CALOR

calor

A ignorância costuma fazer troça do aquecimento global. Não é incomum, nos dias frios, os imbecis dizerem: “Olha que lorota! Em vez de aquecimento vem esfriamento!”. Prova cabal de que não sabem o que é mudança climática. Neste ano, o “El Niño” trouxe um calor insuportável. E isso representa piora de vida para todos. Principalmente para os mais vulneráveis.

O Brasil está nos trópicos e a maior parte do território já é bem aquecida. Com o “El Niño”, esse acréscimo de temperatura representará algo como de 4 a 5 graus centígrados a mais. O que significa? Mais perda na produtividade, prejuízo para a agricultura, maior incidência de doenças cardiorrespiratórias e até aumento do número de tentativas e de suicídios bem sucedidos.

O assunto não é do governo federal. Este, com seus 37 ministérios, a luta insana pelo preenchimento de cargos de terceiro, quarto ou quinto escalão, a situação de refém de um Parlamento famélico e insaciável, não deixa espaço para cuidar de assuntos sérios. Quem tem de assumir os riscos e também ser mais ousada é a cidadania.

As pessoas moram na cidade. Estão mais próximas às câmaras municipais e aos prefeitos. Podem e devem exigir que se intensifiquem as políticas básicas de habitação, drenagem, saneamento, abastecimento de água, recuperação de nascentes sepultadas para o asfalto, proteção das margens de rios, arborização e expansão de áreas verdes. Mais ainda, cuidar de que o transporte público seja movido por combustíveis verdes, climatizar todos os prédios públicos, as escolas, os hospitais e as penitenciárias.

Assunto relevante e negligenciado é a produção absurda de resíduos sólidos, com o descarte de tudo o que poderia ser reciclado e gerar renda e cuja acumulação ecologicamente incorreta causa mais perigo para todos os viventes.

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Não se esquecer também que mais calor significa mais necessidade de ambientes saudáveis, que só as árvores podem propiciar nas vias públicas. O Brasil tem deficiência de mais de um bilhão de árvores. As cidades deveriam ser as campeãs no replantio, para propiciar vida melhor para os cidadãos. Mais calor vai trazer muito desconforto, muito mal-estar, muita doença que poderia ser evitada. O cidadão tem de estar atento para cobrar responsabilidade de seu Prefeito e seus vereadores. É obrigação deles, como mandatários. O mandante é o eleitor.(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

JOSÉ RENATO NALINI

Desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras.

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