Vossa excelência, o AUTOMÓVEL

automóvel

Quase 60 milhões. Esse é o número de veículos em circulação no país, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito, órgão vinculado ao Ministério dos Transportes. E uma parte desta frota está circulando pelas ruas de nossa cidade, muitas vezes de forma desordenada, principalmente nos horários de pico. Hoje o automóvel tomou conta dos espaços viários, sobrando para o pedestre pouco ou quase nenhum espaço de circulação. E em Jundiaí os motoristas têm um péssimo hábito: ignorar solenemente a preferência para o pedestre que quer passar na faixa de segurança. Mesmo embaixo de chuva torrencial o coitado do pedestre fica esperando, esperado, esperando até que alguma alma gentil pare seu automóvel e dê passagem.

A Associação Nacional dos Detrans calcula que no Brasil temos uma proporção de um carro para cada quatro habitantes. Na década passada, falava-se em um carro para sete pessoas. Um salto e tanto.

E por que estou falando tudo isso? Exatamente para confirmar que o automóvel está ocupando cada vez mais espaço nas ruas e avenidas das grandes cidades. E o pedestre que lute para atravessar a rua. Eu conheço bem esse assunto, já que costumo andar muito a pé. Por que vou pegar o carro se o supermercado é na rua de cima, se a farmácia está no outro quarteirão, se a lojinha de bugigangas está a poucos passos de casa. Entretanto, exatamente por se tratar de uma região bem comercial, meu bairro recebe um trânsito monstruoso e aí quem sofre é o pedestre, com certeza.

Infelizmente, em Jundiaí a vez sempre é de vossa excelência, o automóvel. Tenta atravessar na faixa em horário de pico para ver o que acontece! O pedestre vai ficar esperando, esperando, esperando. Mas essa não é a regra em muitas outras cidades, onde é só o pedestre colocar a ponta do pé na faixa para o trânsito parar na hora. Aqui, caso o motorista pare para a passagem de um idoso ou de uma mãe com seu filho, já recebe uma buzinada do carro que vem logo atrás. Isso também já aconteceu muito comigo.

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Quem sabe não seria boa ideia uma campanha de conscientização por parte da Prefeitura, para fortalecer o respeito aos pedestres. Pode parecer óbvio, mas pra muita gente o pedestre só serve para atrapalhar o fluxo de veículos.  Entretanto, o artigo 214 do Código Nacional de Trânsito diz que deixar de dar preferência de passagem a pedestre que se encontra na faixa a ele destinado é infração gravíssima. Por isso, o motorista deve pensar melhor se resolver deixar o pedestre esperando, esperando, esperando diante da faixa de segurança.(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

VÂNIA ROSÃO

Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.

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