1964 jamais se repetirá, acredita coronel que comandou 12º GAC

Cláudio Benevides comandou o 12º Grupo de Artilharia de Campanha, o 12º GAC, em Jundiaí, na década de 1990. O mesmo quartel que no último domingo viu uma multidão pedir intervenção militar já. Para Benevides, o dia 31 de março de 1964 jamais se repetirá na história do Brasil. “É preciso entender aquele momento histórico. O comunismo avançava pelo mundo. Havia uma ameaça externa para o país. Por este motivo houve a intervenção militar. Hoje, o problema é interno. Sem contar que o atual espírito da tropa nada tem a ver com a tomada do poder”, afirmou.

Aos 78 anos, com 40 anos de vida na caserna, vindo de uma família de militares, Benevides acompanhou todo o processo político brasileiro desde a conturbada década de 1950, com o suicídio do então presidente Getúlio Vargas. Porém, nunca testemunhou no seu tempo na ativa uma manifestação no portão de um quartel pedindo a volta dos militares. “Qual a motivação disto? Quem são essas pessoas que foram até o 12º GAC num domingo, dia dedicado à família. Eu acredito que isto tenha a ver com as eleições de outubro”, disse.

Leis de Gerson e Murici – Os problemas do Brasil, para o coronel da reserva, passam também pelo consumismo. “Antigamente, as pessoas pensavam mais no lado espiritual. Hoje são mais materialistas. Prevalecem sempre a Lei de Gerson, quando o sujeito quer tirar vantagem de tudo, ou a Lei de Murici: cada um cuide de si”, afirmou.

Sobre supostos militares de alta patente usando as redes sociais para se pronunciarem contra o Governo, Benevides – que apóia a operação Lava Jato – vê com desconfiança. “A mentira está campeando o ambiente virtual. E a mentira é uma arma. Militares da ativa não podem se pronunciar desta forma. Então não é possível dizer com certeza que aquela pessoa é realmente quem diz ser. Agora está circulando um post dizendo que uma tropa do Amazonas está indo para o Rio Grande do Sul.Quem foi militar sabe que isto é uma grande bobagem. Uma tropa do Norte não está preparada para o frio do Sul do Brasil. Isto é uma coisa que faz rir quem conhece a vida militar”, concluiu.