Vivências de amor que encanta transbordam beleza. São dois: ele no início da adolescência e o irmão de quase 16 anos. O que veio primeiro possui Síndrome de West, uma condição epiléptica severa, manifestada no sexto mês de vida. O pai se apartou. O rapazinho segue com a mãe em todos os lugares. Nas casas onde faz faxina ou passa roupa, somente vai se puder levar o filho junto. A mãe me parece uma fada encantada. Os olhos com brilho e asas que cobrem os seus rebentos. Sensível com as dores dos outros.
Realmente, há pessoas com asas. São aquelas que cuidam de verdade dos seus e dos demais e não fazem disso um peso para os ombros. Enxergam-se em missão ensolarada porque carregam um coração que bate com ternura. São aves nobres que entendem do azul do Céu.
Os limites do primeiro filho não a intimidam na lida do dia a dia. Não perde as consultas médicas e o tratamento especializado. Não perde o rumo e os compromissos. Chega ao ponto bem antes que o ônibus. E com o sorriso estampado a todas as horas. Atitude de gente notável.
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E o mais novo também se exercita em atitudes nobres. Já ouvi diversas histórias de adolescentes que se envergonham de familiares com limites. Procuram dizer que não os conhecem. Com ele é o contrário: ao ver o irmão, em espaço de que participa no contraturno escolar, vem de imediato, ao encontro dele e os seus olhos protegem e seus braços, menores que os dos dele, abraçam e afagam. Que lindo!
É mãe que acende a chama da alma dos filhos e a resguarda das intempéries do mundo. Que grandeza de mãe! E eu vou alinhavando essas histórias todas dentro de mim para, quando alguns acontecimentos me anoitecem, prender-me a um raio de claridade.
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social. Acesse o Facebook de Cristina Castilho.
