Quando era criança, achava que meu sonho era ser pianista, e tinha o sonho de ter sapatos cor-de-rosa. Na vida real tinha um par de sapatos pretos. Cresci e pensava que sonho era fazer uma faculdade. Cresci mais um pouco e acho que sonho é só o sonho de padaria mesmo, de preferência com muito doce de leite. Sonhos recheados!
Sabe aqueles discursos emocionantes para não desistir dos seus sonhos, um homem sem sonhos é um homem morto, acho que são discursos de cerimônia de formatura de faculdade. Outra coisa que assumo que não gosto muito. Cerimônias!. E apesar de ser paga muitas vezes para escrevê-los, não sou chegada em discursos, poucos deles são verdadeiros.
Gosto mesmo da rede estendida no fundo do quintal, o violão ao lado, uma roda de amigos cantando, dançando e espelhando alegria. Gosto de acreditar que não tenho necessidade de planejar ou sonhar o meu futuro pela simples confiança que vai dar tudo certo no final.
Tenho pavor de expectativas, principalmente quando esperam muito de mim.
Gosto de lembrar-me daquele sorriso que meu amado pai tinha quando eu aprendia uma coisa simples, como por exemplo, quando aprendi andar de bicicleta sem as rodinhas. Aquele olhar de: “foi melhor do que eu esperava minha filha!”. Já que ele não esperava nada além da minha felicidade. Gosto de um sorriso sincero, do aperto de mão com força, do abraço protetor.
Quando as pessoas perguntam-me, quem é você? Eu adoro dizer meu nome.
Sabe o que mais me diverte? A expressão delas! Quem é você?
E daí lá vem a próxima: O que você faz? (ou “quanto você ganha”?)
Eu não faço nada de muito interessante, a não ser cozinhar para os meus amigos, ir a feiras de comidas, sentar no chão de barro para chupar acerola e comer tomate cereja, contar piadas sem graça e rir até ficar com dor na barriga.
A minha boca é a porta do meu coração. E por isso quase sempre falo o que sinto.
E sonhar o que? Ué… Não entendo porque passam séculos e séculos e as pessoas e intelectuais insistem em dizer sobre sonhos, sonhos e mais sonhos.
Porque esses tais sonhos deixam as pessoas muito infelizes, de forma que se realiza um sonho, já tem o outro na porta, antes mesmo de saborear a conquista.
Qual o meu sonho? Chocolate com avelã, bem recheado.
Quais os meus objetivos e metas?
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Primeiro vou comer bem devagar esse sonho delicioso. Depois vou tirar o meu sapato, sentar na rede, tomar um pouco de ar fresco, olhar para o céu, jogar um pouco de conversa fora, e nesse meio tempo, os objetivos e metas vão ficando claros.Tudo depende de quem senta na rede comigo, quem trás uma piada engraçada, quem come macarronada e se lambuza.
Porque se sonhos são coisas que podemos comprar ou possuir. Eu odeio este tipo de sonho. Mas, se sonhos são momentos e pessoas. Eu vivo para sonhar. (foto acima: vamoscirandar.wordpress.com)
CIBELE VAZ DE LIMA
É nutricionista, especialista em qualidade e segurança dos alimentos. Atua na indústria alimentícia e como palestrante. Observadora e pesquisadora de comportamento humano na área da alimentação.