A traição do PETER PAN tupiniquim

Novamente o Peter Pan tupiniquim volta à cena e, novamente, com mais um fato de total desserviço à sociedade: a traição que fez, para a namorada grávida, que ele divulgou pelas redes sociais no dia dos namorados. Quando pensamos que já vimos tudo, podemos nos surpreender, em especial em se falando do nosso Peter Pan, o garoto que nunca cresceu.

Entretanto, o surpreendente neste fato, vai além do que podemos imaginar, uma vez que ele é tido como uma pessoa pública e tem milhares ou bilhares de seguidores, de modo a agir como um influenciador digital. Então, sua postagem gerou uma reação inusitada e gigantesca. Seus fãs e seguidores se expuseram e avaliaram o eloquente e oportuno comentário do atleta.

E as avaliações são as mais absurdas possíveis, sem noção e sem senso de responsabilidade. Não se pode falar, aqui, de empatia ou respeito ao próximo, pois isso não existiu e, observando os apoios recebidos dos fãs, não se pode esperar absolutamente nada. Exatamente nada. Tão pouco nada…é abaixo da vida social decente.

A leitura possível de ser feita nos remete a perceber que respeito humano é  algo em total extinção, não se observam regras de relações interpessoais nem de fidelidade e, acima de tudo, mostra que ídolo pode fazer, dizer, agir como bem entender, que sempre terá quem “babe seus ovos”. As palavras de apoio, as colocações e os comentários dos seguidores beiram ao extremo fundo de poço, sem pensarmos numa sociedade de pessoas civilizadas e decentes, e para tanto não precisamos de um código de ética. Basta ser sensato.

E quais seriam estes comentários? Onde eles são enviesados? Por que geram olhares distantes? Porque existem alguns princípios que estão estabelecidos e ferem o grupo de humanos civilizados quando são violados, em especial numa perspectiva de traição conjugal exposta na mídia fugaz, expondo três pessoas (componentes da cena: ele, a namorada grávida e a outra) numa tacada só.

Quando pensamos que já vimos tudo, podemos nos surpreender, em especial em se falando do nosso Peter Pan, o garoto que nunca cresceu, com mais um de seus atos não civilizatórios e inadequados, que se lança no ciberespaço esperando aplausos e reverências como as que recebeu aos montes. Seus seguidores conseguiram superar a notícia da traição, com seus aplausos e acolhimentos.

Respostas como: “isso ai, meu rei…nóis faz e nóis num esconde. Nóis é truta” ou, ainda “ poxaman, você é f_d_ que daora(smj)”. Ou quem sabe esta: “importante é que você contou. Vlw”. Existem mais pérolas, no mesmo nível, visto o fato de que são centenas ou milhares delas: “acontece mlq, bola pra frente”; “o que interessa é que você contou”; “papel de macho, fez e assumiu que fez, parabéns moleque…”. ao menos 90% seguem este padrão de validação e estímulo ao reizinho traidor.

Por que isso é degradante? Primeiro porque infidelidade é sempre uma coisa pesada e imoral, não depende de nada. É e basta. A traição é um ato de baixo nível e fere a pessoa enganada moralmente, de modo a não possibilitar defesa, por ser escondida e sorrateira. Contar depois teria lá seu valor se houvesse sinais de reconhecimento do erro e de correção de rota, o que não é o caso, aqui. Neste caso, além da exposição e da humilhação pública da namorada, criou um cem número de aplausos e fortalecimento do comportamento desviante.

Claro está que não vivemos num convento carmelita, nem numa instituição moralista e nem estamos na idade das pedras, porém traição é traição, coisa baixa, vil, nojenta, em qualquer que seja o contexto. Neste aspecto vale lembrar que o certo é certo e o errado é errado, ainda que todos o façam. Entretanto, nossos jovens estão a busca de líderes e de estampa para suas cópias: encontraram o Peter Pan tupiniquim e acreditam nos valores (quais????) propagados por ele.

Esta identificação é suficiente para que possamos pensar naquilo que virá pela frente, diante de uma juventude que não consegue mapear atitudes corretas e adequadas diante daquelas que fogem do bom senso e da possibilidade de machucar os outros. Realmente foi uma expressão absoluta de machismo e de uma tentativa de expressar seus pedidos de perdão público, na mais inocente possibilidade de se mostrar bom menino e buscar mostrar suas qualidades morais. Ainda que o tiro saísse ao contrário, para quem entende o mapa das habilidades sociais e do trato humano, quando se fala em traição e fidelidade.

Parece que traição é algo adequado e bem-vindo ao mundo dos machos. E, para piorar, até Deus foi envolvido na história de traição: “…grande é o homem que admite seus erros e pede perdão! Deus sempre nos dá uma nova oportunidade quando confessamos diante dele os nossos erros e pecados, Você é de Deus, irmão, e sabe do seu propósito aqui na terra por isso peça a Deus para te tirar dos dilúvios da vida…” ou a extensão do amor: “ todo mundo erra, eu já errei várias vezes…eu vacilei mas eu te amo”. Não sei se classifico de minimalismo ou “nonsense” total.

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E, no meio destas pérolas, surge aquela fala que vemos nas bocas dos que não usam muito as faculdades mentais não tão aprimoradas e lançam aos ventos, com categoria: “te amo irmão! Amo sua família. Você é abençoado”. E a vida segue, como se trair fosse igual beber água, enquanto que trair é falsear, trair é errado, é uma fraqueza de caráter, em especial quando é um ato recorrente que se repete de quando em quando, criteriosamente.

Poxa Neymar, até quando? Quando pensamos que já vimos tudo, podemos nos surpreender, em especial em se falando do nosso Peter Pan, o garoto que nunca cresceu nem quer crescer. Característica do garoto mimado que tem que vencer acima de qualquer custo, doa a quem doer, desde que não seja ele. Poxa, Peter Pan, até quando?

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do Lepespe, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da Unesp. Mestre e Doutor pela Unicamp, livre docente em Psicologia do Esporte, pela Unesp, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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