Quem já não fez essa pergunta ao comprar um novo notebook? Se o motivo foi memória insuficiente, pode-se pensar em mantê-lo, e usar para outros fins: lidar com textos, ouvir música…tá valendo! Mas e se quebrou mesmo? Aí o destino é o descarte. Tem algum lugar perto? No bairro? Na cidade? Mas, eles retiram? É gratuito? E se não tiver nada disso…como faz?
Bom, para quem está mais envolvido na área ambiental, ou recentemente passou pelos ensinos médio e universitário, já ouviu falar nos 3 R´s: reduzir, reutilizar, reciclar, nessa ordem. Ou seja, reduzir o consumo de embalagens, de produtos de toda ordem, se não for possível, reutilizar para fins diversos da serventia original. Por exemplo, a caixa “K” (de 18 kg, utilizada para transporte de tomates), pode virar, com bom gosto e criatividade, prateleira e nichos de madeira para livros. E como último recurso, a reciclagem, na qual se aproveitam os componentes dessa caixa, usando o mesmo exemplo, as tábuas de madeira aproveitáveis que a compõem, para outro produto ou para fazer novas caixas.
Voltando ao nosso laptop: o ideal seria que a administração de cada município, na sua gestão, tivesse planejamento para esse tipo de descarte. Detalhe mais que importante: essa previsão não pode estar no apenas no papel, respeitando o grande avanço da Lei nº 12.305 de 5 de agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual obriga-se, em todo território nacional, a dar-se destinação adequada aos resíduos eletroeletrônicos.
Para sabermos do que estamos falando, vamos aos números: de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), só esse ano de 2017 o mundo deverá descartar ao menos 50 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico, os celulares, laptops, televisores. Não dá nem para imaginar os zeros: uma tonelada são 1000 quilogramas, 50 milhões…uau! A América Latina (América do Sul, América Central e México) foi responsável, em 2014, por 9% do material descartado e, focando no Brasil, registrou-se a quantidade de 1,4 milhão de tonelada para tipo de material, com uma taxa pouco expressiva de destinação correta. Falando o português claro: praticamente tudo para o lixo!!
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Portanto se estamos falando em ações próximas de nós, públicas e municipais, um local apenas para recepção, na cidade, de difícil acesso ou a promoção de um dia por ano para recebimento desses resíduos, normalmente no dia 5 de junho, dia do meio ambiente não farão frente, nem por brincadeira, ao desafio que se tem pela frente. Não são com medidas paliativas que se conseguirá refrear o acúmulo desse material, contaminante para o ambiente e para os seres humanos, devido aos componentes como plástico, vidro e especialmente pelos metais pesados contidos em seus mecanismos.
A eficiência da ação e dos resultados requer estratégias públicas entrelaçadas com as várias secretarias e seu pessoal técnico, resultando em ações educativas duradouras e diferenciadas; vários locais, permanentes, distribuídos por toda a cidade; metas para sua multiplicação e melhorias contínuas, sempre decidindo e ajustando com a comunidade nas áreas centrais e nos bairros, nas associações, paróquias etc.
Não podendo o poder público arcar com estratégias eficientes, há a iniciativa privada, que com ele poderão fazer parcerias para chegar ao objetivo almejado: tirar de circulação, reciclando ou reusando esse material nocivo.
Iniciativas no Sebrae são bem legais, ensinando o passo-a-passo na abertura de empresas com essa finalidade, olha só: http://bit.ly/2xXFbvg. Acompanha cartilha disponível para download, em .pdf, (file:///C:/Users/Eliana/Downloads/Reciclagem%20de%20lixo%20eletr%C3%B4nico.pdf) tudo bem explicado e inspirador para um negócio lucrativo, que vai ao encontro de metas ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente sustentáveis, o nosso “tripé” da sustentabilidade.
Mas poderia a administração pública fazer essa parceria com outros grupos, pessoas, coletivos? Quem falou em cooperativas, acertou! No próximo artigo traremos experiências bem sucedidas sobre isso.
Para reflexão: e se expandíssemos um pouco a ideia de redução de consumo, acreditando ser possível “driblar” as normas implacáveis do mercado que nos apresentam (e nos impõem) o mais novo, o mais bonito, o mais eficiente, o “mais-mais”? (foto principal: http://istockpho.to/2xSlSG1)
ELIANA CORRÊA AGUIRRE DE MATTOS
Engenheira agrônoma e advogada, com mestrado e doutorado na área de análise ambiental e dinâmica territorial (IG – UNICAMP). Atuou na coordenação de curso superior de Gestão Ambiental, consultoria e certificação em Sistemas de Gestão da qualidade, ambiental e em normas de produção orgânica agrícola.