PERFEIÇÃO É UTOPIA

perfeição

A sociedade competitiva que se instaurou na modernidade impõe o comando do perfeccionismo. Todos têm de ser “os melhores”. Estabelecem-se rankings, cobra-se performance, critica-se o insucesso. O resultado é uma geração ansiosa, angustiada, deprimida e suicida. O fenômeno é examinado pelo psicólogo Thomas Curran, da London School of Economics, em seu livro A Armadilha da Perfeição.

Os pais, querendo acertar, muitas vezes erram. Exigem dos filhos que sejam perfeitos, às vezes até com a melhor inspiração, baseados no “sede perfeitos, como Meu Pai é Perfeito”. Aprendemos que Deus “é um espírito perfeitíssimo, eterno criador do céu e da terra”. E persistimos no pecado de Adão e Eva: queremos igualar a divindade.

A cobrança está na escola, pois o que interessa é ser “o primeiro da classe”. A vida mostra que o primeiro da classe nem sempre é o primeiro na vida. Na escala do que realmente vale a pena: ser feliz. Muita exigência gera baixa autoestima. Como diz Curran, “a vida se torna um tribunal infinito para nossos defeitos”. Há três espécies de perfeccionismo: orientado para si mesmo, com padrões pessoais excessivamente elevados, orientado aos outros, com as comparações que sempre frustram e o prescrito socialmente. Estar de bem com o “politicamente correto”, com o padrão de beleza, com a moda do momento imposta pelo mercado.

A catástrofe se torna maior com a utilização das redes sociais que ridicularizam aquilo que consideram fora do padrão. O bizarro, o exótico, o diferente, é tido como suscetível de zombaria e escárnio. Não é fácil admitir que o fracasso faz parte da vida. Viver é uma batalha permanente. Nem sempre somos vencedores. Mentira que a perfeição é o caminho do sucesso. De que adianta “chegar lá” e ser infeliz?

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Reconheçamos nossos limites, nossa fragilidade e nossa finitude. Não queiramos ser sempre os campeões. Admitamos nossas falhas. Não precisamos nos amparar nelas para não procurar o aprimoramento. Mas a existência é uma sucessão de fatos, alguns poucos dos quais sob nosso controle. A imensa maioria deles, ocorre independentemente de nossa vontade. Saber disso torna a vida mais digerível. Menos cobrança, menos busca da perfeição, mais satisfação consigo mesmo e menos expectativas em relação aos demais.(Foto: Monstera Production/Pexels)

JOSÉ RENATO NALINI

Desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras.

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