Na noite do dia 4 de de dezembro de 1983, um domingo, o Fantástico mexeu com o imaginário de uma geração inteira. Ao exibir pela primeira vez no Brasil o clipe Thriller, de Michael Jackson, o programa ajudou a mudar a história da música pop. O Jundiaí Agora conversou com quatro fãs do cantor e, que por coincidência, assistiram àquela transmissão histórica.

A jornalista Valéria Nani (ao lado) lembra que a Rede Globo anunciou, durante vários dias, a apresentação do clipe no Fantástico de 4 de dezembro de 1983. “Eu me reuni com um grupo de amigas na casa de uma delas para assistir”, conta. Assim que as cenas de ‘terror’ começaram “minhas amigas gritavam de pavor, colocavam almofadas no rosto. Eu me divertia.  Fiquei fascinada pela voz de Vicent Price!”, afirma ela. Valéria diz que – por conta desta entrevista – voltou àquele cenário de três décadas. “Lembro-me perfeitamente de tudo. Fui envolvida pelo clima de plena nostalgia. Michael Jackson é meu ídolo pop. Simplesmente o melhor”.

Depois do lançamento do clipe, comenta a jornalista, as rádios só tocavam Thriller. O mesmo ocorria nos programas dedicadas à apresentação de videoclipes e nas rádios, principalmente as FMs. Foi uma invasão. “De brincadeira, todo mundo tentava dublar o Michael e imitava aqueles passos rápidos e leves. Sem contar a jaqueta laranja que todo mundo queria ter. Virou marca registrada”.

A autônoma Maria Clara Gachet estava na frente da TV, assistindo ao Fantástico, naquela noite histórica de domingo. “Jamais sentiria medo do clipe pelas imagens de monstros. Apaixonada seria a palavra mais adequada para falar o que sinto em relação à música e ao Michael Jackson”, explica.

Apesar de adolescente, Maria Clara acreditava que via, naquele momento, algo histórico e que impactaria a cultura pop para sempre. “Ele(Michael Jackson) sabia o que estava fazendo. Muitos tentam e não conseguem. Ele conseguiu”, comentou. Hoje, ao assistir Thriller, a autônoma afirma que sente saudade do ídolo, “um grande ser humano”. Para ela, “todos os clipes do cantor americano são perfeitos”.

A professora aposentada Márcia Cândido de Abreu (ao lado) estava em casa também, na noite do dia 4 de dezembro de 1983, esperando a apresentação do videoclipe que a Globo anunciara à exaustão durante toda a semana. “Lembro de cada detalhe. Lembro da carinha dele. Minha mãe também amava o Michael. E eu ela curtimos juntos a estreia do clipe no Brasil”, relembra.

Márcia afirma que todos os vídeos do cantor tinham um certo mistério. “Eu gosto de um pouquinho de terror. Não senti medo. Aliás, Michael Jackson contagiava a gente com qualquer clipe que fazia”.

Hoje, a professora sente a mesma emoção ao ouvir ou ver imagens do cantor. “Qualquer música dele mexe muito comigo. Quando toca e estamos em grupo, procuramos repetir a mesma coreografia”. Thriller, para ela, não é o melhor clipe que Michael fez. “Eu gosto mais de Earth Song“, conclui.

A advogada Rose Gouvea (ao lado) afirma que sempre foi apaixonada pelo artista desde o conjunto Jackson 5, quando ele se apresentava com os irmãos. “Quando ele começou a cantar sozinho eu já era pré-adolescente. Ficava atenta a tudo o que ele fazia. E naquela época, o único lugar para se ver clipes era o Fantástico”, recorda.

Assim como Márcia e Maria Clara, Rose também largou tudo, na noite de 4 de dezembro de 1983, para assistir ao clipe. “A molecada estava toda na rua e aí alguém lembrou que o Fantástico iria apresentar a música nova do Michael Jackson. A rua ficou vazia. Todo mundo foi pra casa”, diz.

Rose ficou dividida ao ver o clipe. “Era um misto de medo já que eu não gostava de zumbis e encantamento pela qualidade, história e a coreografia. Quem não dançou Thriller? Eu era apaixonada por Michael Jackson. Acho que este foi o melhor vídeo que ele fez. Michel, o the best, era detalhista e também deixou minha mãe com medo. Até hoje sinto a mesma emoção, mas sem aquela sensação ruim ao ver os zumbis”, brinca.


Curiosidades sobre Thriller

Antes de Thriller, os clipes costumavam custar no máximo US$ 100 mil – isso quando muito bem feitos. Mas Michael chegou aos diretores da gravadora com um orçamento de US$ 900 mil para gravar o curta metragem de 14 minutos. A Sony se assustou e ofereceu no máximo meio milhão para a produção.

No ano passado, em entrevista no Festival de Cinema de Veneza, John Landis, que dirigiu o clipe, disse que “Thriller não foi a boa ideia de ninguém, não foi um brilhante plano empresarial. Foi um vídeo de vaidade porque Michael queria ser um monstro. E tudo que veio evoluiu a partir disto, foi espetacularmente bem sucedido”. “Thriller” rapidamente fez sucesso em todo o planeta. A MTV colocou o clipe no ar no dia 2 de dezembro de 1983. E passou a exibi-lo a cada 40 minutos. Ainda hoje é um fenômeno.

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Ao saber disso, ele ordenou a destruição do filme, mas seu editor e seu diretor deixaram as películas escondidas até que o artista mudou de ideia e fez o lançamento


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