. Este silêncio não deve ser longo e geralmente se dissipa, quando mudam o foco e passam a brincar ou realizar outra atividade; preocupa o fato de não haver alteração de comportamento e aquele silêncio pesado se tornar persistente, sem aparente motivo.

Evidente que pais e cuidadores devem estar atentos diante de mudanças de comportamentos e humores, de seus pequenos (aliás, deveria ser rotina, até final da adolescência); tal zelo auxilia a mapear e perceber situações que possam trazer indicadores de conflitos ou questões conflitantes. Se percebidas em sua origem, tudo toma outra feição e possibilita inúmeras saídas e intervenções.

Com adolescentes, levando em conta a elasticidade desta faixa de desenvolvimento (uns entram na adolescência aos 10-12 anos; outros aos 14-15 anos; uns fecham a etapa aos 17-18 anos e outras aos 23-25 anos) tem sua seriedade estampada diante da pluralidade de eventos ofertados e vividos pelos adolescentes: mais amigos, mais festas, mais atividades, mais descobertas, mais ensaios de vida adulta e consequentemente mais possibilidades de sucessos e frustrações.

Mentira que esta etapa do desenvolvimento humano é cercada de silêncios; é uma etapa como outras e sua característica principal é o volume hormonal exacerbado que é lançado no corpo, levando a picos de euforia ou a picos de reflexão e silêncios prolongados. Mas são picos, são oscilações e não rotina; no meio de tudo isso existem situações típicas da fase e que se caracterizam por importância vital.

Dentre estas situações, temos a escolha do primeiro amor, a primeira experiência sexual, a desenfreada escolha da profissão do futuro. São marcos que definirão um futuro que tende a ser promissor, quando tudo sai adequadamente; seria de se entender aqueles silêncios pontuais, diante de uma escolha e outra, entretanto é para termos olhares atentos quando estes silêncios se tornam frequentes e longos.

Quando a vitalidade já não se faz presente com frequência, nem o sorriso e a brincadeira somem da existência deste adolescente, algo sinaliza que é preciso maior atenção. Um encaminhamento e um apoio que podem ser expressos num bom ouvido e num bom abraço. O acolhimento é a maior arma contra o silêncio presente. No adolescente, nem sempre é fácil perceber a situação, devido a sua maior capacidade de simular e de disfarçar sua emoção; sua habilidade social favorece que ele se camufle em questões de segundos, dissimula seu sofrimento e sua euforia com maestria.

Optar pelo afastamento e solidão, ser reticente e cabisbaixo, andar e viver pelos cantos, trazer conversas doídas e exemplos trágicos são sinais a serem observados e solicitar atenção mais contundentes e eficaz. Um diálogo aberto e caloroso só terá bom final se ele aceitar falar, o que não é rotina; vale lembrar que a conversação deve ser estimulada e mantida, sem cobranças e sem promessas, pois para o adolescente seu interior é incomensuravelmente enorme e dolorido.

Na idade adulta acontecem os primeiros feitos de realização da continuidade: os filhos, as despesas, a família, os novos sonhos. Muitas novidades que não favorecem experimentos: é o momento de realizar e não de experienciar. A vida não favorece treinos, mas ações diretivas e é isso que se espera dos adultos: assertividade. Vez ou outra um temor ou um questionamento maior podem tumultuar a existência daquele que se sente responsável por coisas outras além de si só.

O silêncio adulto vem envolto nas responsabilidades diárias e nem sempre se dissipa com facilidade. Este silêncio precisa de uma atenção maior e mais profunda, para que possa ser diluído e se transforme em ações edificadoras e suaves. Todas as propostas em contrário apenas concorrerão para que o silêncios e perpetue em forma de dor e inquietação, começando uma fase difícil e dolorida.

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Na maturidade senil já vemos outro quadro: o de finalização de uma etapa, de percepção de pouco tempo para realização de grandes sonhos, de perda de amigos de longa data, de isolamento físico dos demais entes queridos. Sim, a velhice traz estes comprometimentos que devem ser combatidos antes que silenciem toda uma vida.

Doenças e cuidados paliativos, alimentação adequada, alteração das habilidades motoras acabam povoando as habilidades cognitivo-afetivas que são alguns dos pontos a serem considerados, antes de serem pontuados por silêncios. Aqui o silêncio se torna num passaporte para o encerramento da etapa, de modo tal que é preocupante e constrangedor a situação silenciosa. Mentira quem acredita que idoso gosta de silêncio; idoso gosta de vida e vida é dinamismo, é agitação. Adequadamente.

Acredito que tenhamos avançado mais sobre o propósito de analisar o silêncio, em suas etapas de desenvolvimento; as características das várias etapas se fazem presentes, sempre. O contexto deve ser sempre contemplado, para que possamos enxergar a totalidade da vida, além de ser a forma ideal para se ter enquadramento perfeito entre o ser, o sentir, o pensar e o fazer.Percebamos: o silêncio só é bom quando é curto e prazeroso. Não é um comportamento a ser perpetuado.(Ilustração: Disney)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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