O CENTRO HISTÓRICO de Jundiaí

Caracterizado por edifícios do século 19, início do século 20 e também pelos prédios modernos das décadas de 1950 ,60, 70 e 80, o centro histórico de Jundiaí com seus mais de 300 anos possui um conjunto peculiar.

Os 400 edifícios distribuídos pelas ruas estreitas formam uma paisagem difusa e de difícil compreensão. Mas se olharmos com mais atenção veremos que essa mistura não altera o conteúdo estruturador da cidade histórica que é.

Desde o século 18, as construções no centro da cidade foram feitas nos limites dos lotes e se juntavam uma em sequência a outra como era regra no período colonial. Com influências portuguesas, quase nada sobrou desse período.

No alinhamento se iniciava as construções em taipa (técnica de construção com barro). As fachadas caracterizadas pelo que se usava em cada tempo, esses edifícios formaram nossas ruas centrais.  As residências e sobrados foram feitos dessa forma até o século 19 em taipa.

Por volta de 1870, os imóveis passam a ser construídos com tijolos, predominaram e continuam lá. Imigrantes venetos foram os autores e pedreiros dessa cidade italiana de tijolos. Hoje descaracterizadas e com remanescentes que o comercio de massa deixou passar. Na rua do Rosário conviviam casas de taipa e de tijolos(foto acima).

O livro ‘Núcleos Coloniais e Construções Rurais’(2007), de minha autoria, mostra a presença dos imigrantes e dos tijolos que se deu tanto no centro quanto nas novas propriedades rurais. A história dos pedreiros e dos imigrantes italianos nas cidades que tiveram Núcleos Coloniais foi estudada. Os Núcleos Coloniais estruturaram a metrópole, Ribeirão Preto e outras cidades paulistas.

Os estudiosos de história da arquitetura – Carlos Lemos, Nestor Goulart Reis Filho, Benedito de Toledo – identificam a influência italiana que veio com toda a força desenhar nossos prédios desde o fim do século 19 até meados do século seguinte.

Acertadamente, São Paulo foi chamada de Cidade Italiana em 1900. O mesmo, e por muito mais tempo, Jundiaí também ganhou esse título. Marcou a cultura, economia, agricultura, os modos de fazer e a industrialização.

Mais requintados, tendo influências neoclássicas e das Beaux-Arts, o edifício que abrigou os correios tem a harmonia de seus congêneres e contemporâneos do centro de São Paulo, Milão, Lisboa ou até em Havana.

O edifício dos Correio, foi proeminente no antigo largo da Matriz. Se destacou por anos como lugar público, de acesso livre, serviço eficiente e moderno; sua arquitetura marcante roubou a atenção dos edifícios vizinhos. Claro que esse destaque permanece até hoje e é desejável que continue.

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eduardo-pereiraEDUARDO CARLOS PEREIRA

Arquiteto  desde 1974 com  escritório em  Jundiaí. Diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil Núcleo de Campinas. Conselheiro, sem  voto, no COMPAC  Jundiai. Orientando do professor Pietro Maria Bardi, na pesquisa “Construções Rurais de Imigrantes Italianos no Núcleo Colonial Barão de Jundiaí” e “A Presença Italiana no Brasil”, pelo qual recebeu prêmio de pesquisa do Instituto de Arquitetos do Brasil – SP, em 1988. Publicou o livro  “Núcleos Coloniais e Construções Rurais”, em 2006.