2019

A Nova República, iniciada com o fim do período militar, em pouco mais de um mês, no dia 1º de janeiro de 2019, dará uma guinada à direita. As causas desta mudança de rumo têm sido amplamente discutidas: a revolta com a velhacaria petista e a corrupção dos poderosos que se consideravam acima da lei, a crise econômica, o ativismo conservador do eleitorado, as novas técnicas de comunicação via redes sociais – enfim, a lista é longa, até porque não se trata de um fenômeno exclusivamente brasileiro.

Mas o que vai acontecer a partir de janeiro, com a posse do presidente Jair Bolsonaro?

Temos uma gama de problemas urgentes a serem resolvidos: o insustentável rombo nas contas do Tesouro Nacional e o consequente sucateamento dos serviços públicos, a questão da segurança – com importantes áreas do território nacional sob o poder das facções –, a divisão causada pela disputa dos dois extremos do espectro político na sociedade brasileira, – como se vê é uma lista longa, embora, é preciso dizer, tenhamos até agora evitado o pior quando consideramos a beira do abismo na qual o País oscilou no final do governo Dilma.

Obviamente, ainda não dá para se ter uma ideia mais clara sobre como o presidente eleito irá enfrentar todos esses problemas. Mas, em pelo menos duas áreas da maior importância, já é possível saber, em linhas gerais, como atuará o novo governo: a economia estará sob o comando de ideias e conceitos neoliberais, o que significa, em princípio, a predominância do mercado como agente do desenvolvimento, privatizações, desburocratização e maior racionalidade nos impostos. Com isso, poderemos atrair mais investimentos do capital nacional e internacional na infraestrutura e na economia brasileira, gerando empregos e melhores salários.

E, por outro lado, com a nomeação de Sérgio Moro para a Justiça, teremos a continuidade do processo de diminuição da impunidade dos poderosos, e, o que é novo, um enfrentamento decisivo do poder das facções, provavelmente a tarefa mais difícil do novo governo, que não poderá ser executada sem algum tipo de legislação especial, capaz de dar conta da dura realidade, evitando-se com isso o prosseguimento de ações inócuas, que se limitam a enxugar o gelo.

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Antes de sermos de um partido ou de um lado, somos brasileiros e não podemos perder a esperança de ver o nosso País dar o salto que nos leve a trilhar o mesmo caminho das nações avançadas.

O que nos cabe é apoiar acertos e criticar construtivamente o que a nós parecer errado. De forma livre, sem ódios nem ressentimentos. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)


MIGUEL HADDAD

É deputado federal pelo PSDB de Jundiaí