CERTIDÃOA retirada de Lucas Olímpio Pereira da família, em 1993, ainda está envolta em mistérios. Os parentes brasileiros não sabem como tudo ocorreu. As dúvidas jamais serão solucionadas já que as pessoas que poderiam contar a história toda estão mortas. Mas a tia e madrinha de Lucas, Luzia Pereira de Queiroz,  confirma que o irmão dela, Jaime Olímpio Pereira e Sandra Andreia Dias eram realmente usuários de drogas. Contudo, ao contrário do que Lucas relatou na reportagem publicada no último dia 22, a mãe nunca foi presa e muito menos deu à luz em uma cadeia. “Os pais dele o amavam muito”, disse Luzia. Assim como Sandra, Jaime morreu por causa do vício. Mas sabia que um dia o filho voltaria para o Brasil. “Tanto que deixou a certidão de nascimento comigo. Ele queria que eu a entregasse para o Lucas quando ele regressasse”, contou Luzia. Do início da década de 1990 até 2015, o documento ficou guardado numa gaveta até que o brasileiro adotado por um casal de italianos reencontrou Jundiaí. A certidão foi entregue a Lucas que a levou para a Europa. Na foto acima, Jaime está usando camisa branca. Sandra, de blusa marrom, segura o bebê.

Jaime, apesar das drogas, estava certo. O filho desembarcou em São Paulo e conheceu toda a família, em Jundiaí. Adorou o Brasil e retornou para a Itália. Na bagagem, além da certidão de nascimento, ele levou algumas fotos. Entre elas a do batizado(na foto acima, Luzia é a primeira da esquerda). “Eu já sabia que era amado pelos meus pais biológicos. Sei que eles me amaram apesar dos problemas que tinha. Não foram fortes para resistir ao vício. Mas isto não faz deles pessoas ruins. Eu só não tinha entendido bem a história do meu irmão”, afirmou Lucas (foto abaixo).

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Luzia diz que Jaime tinha 42 anos quando Lucas nasceu. A mãe, Sandra, era 22 anos mais nova. Eles não eram casados. “Meu irmão era aposentado por invalidez. Ele estudou no Senai e trabalhou na Krupp e na Dodge”, conta a madrinha de Lucas que não sabe a história de Sandra e nem tem contato com a família dela, que seria de Taubaté.

Luzia afirma ainda que aproximadamente dois anos após a apreensão dele, o outro menino foi retirado da família. “Não sabemos para onde ele foi levado. O bebê nem chegou a ser registrado. O levaram do hospital. Nunca tivemos notícias dele”, explicou Luzia.

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Até 2015, Lucas era apenas uma história sem final feliz para a família brasileira. Em dezembro daquele ano ele se reencontrou com os parentes. “Ele tem o jeito do pai. Todas as características. É parecido demais”, afirmou a madrinha. Assim como Lucas, a família de Jundiaí se questiona sobre o destino do segundo filho de Jaime e Sandra. Lucas gostaria de conhecer o irmão que também deve ter sido adotado por um casal estrangeiro. Para a irmã de Jaime, Luzia, seria o reencontro de toda a família duas décadas depois e um ponto final para uma história de separações e tristezas.


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