O corte de verbas no SISTEMA S e a imaturidade de parte da oposição

Vejo pessoas ditas preocupadas ou engajadas com as questões sociais, comemorando o corte de verbas do Sistema S (Sesc/Sesi/Senai), por um revanchismo infantilizado com aqueles trabalhadores que apoiaram o presidente eleito na eleição. No que isso o torna melhores que o Bolsonaro eu sinceramente não sei. Para mim, essas são tão sádicas e cruéis quanto ele.

E no fim, sabem  quem vai sentir essa perda de verdade? São as crianças, os idosos, os comerciantes, artistas e a comunidade em geral. Mas quem liga de verdade para essas pessoas?

Uns só querem atender os interesses do mercado financeiro e implantar uma agenda de austeridade econômica que se mostrou equivocada no mundo todo. Basta uma rápida pesquisa sobre os enormes e irreparáveis danos sociais que tais reformas causaram na Europa, e como alguns países, como Portugal por exemplo, têm sido bem sucedidos fazendo exatamente o oposto.

E do outro lado, tão perverso quanto o primeiro, esta a turma do “eles que se ferrem” ou o famoso “quanto pior melhor”, assim, ha aquela egoísta e oportunista esperança de um dia voltar a ser governo, e também ter o privilégio de poder voltar a sentar a mesa dos banqueiros e doleiros, estimular um consumismo irracional, além de criar programas assistencialistas e paliativos para chantagens eleitorais.

Quais deveriam ser os esforços da oposição? Há começar por ser madura e objetivamente tática e propositiva. Buscar todos os meios possíveis de diálogo institucional com o governo do presidente eleito para dissuadi-lo de tal barbaridade, com instituições de ensino e cultura tão importantes do nosso país.

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E isso significará, em primeiro lugar, ter a maturidade de saber dialogar com os seus eleitores. Afinal, eles apoiam o fim de verbas para a educação de jovens e adultos? Apoiam o desemprego em massa dos atuais trabalhadores dessas instituições? Eu penso que não. Eles são os primeiros na linha de frente dessa batalha. E isso é muito mais importante do que apontar dedos e responsabilidade ciclanos e beltranos.


FELIPE PINHEIRO
Historiador, formado pela PUC-Campinas, e membro da executiva estadual do PDT/SP.