Desde que fui eleito, em 2016, venho aprendendo dia a dia com a política. Algo que admiro e encorajo é a participação das pessoas em modificar o seu redor, melhorar seu bairro, sua cidade ou país em parceria com seus representantes públicos. No entanto, também neste aprendizado diário, vejo como a real participação popular – sem fins eleitorais, partidários ou revestida de qualquer interesse – é rara e me parece se sentir distante desta parceria que poderia existir. O maior exemplo é vermos que Jundiaí possui importante instrumento de democracia, a chamada Tribuna Livre – tão legítima e ativa desde 2013 -, mas quase sempre utilizada por quem faz desta ferramenta um palanque. A real participação popular, portanto, me parece ausente em nossa tribuna.
Aqui não critico pessoas específicas que participam da Tribuna Livre. O espaço, de fato, é livre. Faço apenas uma análise de como ocorre essa participação e de quais são os sinais que esse cenário nos mostra. Reconheço merecidamente que, em muitos momentos, a tribuna permitiu a presença daqueles que lutam por suas causas, sejam quais forem. Vimos mobilização legítima por categorias, trabalhadores, entidades voluntárias e o terceiro setor ativo na cidade. Vimos ganhar coro as vozes dos descontentes com determinadas medidas, dos favoráveis em relação a outras, dos entusiastas de algumas frentes, dos que se preocupam com a cidade, dos que nos mostram contrapontos e fazem necessárias observações, ou seja, dos que contribuem para a prática da democracia.
Por outro lado, em maioria, vimos também a tribuna ser usada por quem almeja ser candidato às eleições (dos ambientes privados às ambições públicas); por quem já foi candidato e desmerece o cargo ao qual justamente concorreu (o de vereador); por quem se diz aliado a movimentos sociais mas defende partidos e usa seu próprio espaço na tribuna como forma de mostrar força às siglas para tentar ser candidato e assim por diante. Vimos interesses variados, menos o da construção, da informação apurada, do cuidado com o coletivo e o que contribui para uma política realmente melhor, aquela mesma política que apedrejam, mas da qual não negariam fazer parte.
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Entendo que por não aproximar, por ter tido caminhos tão desastrosos e padecer de desgaste diário no noticiário e nas redes sociais, a política não abre real espaço para aqueles que essencialmente só querem buscar seus direitos, para os cidadãos que poderiam ser estimulados a participar, que não querem se sentir marionetes ou manipulados, que querem dizer o que quiserem, brigar por causas coletivas ou individuais e fazer valer o direito a uma tribuna, de fato, livre. Com essa brecha, portanto, as portas ficam abertas aos que se aproveitam, inclusive, desses que estão distantes para dizer a eles como ‘funciona a política’ e como ‘nem vale a pena participar’. Os oportunistas não percebem que contribuem para empobrecer ainda mais o que dizem criticar, pois incentivam um ciclo de desinformação e interesses que afasta cada vez mais a população, quando justamente a população, sem amarras de partido ou ambições, poderia nos ajudar a pensar a nova política.
Com este retrato, acredito que podemos somar, ouvir os participantes e estimular mais pessoas a fazerem genuinamente sua fala, seu protesto, sua reivindicação sem que elas revelem no fundo dessa prática uma intenção oportunista, que engana tanto quanto os que se dizem enganados.
FAOUAZ TAHA
É vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas últimas eleições municipais de 2016. Tem 29 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes