São tristes as vivências de usuários de crack, independentemente da classe social. Tristes e levam ao cativeiro de si mesmo e de sua família.

Conheço algumas pessoas, em situação de pobreza, que se deixaram dominar pelo crack. Uma delas, há alguns anos, me disse que bastou fumar um cachimbo com a pedra para se tornar dependente. Outro, quando o dinheiro se tornou impossibilidade e a dívida “inchou”, conseguiu um último empréstimo para aquisição de chumbinho raticida. Foi-se envolto em amargura e medo.

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Li, da repórter Letícia Mori, da BBC Brasil, uma matéria com as histórias de usuários de crack das classes média e alta, intitulada: “Perdi três carros de luxo para o crack”. Percebe-se, com exceção do valor material que dissipam e das clínicas terapêutica de alto padrão, um ponto em comum: a destruição do autocontrole, por mais que se considerem com poder sobre seus passos. Há os que, em nome da pedra, comercializam o que encontram pela frente, os que furtam, aqueles que têm surtos psicóticos, os que contraem doenças…

Entrevistado, o diretor da Clínica Greenwood, em São Paulo, comenta que os usuários com maior poder aquisitivo buscam o crack não pelo preço, mas sim pelo efeito. Segundo ele, “o crack provoca uma descarga brutal de dopamina (hormônio ligado à sensação de prazer) na área de recompensa do cérebro”.

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Para o pesquisador Dartiu Xavier, especialista no assunto, não basta tratar apenas o vício, mas o motivo que levou a pessoa àquela situação.

Penso que está mais do que na hora da sociedade atual, submersa nos pântanos da busca desenfreada do prazer, do lucro, do ter, do consumismo, das relações passageiras, com muito de pele e pouco de coração, refletir com maior profundidade sobre os vazios que cava no ser humano desde a infância. São esses vazios que as drogas assumem. A prova está no aumento de dependentes químicos, apesar da conscientização. (foto: Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images)


CRIS CASTILHO 3MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social. Acesse o Facebook de Cristina Castilho.