Vivências de SALVAÇÃO por meu pai

Vivências de salvação por meu pai é o que me vem mais forte no “Dia dos Pais” que se aproxima. Quanto mais amadureço, mais o compreendo e constato sua importância em minha história. Dos gestos de ternura nem é preciso falar. Foram tantos…

De quantas coisas nosso pai me salvou com seus conselhos, suas atitudes, sua forma de viver. E me salva ainda. Era da partilha do que possuía e de si mesmo e isso protege dos desacertos do mundo.

Talvez a lembrança, sobre a qual escrevo, possua porque me contaram, no entanto tenho a impressão de que me recordo da cena. Morávamos em São Paulo e nos dirigíamos à Viação Cometa para vir a Jundiaí. Provavelmente no início de 1958. Nos meus quatro anos, trazia comigo um baldinho de praia com pazinhas que, no percurso, caiu. Abaixei-me para pegar e meus pais, com meu irmão, foram um pouco à frente. Por instantes, um imaginou que eu estivesse de mãos dadas com o outro. Meu pai foi quem primeiro percebeu minha ausência e retornou assustado. Encontrava-me chorando, enquanto recolhia as peças do baldinho. Segundo ele, um homem me observava. Por inúmeras vezes, ele citou o risco de me perder naquele dia.

E foi assim, nos trinta e três anos de convívio, em cuidados para que não me perdesse. Destacava sempre as artimanhas do mundo, mesmo ao me tornar adulta. Caso dissesse não ser mais necessário, retrucava que sentiria falta. Verdade incontestável. Nas quedas e limites, mostrava-me que eram próprios do ser humano. Gostava de cantar, de música, de literatura, de notícias jornalísticas, de gente e de abraçar. Gostava de ser pai e marido. Gostava de ser filho, talvez por isso tenha se casado somente aos 48 anos, após a morte de minha avó. É lógico que, também, os encantos todos de minha mãe o seduziram. Homem vivido e meigo. Partiu com 88. Separavam-nos 55 anos.

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Após 31 anos, continua presença, em minha vida, de saudade e sabedoria. Pai, portanto, para mim, significa ser o resgate dos seus em momentos diversos.

Parabéns aos pais que são redenção para os seus filhos e preces aos que assumiram com dignidade esse papel e, hoje, habitam o Céu. (Foto: pixabay.com)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de