REENCONTRARNa semana passada, a série ‘Adotados à Força’ revelou a história de Thalita Pereira de Souza que hoje tem 22 anos e deve morar na Itália. Até a publicação, a mãe biológica dela – Maria Lúcia – não havia dado retorno aos seguidos pedidos de entrevista já que estaria com problemas no trabalho. O texto foi baseado em informações de parentes e amigos de Maria José, tia de Lúcia, e que queria ficar com a garotinha. Após a publicação, a mãe biológica procurou o Jundiaí Agora – JA – para dar sua versão. “Eu já me perguntei várias vezes como seria reencontrar Thalita. Acredito que ela não saiba que é adotada já que foi muito novinha para lá. Acho que ela não se lembra de mim nem da família”, lamenta.

A história de Maria Lúcia é muito parecida com a contada pelos familiares. A única diferença é que ela insiste que não pretendia em nenhum momento dar a guarda permanente de Thalita para a tia. “Eu passava por problemas. Meus pais estavam se separando. Eu realmente me envolvi com drogas. Eu não sabia se ficava com minha mãe em Santo André ou com meu pai, que tinha parentes em Jundiaí. Minhas tias ofereceram ajuda. Eu aceitei que a Maria José tomasse conta da Thalita”, relembra Lúcia.

Hoje casada há 18 anos, mãe de duas meninas e um menino, Lúcia continua morando em Jundiaí. “Procuro entender tudo o que aconteceu. A minha tia se afeiçoou pela Thalita. Ela se apegou à menina. Queria o bem dela. Hoje, mantemos uma boa relação. Ela não imaginava o que iria ocorrer”, comentou Maria Lúcia. Ela se refere ao dia em que Maria José foi até o Fórum e Thalita foi apreendida e, em seguida, levada para a Casa Transitória, no Anhangabaú.

Para a mãe biológica, isto não teria acontecido se Maria José não tivesse ido tanto ao Fórum. “Eu não abri mão da minha filha. Houve ocasiões de eu querer ver a Thalita e minha tia não deixar. Sem dar a guarda dela ocorreu isto, imagina se eu tivesse dado”, afirma.


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As histórias também são parecidas quando a audiência no Fórum de Jundiaí é relembrada. “Fui para a casa de recuperação em Guaratinguetá. Lá, recebi uma intimação do Fórum”, diz. Neste ponto, as versões passam a conflitar. Os conhecidos de Maria José dizem que estaria tudo certo para Lúcia dar a guarda da menina à tia. “Na audiência fui pega de surpresa. Ela estava pedindo a guarda definitiva. Não aceitei. Se fosse a guarda provisória talvez até tivesse aceitado”, comenta Lúcia.

Ela acredita que Maria José passou a procurar o Fórum constantemente porque acreditava que demonstraria ter mais condições de cuidar de Thalita do que a mãe biológica. “Tenho uma parcela de culpa nisto tudo. Errei ao deixar minha filha lá. Acreditei nas boas intenções da minha tia. Se ela não tivesse ido tanto ao Fórum talvez tudo isto não teria ocorrido. Poderíamos ter conversado. Somos tia e sobrinha. Mas ela ficava levando a menina até o Fórum e acabaram mandando-a para a adoção”, pondera.

Maria Lúcia disse que participou duas vezes do Movimento das Mães da Praça do Fórum. Também teve duas audiências no Fórum. Nelas, pediram para que confiassem na Justiça, que os pais adotivos mandariam fotos de Thalita. “Nunca abri mão dela. Mas não adiantou nada. Nem o movimento das mães, nem advogado. Tudo foi inútil. Fizemos o que era possível”, conclui.