É preciso engajar e envolver contra a VELHA política

Não é de hoje que sabemos da descrença de muitos em relação à política. Também não é a primeira vez que escrevo em minhas colunas sobre este cenário, decorrente da ineficiência dos serviços, dos escândalos de corrupção e da paralisação de tudo diante destes destaques. Nesta semana, faço questão de retomar o assunto porque me parece, ao fazer parte da política, que são poucos aqueles de fato conscientes neste ambiente sobre as mudanças que devemos propor e o quanto devemos nos permitir ser diferentes para diminuir o quadro de desânimo, descrédito e intolerância que nada contribui ao País. No Legislativo, onde ocupo cadeira com orgulho e responsabilidade, acredito que para fazermos nossa parte, mais do que representar, é preciso engajar e envolver. Porém, muitas vezes, minha busca parece vaga ao ainda esbarrar nos vícios de uma velha política.
Por esses pilares que citei, sempre priorizei em meu trabalho o diálogo; discutir com a população; chamar as pessoas, para que, junto comigo e por suas causas próximas, provássemos que a política não precisa estar distante, em uma redoma. A política se faz com construção. Porém, há antigas amarras que parecem ainda conduzir esta construção de uma forma em que a boa vontade, a qualidade de projetos e o apoio popular, muitas vezes, fiquem à deriva. É uma ironia, pois justamente estes três fatores nos permitem a diferença, a boa política e, assim então, responder aos anseios da sociedade.

‘Morrer na praia e estar à deriva’ foi a sensação que vivi ao ver meu projeto de lei, aprovado com ampla maioria em abril deste ano, legal e constitucional, que tratava do acesso de crianças a alimentos ultraprocessados, receber veto do Executivo e ter o mesmo veto mantido em sessão da semana passada, por quem curiosamente fez elogios ao projeto à época da votação. Foi a primeira vez que um projeto legal e constitucional teve o veto mantido. Aqui, não quero ser indelicado com os colegas que tentaram a derrubada do veto e estão comigo na tentativa de conduzir a política com mãos limpas e boas ideias, aos quais agradeço o apoio de sempre. Eu me refiro a um contexto que poderia fazer de Jundiaí uma cidade pioneira neste tipo de legislação, que trata de um tema tão contemporâneo, e não o fez. Por um momento, eu me questiono, então, como agir? Como agir diante de tantos que não querem ser a diferença, mas usam discursos prontos para desgastar os que tentam?

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Passado o calor da decepção, de ver um projeto discutido amplamente com a sociedade; com todos aqueles que seriam afetados; apoiado por entidades renomadas, como Procon Jundiaí, IDEC e Instituto Alana, ser rejeitado desta maneira, sinto que preciso continuar. Nós precisamos continuar. Promover os debates, chamar para participação e lutar, a cada dia, é mais vitorioso do que apenas cumprir protocolo, somar número a tantas leis ineficazes. Ouvir a população com respeito, humildade e perseverança é o que me faz continuar, não somente pela luta da boa alimentação, mas da saúde pública, da educação, do acesso ao esporte e de tantos outros embates que certamente virão.

Cabe a todos nós tentarmos e não desistirmos, pelos exemplos que já tivemos no passado e que nos mostram o quanto é difícil mudar referências. Tenho certeza que, juntos, conseguiremos. As boas ideias e projetos pioneiros podem sofrer hoje resistência. Mas são exatamente essas barreiras que precisamos enfrentar e vencer em nome de uma sociedade onde os problemas contemporâneos sejam respondidos com leis do mesmo teor. Representar, hoje, é saber escutar, respeitar e agir. (Foto: Remi Walle)


FAOUAZ TAHA

É vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas últimas eleições municipais de 2016. Tem 29 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes