Vivências com BULLYING

As vivências com bullying são dolorosas para as vítimas e, sem dúvida, deformam o caráter de quem o pratica com intenção de ferir. Coloquei no meu Facebook a angustiante notícia do suicídio, após sofrer bullying na internet, da garota australiana Dolly (acima), com 14 anos, no início de janeiro. Era ela ícone de uma famosa marca de chapéu, Akubra.

Quero destacar dois comentários após minha postagem, o do músico Matheus Fachini e o da publicitária Fernanda Dias. Fachini escreve: “É preciso voltar a criar pessoas com personalidade própria, que não ligam para o que os outros dizem. Mais bullying que sofri no SESI e hoje sou amigo dos trolls que enchiam. E acredite, ninguém se matou”. Fernanda reflete sobre não ser um fato isolado e a tristeza da situação. Diz ela: “É claro que o bullying é inaceitável e deve ser combatido, mas será que não estamos criando pessoas frágeis demais? Colocando os filhos numa redoma e, ao achar que os estamos protegendo do mundo, estamos na verdade impedindo que eles se fortaleçam? Pior que numa redoma, parece que as pessoas de hoje estão numa vitrine, se alimentando da aprovação alheia, dos likes em redes sociais. (…) Outro dia, conversando com uma sobrinha em torno dos 20 anos, ela comentou que ‘entre os universitários da geração dela, o índice de suicídio é alto porque eles sofrem muita pressão’. Já eu acho o que o índice de suicídio é alto porque temos uma geração absolutamente despreparada para ouvir não, para se frustar, para errar, cair e levantar. (…) Normalmente, é claro que devemos combater o bullying, mas até chegarmos a esse ponto utópico, o melhor que temos a fazer é tentar criar crianças mais fortes, com um pouco mais de anticorpos emocionais”.

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Essencial a reflexão sobre os comentários de Matheus e Fernanda. Li e reli e faço questão de partilhar com meus leitores. Bem isso: criar pessoas com personalidade própria, fora de redomas e vitrinas, fortalecidas para cair e se levantar e com “um pouco mais de anticorpos emocionais”. (foto acima: www.impala.pt)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social. Acesse o Facebook de Cristina Castilho.